De importador a exportador de maçã: entenda o sucesso no fruta no Brasil

De importador a exportador, o país hoje produz mais de 1 milhão de toneladas da fruta, gera 200 mil empregos e movimenta R$ 6 bilhões na economia; Epagri celebra 50 anos de pesquisa no Brasil

O Brasil comemora um feito histórico: em meio século, deixou de importar maçãs da Argentina para se tornar exportador e referência mundial na produção da fruta. O motor dessa transformação foi a pesquisa agropecuária conduzida pela Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), que em 2025 completa 50 anos de atuação.

Até os anos 1980, as maçãs consumidas no país vinham quase todas do exterior. A virada aconteceu com a criação do Projeto de Fruticultura de Clima Temperado, em Santa Catarina, e o início das pesquisas que adaptaram variedades estrangeiras às condições brasileiras. O trabalho resultou na consolidação das cultivares Gala e Fuji, hoje responsáveis por praticamente toda a produção nacional.

variedades da fruta maca expostas - santa catarina
Foto: Ricardo Trida / Secom SC

O impacto é expressivo. Segundo dados da FAO, o Brasil figura entre os 12 maiores produtores de maçã do mundo, com 1,2% da produção global. Só Santa Catarina responde por 51% do total, seguida pelo Rio Grande do Sul, com 46%. Em 2023, as exportações catarinenses movimentaram US$ 24 milhões, principalmente para América Latina e Oriente Médio.

Além do peso econômico, a fruta se tornou fonte de milhares de empregos. Estima-se que a cadeia produtiva gere cerca de 200 mil postos de trabalho diretos e indiretos, sendo metade em Santa Catarina. Cidades como Fraiburgo e São Joaquim cresceram ao redor dos pomares e hoje são símbolos do desenvolvimento rural.

O pesquisador Marcus Vinicius Kvitschal, da Epagri em Caçador, lembra que o salto só foi possível graças a tecnologias pioneiras, como o manejo genético e a indução de brotação para compensar a falta de frio em território brasileiro. “Sem essas soluções, seria impossível produzir mais de um milhão de toneladas de maçã por ano em um país tropical”, destaca.

Para o futuro, o desafio é diversificar a produção além de Gala e Fuji, hoje dominantes, e garantir adaptação frente às mudanças climáticas e às demandas de mercado. Segundo o pesquisador, novos cultivares já estão em desenvolvimento e podem reduzir riscos e ampliar a competitividade da fruta brasileira no exterior.

propriedade de Valdir Marafigo com esposa - produtor de maca em santa catarina
Foto: Ricardo Trida / Secom SC

Assim, a maçã, que por décadas foi símbolo de importação, hoje representa tecnologia, geração de renda e protagonismo no agronegócio nacional.

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