Deputados lutam pela permanência da capivara Filó em seu habitat natural

Deputados ligados aos direitos dos animais no Brasil estão lutando para que Agenor possa continuar sua “amizade” com a capivara Filó

O tiktoker e estudante de agronomia Agenor Tupinambá, de 23 anos, que mostrava a rotina ao lado da capivara “Filó” nas redes sociais, foi multado pelo Ibama em mais de R$ 17 mil, na última terça-feira (18). Segundo o Ibama ele foi denunciado por suspeita de abuso, maus-tratos e exploração animal. Ele também foi notificado a retirar todas as publicações feitas com os animais de seus perfis em plataformas digitais.

“Eu cresci no meio do mato e lá nasceu a minha paixão pelos animais. Eu só saio de lá para estudar agronomia na capital, curso que escolhi para poder servi-los ainda mais. De todas as surpresas que a fama na internet me trouxe, eu jamais imaginei que seria acusado de abuso, maus-tratos e exploração contra animais. Também fui acusado de matar um animal do qual todos são testemunhas que só dediquei amor e fiz tudo que podia para preservar sua vida”, lamentou ele em suas redes sociais.

Agenor Tupinambá é multado pelo Ibama e pode perder Filó, um filhote de capivara
Foto: Arquivo pessoal

Muito famoso na internet, Agenor recebeu milhares de incentivos nas redes sociais. O que gerou a atenção de políticos, em especial a deputada estadual pelo Amazonas Joana Darc e o deputado federal por São Paulo, Felipe Becari , ambos ligados à causa de proteção animal.

“Ele está sendo perseguido como se fosse um criminoso, sendo que todo mundo sabe que aqui no Amazonas os animais convivem com as pessoas, principalmente no interior. A capivara Filó vive livre no habitat dela, que é o mesmo “habitat” do Agenor.” disse a deputada em suas redes sociais.

Ontem, quinta-feira (20), Felipe Becari, divulgou em suas redes sociais mais uma desdobramento sobre o caso. “VITÓRIA! Da razoabilidade, da coerência, do que é correto! A Filó vive em seu habitat natural e, por isso, não será mais removida e entregue às autoridades! Isso nos deixa extremamente felizes diante do esforço que tivemos. (…) Animal silvestre não é pet, e nunca deverá ser. Nesse caso em específico, o animal vive em seu habitat natural, não foi tirado, nem encarcerado e, embora algumas condutas devam ser ajustadas (como o tipo de conteúdo produzido), ela está lá e assim continuará, pois vive em liberdade. Pode dormir tranquilo, Agenor Tupinambá, a Filó continuará vivendo em seu habitat natural que tanto ama e está adaptada!” – disse o deputado na publicação.

O deputado ainda salientou na publicação que o tráfico de animais silvestres é uma das mais tristes realidades da sociedade atual, representando o 3º maior do mundo, apenas atrás do tráfico de entorpecentes e do tráfico de armas. O caso em tela, extremamente específico, jamais deverá servir de estímulo para alguém “também querer um animal silvestre” – disse ele.

“Ao Agenor meu desejo de paz, de resiliência, de carinho diante do sofrimento e agonia vivida nos últimos dias. Também quero agradecer ao amigo e também Dep. Federal pelo Ceará,Célio Studart, pelo empenho e parceria comigo junto ao Ibama, possibilitando o diálogo sobre a questão. Também agradeço a deputada Joana Darc que foi atuante e dedicada no caso desse início e, por que não dizer, ao próprio Ibama na pessoa de seu presidente, que em tempo, permitiu que pudéssemos discutir sobre as especificidades do caso, trazendo assim uma análise mais justa e corrente.” – finalizou.

Confira a Nota de esclarecimento do Ibama

Durante operação de combate a irregularidades relacionadas ao uso da fauna silvestre realizada em todo o país, o Ibama identificou perfis em redes sociais nos quais está caracterizada exploração indevida de animais.

Uma delas, feita no dia 18 de abril, ganhou repercussão nacional, – o caso do influenciador digital Agenor Tupinambá.

O jovem estudante de agronomia ficou conhecido por publicar vídeos em que interage com animais silvestres da Amazônia como cobras, capivara, preguiça-real, paca, papagaio, entre outros.

Ao analisar o conteúdo das redes sociais do estudante, agentes ambientais do Ibama constataram que os animais eram retirados da vida livre e exibidos em situações incompatíveis com os hábitos das espécies como por exemplo banho com produtos de higiene humana, uso de roupas e ornamentos.

Devido a essas publicações onde Agenor aparece interagindo com animais silvestres, ele foi autuado por quatro motivos:

  • 1 – Morte de uma preguiça-real, situação confirmada por Agenor;
  • 2 – Prática de maus-tratos contra animal silvestre (preguiça real);
  • 3 – Uso de espécimes da fauna silvestre sem a devida permissão de autoridade competente (capivara e papagaio);
  • 4 – Exploração da imagem de animal silvestre mantido em situação de abuso (capivara) e irregularmente em cativeiro.

Ao autuar o jovem por práticas proibidas na legislação ambiental, o Ibama cumpre o papel de resguardar a fauna silvestre brasileira. A divulgação de imagens do uso de animais selvagens como animais domésticos estimula a vontade de as pessoas retirarem esses animais do seu habitat natural e, principalmente, incentiva o tráfico de animais silvestres.

Diante da situação, internautas saíram em defesa do jovem por acreditarem, com base no senso comum, que os animais estariam sendo bem tratados. No entanto, a introdução de hábitos típicos de ambiente doméstico em espécies silvestres inviabiliza capacidade de sobrevivência na natureza.

O Ibama defende, por determinação legal, que animais silvestres sejam mantidos em vida livre, onde prestam serviços ambientais de importância incalculável para a manutenção de um meio ambiente equilibrado.

É bom esclarecer que o jovem foi multado pela morte da preguiça-real que estava em sua posse, fato vastamente divulgado nas redes sociais. Outra notificação do Ibama ao jovem foi o uso de imagens de animais silvestres com monetização pelas redes.

O Ibama não retirou até o momento nenhum animal que está em posse de Agenor Tupinambá. O Ibama irá, primeiramente, realizar uma diligência para averiguar o estado de saúde e condições dos animais. A partir de laudos técnicos dos fiscais, o Ibama tomará as medidas legais cabíveis.

Também é importante deixar claro que por mais que as pessoas acreditem estar tratando bem um animal silvestre, mesmo que ele tenha sido resgatado, está indo de encontro a natureza do animal, que é de conviver com os seus em liberdade.

No caso de resgate de animais silvestres encontrados na natureza machucados ou filhotes, é necessário comunicar a posse para as instituições competentes e, assim, definir com base na lei o destino do animal silvestre.

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