Destruição de demanda arrefecerá preço de óleos vegetais

Com os embarques bloqueados da área do Mar Negro e os estoques apertados, os preços dos óleos devem ficar perto de recordes para os próximos meses.

KUALA LUMPUR (Reuters) – Estoques apertados de óleos vegetais e embarques bloqueados da área do Mar Negro devem manter os preços perto de recordes para os próximos meses, mas a alta na cotação deve conter o consumo global no segundo semestre de 2022, disseram analistas do setor. Os contratos futuros de óleo de palma da Malásia dispararam para uma máxima histórica de 7.268 ringgit (1.736,26 dólares) por tonelada na quarta-feira, enquanto o óleo de soja saltou para seu maior nível em 14 anos.

O óleo de palma subiu mais de 50% este ano e o óleo de soja subiu quase 40%.O clima seco no principal fornecedor de soja da América do Sul, a escassez de mão de obra na Malásia, segundo maior produtor de óleo de palma do mundo, e a invasão da Rússia à Ucrânia, maior exportador de óleo de girassol, combinaram-se para reduzir a oferta de óleo comestível em todo o mundo. O aumento de preços já desacelerou as compras em alguns mercados importantes.

“A demanda tem sido lenta, pois os consumidores só compram o mínimo devido aos preços extremamente altos e à paridade negativa no destino”, disse Rasheed JanMohammed, executivo-chefe do Westbury Group, referindo-se à demanda no Paquistão.

As importações de óleos comestíveis pela Índia, o maior comprador de óleo comestível do mundo, provavelmente cairão para cerca de 13 milhões de toneladas em 2021/22, de 13,49 milhões de toneladas um ano atrás, disse Dorab Mistry, diretor da empresa indiana de bens de consumo Godrej International, em uma conferência do setor, em Kuala Lumpur.

“Muito claramente, a demanda está reagindo… o consumo está diminuindo”, disse Thomas Mielke, chefe da empresa de análise Oil World, com sede em Hamburgo. “Em muitos países como África, Índia e Paquistão, os consumidores não podem pagar esses preços altos.”

A China reduziu sua previsão de importação de óleo comestível este mês para o ano-safra de 2021/22 em meio à disparada dos preços. As importações estão em 8,53 milhões de toneladas, abaixo da previsão de fevereiro de 9,3 milhões de toneladas, disse o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais em seu relatório de safra divulgado na quarta-feira.

MAIS DOR POR VIR

Mas antes que haja uma queda mais ampla na demanda, espera-se que os preços subam ainda mais. Os preços do óleo de palma podem atingir um recorde de 8.100 ringgit (1.9352 dólares) a tonelada nos próximos meses, após uma queda nos estoques globais de óleo comestível e um declínio nos excedentes de exportação, inclusive da guerra na Ucrânia, disse o analista James Fry.

Ele esperava que os preços do óleo de palma bruto entregue localmente na Malásia variassem entre 6.600-8.100 ringgit por tonelada até julho, diminuindo para 6.200-7.000 ringgit no terceiro e quarto trimestres, quando a oferta aumenta e a demanda cai.

Na Indonésia e na Malásia, a produção total de óleo de palma em 2022 deve aumentar apenas cerca de 3 milhões de toneladas em relação ao ano passado, disseram analistas –muito menos do que o necessário para compensar as interrupções no fornecimento na América do Sul e no Mar Negro.

Para a soja, a produção na América do Sul deve diminuir em 21 milhões de toneladas em 2022 em relação ao ano anterior, disse Mielke. Não são apenas os compradores que estão lutando por suprimentos. Os principais exportadores também estão ficando inseguros, pois enfrentam preços domésticos recordes.

A Indonésia expandirá suas vendas domésticas obrigatórias de óleo de palma para 30% das exportações planejadas por empresas, de atuais 20%, a partir de quinta-feira, como parte dos esforços das autoridades para conter os preços do óleo de cozinha, disse o ministro do Comércio, Muhammad Lutfi.

As últimas mudanças de política podem remover cerca de 100.000 toneladas de óleo de palma por mês dos mercados mundiais, de acordo com Anilkumar Bagani, chefe de pesquisa do Sunvin Group, corretor de óleos vegetais com sede em Mumbai.

Enquanto isso, a Malásia espera que seu primeiro novo lote de trabalhadores estrangeiros chegue em maio e junho para suas plantações de palmeiras, disse o ministro das indústrias de plantações na terça-feira –meses depois do plano original de adicionar mais mão de obra no início deste ano.

Fonte: Reuters

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