Do boi de boiada ao melhorador: os 46 quilos que decidem o futuro da sua pecuária

Bioeconomia no campo: a importância de uma visão clara e da escolha de touros melhoradores para potencializar os resultados na pecuária de corte brasileira

Por Alexandre Bispo* – Nos dias atuais, a busca pela maximização de resultados nas fazendas exige mais do que apenas boas práticas de manejo e administração. A implementação de um modelo bioeconômico, que une sustentabilidade e eficiência, tem se mostrado um caminho promissor para alcançar a lucratividade de forma inteligente e duradoura. A chave para isso é ter uma visão clara dos objetivos da propriedade e adotar estratégias que garantam o melhor retorno, como a utilização de touros melhoradores. Isso se traduz em ganhos de produtividade, aumento da rentabilidade e, acima de tudo, na sustentabilidade da atividade.

A bioeconomia no setor agropecuário

A bioeconomia, conceito que envolve a gestão dos recursos biológicos de forma sustentável, não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para as fazendas modernas. No contexto da pecuária, isso implica em buscar o melhor uso dos recursos naturais, biológicos e genéticos para otimizar a produção. E, para que essa estratégia seja bem-sucedida, é imprescindível que os produtores possuam uma visão clara dos objetivos da fazenda.

A produtividade e a rentabilidade de uma fazenda não dependem apenas da quantidade de animais ou da área disponível para pastagem, mas também da genética dos rebanhos e do manejo adotado. O produtor que se propõe a implementar um modelo bioeconômico deve olhar além da produção imediata e pensar em um futuro sustentável, com maior eficiência e menores custos.

A importância dos touros melhoradores

Dentro desse contexto, a escolha dos touros é um dos fatores importantes que influenciam diretamente os resultados de uma fazenda. Optar por touros melhoradores, aqueles com genética superior, é um investimento estratégico. A seleção correta de touros pode ser a diferença entre um rebanho com ganhos produtivos consistentes e um rebanho que sofre com baixo desempenho.

É comum, em algumas propriedades, a utilização de touros sem um critério rigoroso, simplesmente por serem mais baratos ou por estarem disponíveis. Essa prática, no entanto, pode comprometer a longevidade e a lucratividade do negócio. Em contrapartida, ao adotar touros com características genéticas superiores, como maior ganho de peso, maior fertilidade e resistência a doenças, o produtor assegura um aumento significativo na produtividade de seu rebanho e, consequentemente, na rentabilidade.

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Imagem Ilustrativa / CompreRural

A comparação com o boi de boiada

A utilização do chamado “boi de boiada“, que são animais mais comuns e sem grandes características genéticas, representa um caminho menos eficiente e menos rentável. Embora a produção com esse tipo de animal possa gerar resultados imediatos, ela tende a ser insustentável a longo prazo. A falta de aprimoramento genético leva a uma produtividade baixa, com o rebanho apresentando um ganho de peso mais lento, menores taxas de concepção e maior suscetibilidade a doenças.

Por outro lado, os touros melhoradores são mais propensos a transmitir características desejáveis, como um ganho de peso superior, precocidade sexual das fêmeas e maior adaptabilidade ao ambiente. Com o uso de touros de alta qualidade genética, o produtor consegue melhorar a eficiência do rebanho e alcançar resultados mais consistentes e rentáveis.

O potencial do Brasil: Ganho de produtividade com a melhoria genética

O Brasil possui um dos maiores rebanhos de gado de corte do mundo, com mais de 230 milhões de cabeças, mas a produtividade, apesar de ser uma das mais altas entre os países produtores, ainda está aquém do seu potencial. Estima-se que a produtividade das fazendas brasileiras poderia aumentar significativamente com a adoção de touros melhoradores, especialmente se considerarmos as fêmeas em idade de reprodução.

Um estudo realizado com rebanhos comerciais revelou que bezerros gerados por reprodutores de alta qualidade genética (touros P.O.) apresentaram um aumento médio de 46 kg ao desmame em comparação com bezerros provenientes de touros de genealogia desconhecida, conhecidos como “boi de boiada”. Esse ganho de peso reflete diretamente no valor de mercado do bezerro e, consequentemente, na rentabilidade do produtor.

Além disso, ao adotar touros de genética superior, o Brasil pode aumentar ainda mais sua competitividade no mercado internacional, produzindo carne de qualidade superior e atendendo à demanda crescente de países que buscam alimentos de alto padrão.

Conclusão: A necessidade de visão e planejamento

Adotar uma visão clara dos objetivos da fazenda é fundamental para maximizar os resultados de forma sustentável. No contexto do modelo bioeconômico, isso significa tomar decisões estratégicas sobre o manejo, a alimentação e, principalmente, a genética do rebanho. A escolha de touros melhoradores é uma dessas decisões cruciais, que pode transformar o desempenho de uma propriedade, com ganhos em produtividade, rentabilidade e sustentabilidade.

Portanto, ao invés de optar pela fácil solução de utilizar “bois de boiada”, os produtores precisam se engajar na implementação de práticas de melhoramento genético que garantam não apenas um aumento no ganho de peso, mas também no bem-estar do rebanho, na eficiência de manejo e na rentabilidade a longo prazo.

A adoção de tecnologias modernas e a escolha consciente de touros melhoradores são investimentos que, sem dúvida, podem colocar o Brasil em um patamar ainda mais elevado na pecuária mundial, com benefícios para os produtores, a economia e o meio ambiente.

Alexandre Bispo é pecuarista, economista e pós-graduando em Melhoramento Genético – FAZU

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