
Surto detectado em fazenda na Catalunha levou ao abate de 123 animais e acende alerta entre produtores; doença da pele nodosa não oferece risco à saúde humana.
Os agricultores e pecuaristas de toda a Catalunha, na Espanha, estão em alerta máximo após a confirmação do primeiro caso da Doença de Pele Nodosa (DNP) — também conhecida como Lumpy Skin Disease (LSD) — no país. A detecção ocorreu neste fim de semana, em uma fazenda localizada em Girona, na região de Alt Empordà, e representa um marco preocupante na expansão do vírus pelo continente europeu.
A Doença de Pele Nodosa é uma infecção viral altamente contagiosa entre bovinos e búfalos, mas não oferece risco aos seres humanos, nem por contato direto nem pelo consumo de carne ou leite provenientes de animais infectados. Apesar disso, seu avanço preocupa pela alta taxa de disseminação, quedas na produção e impactos econômicos expressivos na pecuária.
Após a confirmação do foco em Girona, as autoridades sanitárias espanholas ordenaram o abate de 123 bovinos na propriedade afetada, como medida imediata de contenção. Além disso, foram implementados controles rigorosos e monitoramento intensivo em mais de 800 fazendas vizinhas, a fim de evitar a propagação do vírus.
Este é o primeiro caso confirmado na Espanha, que surge após uma sequência de surtos registrados na França (67 casos) e na Itália (47 casos), de acordo com dados oficiais. O avanço da doença na Europa Ocidental representa um desafio sanitário e econômico, exigindo vigilância redobrada, rápida notificação e campanhas de vacinação preventiva.
A DNP é causada por um vírus da família Poxviridae, gênero Capripoxvirus, o mesmo grupo dos vírus da varíola ovina e caprina. O agente afeta bovinos domésticos (Bos taurus e Bos indicus) e búfalos aquáticos (Bubalus bubalis), podendo também atingir alguns ruminantes selvagens.
A transmissão ocorre principalmente por insetos hematófagos, como moscas, mosquitos e carrapatos, que atuam como vetores biológicos. Também há possibilidade de contaminação por água, alimentos ou sêmen infectado. O contato direto entre animais desempenha papel secundário, mas pode contribuir para a disseminação em ambientes de alta densidade pecuária.
Os sinais clínicos surgem entre 7 e 19 dias após a infecção, com febre alta e o aparecimento de nódulos firmes, arredondados e dolorosos, medindo de 0,5 a 5 cm, na cabeça, pescoço, úbere, genitália e períneo. Outros sintomas incluem:
- Emagrecimento progressivo;
- Secreção nasal e ocular;
- Feridas na boca e úlceras cutâneas;
- Inchaço dos gânglios linfáticos;
- Redução drástica da produção de leite.
Os nódulos podem evoluir para lesões necróticas chamadas “sit-fasts”, que se destacam da pele e deixam úlceras profundas. A mortalidade é geralmente baixa (1–5%), mas a morbidade pode chegar a 20%, gerando perdas econômicas severas.
Historicamente restrita ao sul e leste da África, a DNP se espalhou nas últimas décadas para o Oriente Médio, Ásia e Europa. Casos recentes em França, Itália e agora Espanha reforçam a necessidade de ações coordenadas para conter a doença no continente.
O vírus pode permanecer ativo por até 35 dias em lesões de pele, 11 dias no leite e 22 dias no sêmen, tornando o controle vetorial e sanitário fundamental. O vento também pode transportar insetos infectados, ampliando a área de risco.
Apesar da gravidade na pecuária, não há evidências da presença do vírus na carne de animais infectados, e a Organização Mundial da Saúde Animal (WOAH) confirma que a doença não é zoonótica.
As principais estratégias para conter a DNP incluem:
- Vacinação em massa, com vacinas de alta qualidade aprovadas pela WOAH;
- Controle rigoroso de movimentação de animais;
- Monitoramento de insetos vetores e uso de inseticidas;
- Biossegurança nas fazendas, com limpeza, quarentena e desinfecção;
- Notificação imediata de casos suspeitos às autoridades sanitárias.
A WOAH reforça que a cooperação internacional e o compartilhamento de informações entre países são essenciais para conter a expansão do vírus.
O surto na Espanha evidencia o avanço da Doença de Pele Nodosa na Europa e o risco crescente para os rebanhos bovinos. Embora não haja perigo para humanos, a doença representa uma grave ameaça para a pecuária, com impactos econômicos e comerciais significativos.
A vigilância sanitária, o controle de vetores e a vacinação rápida são fundamentais para impedir a disseminação e proteger os rebanhos em regiões ainda livres da doença.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.