
A Abic ainda destacou que o preço do café industrializado subiu muito menos do que a commodity, que bateu recorde histórico há poucos meses.
O preço do café torrado e moído, que apresentou uma queda de 12% aos consumidores no varejo brasileiro no acumulado de agosto, pode inverter a tendência na medida em que o custo da matéria-prima disparou para os torrefadores brasileiros, afirmou a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Em entrevista à Reuters, o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio, notou que nas últimas três semanas os preços do café cru reagiram, recuperando-se das “baixas” observadas em julho, com o mercado local sendo sustentado por uma alta na bolsa ICE, em Nova York, em meio a fatores como o tarifaço dos Estados Unidos, uma safra menor do que a esperada em 2025 e geadas no Brasil.
A cotação do café arábica da ICE avançou cerca de 35% em agosto, com o segundo contrato da commodity na bolsa operando acima de US$3,80 por libra-peso nesta segunda-feira, antes de recuar mais perto do final da sessão para US$3,76.
“Ainda não houve repasse significativo ao consumidor final, mas se o mercado seguir em alta, ou mesmo se mantiver o atual patamar, é inevitável que os preços voltem a se reposicionar para cima nas prateleiras”, disse Inácio.
Ele lembrou que o café torrado e moído é “tomador de preço da matéria-prima”.
Conforme dados da Abic, o café torrado e moído tradicional foi cotado em média de R$58,99 o quilo no varejo brasileiro, queda de cerca de 12% ante o final de julho. Em maio, antes de a colheita brasileira ganhar ritmo e colaborar para a queda nos preços no mercado de maneira geral, o produto era vendido nas gôndolas perto de R$70.
Mas veio o tarifaço anunciado por Donald Trump em julho e depois reforçado, com a notícia de que o café brasileiro não seria isento da taxa de 50%, o que gerou preocupações nos EUA, maior consumidor global, sobre a ausência da oferta do Brasil, maior produtor e exportador.
Na sexta-feira, o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira, disse à Reuters que a tarifa aplicada contra o Brasil desde 6 de agosto inviabiliza as exportações brasileiras aos EUA e é o principal fator por trás da alta nos contratos futuros, diante das incertezas geradas. Ele havia citado também uma safra menor de arábica em relação à expectativa anterior.
Nesta segunda-feira, a consultoria StoneX reduziu a projeção de safra brasileira, citando uma quebra maior na produção de arábica.
Essa alta no preço de Nova York que é referência global acaba se refletindo no mercado brasileiro da commodity. Segundo dados da Abic, a cotação da saca do café cru passou de R$1.777 ao final de julho para R$2.191, alta de 23%.
A Abic ainda destacou que o preço do café industrializado subiu muito menos do que a commodity, que bateu recorde histórico há poucos meses.
Enquanto o café torrado e moído avançou 48,6% no varejo brasileiro desde agosto do ano passado, o preço do café cru subiu 57% no caso do grão arábica. Considerando o período de agosto de 2023 ao mesmo mês do ano passado, a alta na gôndola foi de quase 19%, versus 75% para o grão verde.
Ainda assim, o café torrado e moído foi um dos vilões da inflação do Brasil em 12 meses encerrados em abril, com o varejo refletindo até aquela oportunidade repasses de preços da commodity por frustrações de safras no Brasil e outros países.
Após uma alta de mais de 80% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços da gôndola caíram 1,01% em julho, a primeira queda mensal em um ano e meio.
Fonte: Reuters
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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