Empresa mineira transforma fumaça em insumo agrícola e fatura milhões

Biocarbo se destaca como a única empresa do Brasil que trabalha o ciclo completo da cadeia produtiva do carvão vegetal pesquisa e desenvolvimento, produção de matéria prima, beneficiamento e comercialização de coproduto, chamado Biopirol

Utilizar fumaça para fazer subprodutos valiosos para as indústrias farmacêutica, veterinária, química fina, combustíveis, agrícolas e até culinária pode parecer utopia para grande parte das pessoas, mas foi usando justamente o resultado da carbonização do carvão vegetal que uma empresa mineira conseguiu transformar fumaça em renda, inovação e benefícios para o meio-ambiente.

As pessoas não sabem, mas com a fumaça resultante da produção de carvão vegetal do eucalipto, gera-se o alcatrão vegetal e extrato pirolenhoso. Ambos são base para inúmeras substâncias que vão desde saborizantes usados na gastronomia a defensivos agrícolas para o controle de pragas em plantações”, explica a CEO da Biocarbo, Maria Emilia Rezende.

segurando punhado de carvao na mao
Foto: Divulgação

A empresária é a responsável pela biorefinaria mineira, localizada em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, que se destaca como a única empresa do Brasil que trabalha o ciclo completo da cadeia produtiva do carvão vegetal pesquisa e desenvolvimento, produção de matéria prima, beneficiamento e comercialização de coprodutos.

“Com a carbonização, os polímeros constituintes da madeira se quebram, gerando fumaça e o carvão como sólido residual. A fumaça é rica em várias substâncias químicas, assim, o que seria poluição, é transformado em produtos valiosos e extremamente rentáveis”, afirma.

O carro chefe da empresa é o extrato pirolenhoso Biopirol, o insumo agrícola caldoso e orgânico, que, quando adicionado às aplicações de herbicidas, inseticidas e/ou fungicidas, ajuda na preservação dos princípios ativos de acordo com recomendações técnicas, entretanto, estudos sugerem que com o extrato pirolenhoso, é possível reduzir até 50% dos aditivos químicos nas produções agrícolas, sem comprometer a produtividade das culturas.

BIOPIROL
Foto: Divulgação

“O extrato pirolenhoso é coletado através de uma tecnologia própria. Trata-se de uma opção mais barata que os defensivos agrícolas químicos e que é livre de substâncias maléficas à saúde”, explica Maria Emília Rezende.

Fumaça pode render bilhões. Além de contribuir com a natureza, a transformação da fumaça em subprodutos também faz bem pro bolso. O que antes iria ser dissipado na atmosfera, agora vira dinheiro. Apenas no ano passado, a empresa faturou R$ 2,5 milhões com a venda de subprodutos da fumaça. “É uma alternativa mais sustentável e econômica no mercado e para o setor do agronegócio, pois é produzido a partir de resíduos agrícolas e florestais”, pontua.

Ainda segundo a cientista, o Brasil produz cerca de 5 milhões de toneladas de carvão vegetal por ano, e gera, em média, R$ 6 bilhões de faturamento. “Com a implantação de novas tecnologias, que permitam a produção e o uso de extrato pirolenhoso, o faturamento deste setor pode crescer em mais de R$3 bilhões ao ano”, projeta.

Outros ganhos são esperados com o aumento do rendimento gravimétrico e o aproveitamento do alcatrão, além do extrato pirolenhoso. São tecnologias disruptivas tanto para a siderurgia a carvão vegetal, melhorando ainda mais sua competitividade, como para a agricultura que tem um insumo barato e de grande volume aplicado às práticas de sustentabilidade e regenerativas do solo. “É um maravilhoso exemplo de economia circular com efetiva descarbonização destes setores econômicos”, completa.

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