
Os riscos do Enxofre no DDG para Ruminantes Impactos e Recomendações técnicas para o uso seguro do produto
Por Vários Autores* – O uso de subprodutos da indústria do etanol, como o DDG (grãos secos de destilaria com solúveis), é uma alternativa cada vez mais comum nas dietas de ruminantes devido ao seu elevado valor nutricional. No entanto, um dos pontos de atenção é o teor de enxofre presente nesse ingrediente, que pode trazer sérios riscos à saúde dos animais quando não manejado corretamente.
Origens e características do enxofre no DDG
O processo de produção do DDG frequentemente envolve a adição de agentes que contêm enxofre durante a fermentação e destilação, resultando em níveis variáveis e, por vezes, elevados desse elemento no produto final. Por isso, é fundamental a análise periódica e o controle de qualidade do DDG utilizado na formulação de rações para ruminantes.
Mecanismos de toxicidade do enxofre em ruminantes
No rúmen, o enxofre é convertido principalmente em sulfeto de hidrogênio (H₂S), um gás que, quando acumulado, pode ser absorvido para a corrente sanguínea causando efeitos tóxicos. Altas concentrações de enxofre dietético podem levar a problemas como a polioencefalomalácia (PEM), uma desordem neurológica caracterizada por sintomas como cegueira, falta de coordenação e, em casos graves, morte.
Além disso, o excesso de enxofre pode prejudicar o metabolismo de diversos minerais essenciais, como cobre e selênio, dificultando sua absorção e potencializando quadros de deficiência mineral nos rebanhos.
Fatores de risco associados ao DDG
Alguns fatores agravam o risco representado pelo enxofre do DDG:
- Variabilidade dos lotes; O teor de enxofre pode variar bastante entre lotes e fornecedores.
- Alta inclusão na dieta; Quanto maior a participação do DDG na formulação, maior o risco de intoxicação.
- Fontes adicionais de enxofre; Água, suplementos minerais e outros ingredientes podem contribuir para a elevação dos níveis totais de enxofre na dieta.
Recomendações técnicas para o uso seguro do DDG
- Realizar análise laboratorial do teor de enxofre do DDG antes da utilização;
- Limitar a inclusão do DDG de acordo com o balanço total de enxofre da dieta, considerando todas as fontes;
- Monitorar as condições dos animais, buscando sinais clínicos precoces de intoxicação;
- Assegurar o fornecimento adequado de minerais para minimizar interações negativas;
- Acompanhamento técnico contínuo, ajustando as formulações sempre que necessário.
Considerações Finais
Apesar dos inegáveis benefícios do DDG como fonte proteica e energética, o controle rigoroso do seu teor de enxofre é indispensável para garantir a saúde e o desempenho dos ruminantes. A adoção de boas práticas nutricionais e o monitoramento constante são as melhores ferramentas para mitigar os riscos e maximizar a eficiência do uso deste subproduto na alimentação animal.
Investir em capacitação para produtores e técnicos também é fundamental, garantindo práticas seguras e sustentáveis no manejo do DDG, protegendo a saúde animal e otimizando resultados produtivos.
Além disso, a pesquisa contínua sobre técnicas de processamento e novas fontes de DDG pode contribuir para a redução do teor de enxofre, ampliando as possibilidades de uso seguro deste ingrediente na alimentação de ruminantes.
Autores: Keniston Freitas de Souza Cruvinel, Tiago Pereira Guimarães e Eberton Carlos de Jesus
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