Entendendo as diferentes tecnologias dos butiratos

Pensando nas constantes exigências dos mercados orgânico são uma opção viável e comprovada na busca da melhora dos resultados de desempenho.

A agropecuária é umas das áreas onde as tecnologias andam a passos largos, fruto da necessidade da melhora constante na produtividade e na eficiência frente ao cenário de custos crescentes. Os aditivos para alimentação animal acompanham esta evolução e, no segmento dos acidificantes, várias moléculas e diferentes composições têm sido disponibilizadas ao mercado com objetivo de aumentar o desempenho e melhorar a saúde dos animais, de forma mais eficiente e otimizada.

Pensando no modo de ação, o objetivo continua sendo fornecer uma molécula que possa agir criando um ambiente desfavorável para crescimento de bactérias patógenas, favorecendo a modulação da microbiota benéfica e ao mesmo tempo proporcionando melhora na ação das enzimas digestivas e na digestibilidade dos nutrientes.

Entre os ácidos, o ácido butírico possui uma ação específica de estimular o crescimento e desenvolvimento das células epiteliais, responsáveis pela absorção dos nutrientes, pois é utilizada como fonte de energia rápida e prontamente disponível para os enterócitos, favorecendo sua multiplicação e/ou recuperação. Assim, disponibilizar quantidades maiores de ácido butírico a partir do intestino tem efeito direto sobre melhora na digestibilidade e aumento na absorção dos nutrientes, com reflexos positivos sobre o aumento no ganho de peso e melhora na conversão alimentar.

Como estratégia de uso, podemos citar os ácidos orgânicos livres, que têm sua ação mais na porção inicial do sistema digestivo (estômago) e, portanto, têm objetivo direto de reduzir o pH do meio. Normalmente exigem altas inclusões para que possam ser eficientes no objetivo de atuar reduzindo o pH do meio.

Já para que os ácidos possam ter atuação a partir do intestino, e não sejam “consumidos” todos no estômago dos animais, exige-se que se faça uma “proteção” ou “encapsulamento” aos ácidos, o que normalmente ocorre com uma proteção feita a base de lipídios, possibilitando que os ácidos passem protegidos pelo estômago e possam então ser liberados a partir do intestino proximal.

Produtos que usam esta tecnologia, no entanto, costumam ser menos concentrados em termos de quantidade de princípio ativo e podem exigir inclusões maiores para total benefício do produto.

Tecnologia dos glicerídeos

A tecnologia dos glicerídeos, por sua vez, como os mono, di e triglicerídeos de ácido butírico e a tributirina, permite que os ácidos sejam ligados à molécula de glicerol de forma estável, termoresistente e sem cheiro, através de ligações covalentes, que não sofrem influência do pH e, portanto, não são solubilizadas no pH ácido estomacal. Isso permite sua passagem “segura e protegida” pelo estômago, para que então, possa ser disponibilizada a partir dos intestinos, onde atuam como fonte de energia e no controle da microbiota.

Os α-mono glicerídeos como a α-monobutirina e a α-monolaurina vão além, não sofrem a hidrolise enzimática devido a uma mudança estrutural e, por serem molécula “pequenas”, são absorvidas diretamente pelas células, sendo por isso, consideradas mais eficientes na sua atividade antimicrobiana quando comparada a outros ácidos.

Pensando no crescimento dos animais nas fases iniciais, por seu forte estímulo na multiplicação e desenvolvimento dos enterócitos e vilosidades, a tributirina, uma fonte de ácido butírico de alta concentração ligada ao glicerol, e por isso, estável ao pH, tem sido utilizado como uma tecnologia importante para potencializar o desempenho dos animais e aumentar a eficiência de produção, uma vez que, quanto maior a concentração de ácido butírico disponibilizado no duodeno e jejuno, maior será o efeito sobre o crescimento/desenvolvimento destas células.

Já a monobutirina, que não sofre a ação das lipases presentes e é absorvida diretamente pelas células dos enterócitos e pelas bactérias (neste caso, efeito antimicrobiano), consegue estar presente e ser atuante ao longo de todo o trato intestinal, e por isso mesmo, pode ser utilizada como uma estratégia para as fases de crescimento e final, fases estas com maior pressão sanitária e contaminação, atuando com seu “promotor” e beneficiando também a recuperação das vilosidades frente aos processos inflamatórios presentes na mucosa. Vários trabalhos descritos na literatura mostram efeito positivo da monobutirina sobre o desempenho e na recuperação de animais criações em condições com alto desafio para infecções intestinais.

Ainda, as novas regras de registro de aditivos para nutrição animal ditadas pelo Ministério da Agricultura em vigor exigem mais clareza na composição e princípio ativo presentes, bem como testes de eficácia e estabilidade, que garantem a eficiência dos produtos. Agora fica mais fácil a comparação entre os diferentes produtos disponíveis no mercado, onde o cliente deve estar atento a real concentração de cada produto, seja pelo percentual de tributirina como de mono, di e triglicerídeos de ácido butírico, e cada uma destas frações, se quiser extrair o máximo benefício destas tecnologias.

Assim, conhecendo as tecnologias e as diferentes ofertas de aditivos acidificantes disponíveis, muitas delas complementares no objetivo de melhorar o desempenho dos animais e reduzir a pressão de infecção por bactérias patógenas, vemos que os glicerídeos de ácido butírico podem ser uma ferramenta importante nas condições comerciais de produção.

Pensando ainda nas constantes exigências dos mercados consumidores e no aumento das restrições ao uso de antibióticos promotores de crescimento, tecnologias como a dos glicerídeos de ácido orgânico são uma opção viável e comprovada na busca da melhora dos resultados de desempenho e de proteção contra os inúmeros desafios sanitários presentes.

Fonte: Feedis

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