
A realidade é que não houve investimentos em refino há algum tempo, e isso faz com que o país tenha que importar 25% das suas necessidades de diesel.
O Ministério de Minas e Energia divulgou na última sexta-feira que o Brasil tem estoque de óleo diesel S10 equivalente a 38 dias de importação. O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, enviou um ofício à Agência Nacional do Petróleo, alertando sobre o “elevado risco de desabastecimento de diesel no mercado brasileiro no segundo semestre de 2022”.
“Infelizmente, o risco [de desabastecimento] é real. O Brasil é autossuficiente em petróleo, mas em derivados como gasolina e diesel depende de importações”, diz o professor de planejamento energético da Coppe/UFRJ, Mauricio Tolmasquim, à CNN Rádio.
Ele explicou que a realidade é que não houve investimentos em refino há algum tempo, e isso faz com que o país tenha que importar 25% das suas necessidades de diesel para o mercado interno.
“Importadores precisam ter expectativa de que vão vender combustível a um preço que remunere os custos de importação e, hoje, a defasagem é muito baixa”, completou.
A situação é preocupante, segundo o especialista, porque no nosso segundo semestre estão programadas paradas na refinaria. “E não se pode alterar isso. Vai impossibilitar a produção do diesel no país, e há uma perspectiva de aumento de demanda por causa da safra de soja, por exemplo.”
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A solução de longo prazo, na avaliação de Tolmaskin, é justamente reduzir a dependência de produtos refinados importados investindo em refinarias. “O problema é que houve decisões do governo de reduzir investimento do refino e concentrar na produção.”
O professor destacou ainda que o problema é que o diesel “afeta diretamente o funcionamento da nossa economia, todo nosso transporte de mercadorias e pode causar desabastecimento de alimentos.”
“É uma questão que tem que ser acompanhada com seriedade, mas sem alarmismo, e é fundamental o governo esclarecer quais medidas estão sendo tomadas”.