Especialistas apontam caminhos para retomar aulas e fortalecer educação no campo

É possível recuperar tempo perdido durante a pandemia, mas políticas públicas são necessárias.

pandemia da Covid-19 tem afetado substancialmente o desenvolvimento de crianças e adolescentes nas escolas do campo. Entre recuperar o conteúdo que ficou defasado desde março de 2020 e enviar os alunos para a sala de aula com receio da contaminação do vírus, muitos pais têm optado pela segunda alternativa.

É o que falou Patricia Mota Guedes, gerente de pesquisa e desenvolvimento do Itaú Social, em live nesta quarta-feira (29/9). De acordo com ela, cerca de 80% dos pais de alunos de escolas públicas em zonas rurais preferiram ver os filhos voltando às aulas, à medida que perceberam alto risco de desistência, falta de interesse e comprometimento do aprendizado durante a pandemia.

“Há efeitos no desevolvimento integral do aluno, então esse impacto não consegue ser resolvido a curto prazo”, disse ela ao propor que sejam pensadas medidas de curto, médio e longo prazo para que a absorção de conteúdo e convivência sejam recuperados aos poucos.

Parte essencial desta retomada passa pela participação conjunta de pais, professores e estudantes. Segundo Sérgio Luiz Teixeira, mestre em educação do campo pela Universidade de Brasília (UnB) e docente na zona rural de Brasília, a família precisa incentivar o vínculo escolar, assim como a escola precisa acolher o aluno na volta às aulas presenciais.

“Infelizmente, o Ministério da Educação (MEC), em nenhum momento, fez esse acolhimento, uma uma política pública de fazer esse acompanhamento, essa parceria com os Estados e as secretarias de educação”, afirmou Teixeira.

Ele ainda adicionou que professores estão sem norteamento por parte do MEC de como será o plano de ensino para recuperar o conteúdo perdido dos anos anteriores, considerando que muitas escolas do campo só abrirão as portas em 2022.

Edjane Rodrigues, secretária de políticas sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), afirmou que a falta de infraestrutura para as escolas em zonas rurais acontece antes mesmo da pandemia, a exemplo da falta de conectividade.

“A tecnologia é importante, sem dúvida, e veio para ficar. Mas não temos como falar em ensino remoto sendo que em muitas partes do Brasil a internet não chegou”, comentou ao relatar uma grande quantidade de escolas do campo fechando nos últimos anos.

Para além dos muros da sala de aula, Edjane explicou que outras políticas públicas precisam ser pensadas para a plena retomada da educação, a exemplo da ampliação do orçamento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), importante tanto para o agricultor familiar que escoa a produção, quanto para o jovem que se alimenta melhor.

Fonte: Revista Globo Rural

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