Forte seca impacta lavouras no MT e ameaça milho safrinha

Falta de chuva deve provocar queda brusca na umidade do solo, podendo reduzir a produtividade; boa parte do plantio foi feito fora da janela ideal de plantio

De todos os estados do Brasil com produção de milho safrinha, Mato Grosso vem se destacando neste momento pelas condições de safra mais satisfatórias, em comparação com outras regiões do país. Mas esse cenário poderá ser impactado por uma forte onda de seca nas próximas semanas. Atualmente a estimativa da Geosys para a safrinha de milho no Mato Grosso é de 35,05 milhões de toneladas, mais contida em comparação aos 36,15 milhões de toneladas divulgados pela CONAB.

Apesar de boa parte do plantio ter sido feito fora da janela ideal no Mato Grosso e as áreas semeadas terem recebido baixo volume de chuvas nos meses de março e abril, os registros de monitoramento da Geosys Brasil, obtidos por meio de mapeamento com dados de satélite, mostram que o índice de vegetação (NDVI) do milho safrinha está próximo da média esperada, indicando bom sinal para o desenvolvimento da cultura. No entanto, a previsão climática para os próximos 15 dias indica um volume de chuva de apenas 0,26 milímetros no Estado, ou seja, praticamente sem chuva no período.

“A onda de frio da primeira semana de maio passou e não trouxe problemas às áreas de milho safrinha. Mas, a previsão aponta agora para a elevação gradativa da temperatura e a seca deve ganhar força. Se essa tendência de falta de chuva no Mato Grosso ocorrer, o índice de umidade do solo vai sofrer uma queda brusca e se aproximar do registrado em 2016, ano em que a seca provocou quebra de safra”, aponta Felippe Reis, analista de cultura da Geosys Brasil.

A região com maior alerta é o Sudeste do Mato Grosso. As áreas de milho safrinha dos municípios de Primavera do Leste, Itiquira e Alto Araguaia, por exemplo, estão com umidade do solo abaixo da média desde meados de março. Apesar de terem ocorrido chuvas nos primeiros dois dias do mês de maio, não há registro de volumes até o dia 26, e existe grande risco de comprometimento do potencial produtivo das lavouras de milho safrinha.

Já as regiões Norte e Centro do Estado, onde estão os municípios de Sorriso, Lucas do Rio Verde, Sinop e Nova Mutum, o índice de vegetação está melhor em relação aos últimos anos, mas a previsão mostra que será baixo o volume de chuvas nas próximas duas semanas, e há risco para a cultura.

É o caso também do Sudoeste do Mato Grosso, região que concentra os municípios de Nova Lacerda, Tangará da Serra, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião e Barra do Bugres, que devem registrar queda brusca da umidade do solo. No momento, o índice de vegetação está acima da média, mas a umidade do solo, que esteve acima da média desde o início de abril, deve apresentar uma queda acentuada nas próximas semanas, podendo provocar deterioração do vigor das lavouras no curto prazo. Para os próximos dias, a previsão é de que a chuva acumulada seja de apenas 0,6 milímetros, bem abaixo da média de 27 milímetros para o período.

Em Cáceres, Rosário-Oeste e Cuiabá, que ficam no Centro-Sul do Mato Grosso, o cenário é um pouco mais otimista. A tendência é de que haja uma redução gradativa da umidade do solo no curto prazo. Essa região deve registrar chuva acumulada entre 5 e 7 milímetros, bem abaixo da média de 31 milímetros para o período. Porém, mesmo com a umidade do solo abaixo da média nas últimas semanas, o índice de vegetação apresenta condições superiores em relação à temporada passada. Diante disso, a seca das próximas semanas é motivo de preocupação, uma vez que pode impactar negativamente as lavouras da região.

De Vila Rica, passando por Confresa até Barra do Garças, no Nordeste do Estado, a condição climática é mais favorável para o milho safrinha nas próximas semanas. A chuva acumulada deve ser de 6,65 milímetros, que equivale a apenas 21,4% da média para o período. A umidade do solo registra índice elevado e mesmo com o impacto da falta de chuva, o índice deve se manter próximo à média. Desta forma, o vigor da vegetação (NDVI) corre um risco menor de apresentar deterioração brusca e quebra de safra na região.

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