Frigorífico “desrespeita” o produtor ofertando menos pelo boi

Arroba segue com preços firmes, frigoríficos se aproveitaram das escalas confortáveis para tentar ofertar preços mais baixos, porém sem sucesso na concretização de compras!

O mercado físico de boi gordo seguiu com preços acomodados nesta terça-feira, 15, com um baixo volume de negociações sendo informadas ao longo do dia. As indústrias frigoríficas, principalmente nas praças paulistas, passaram a operar com escalas de abate mais confortáveis e, com isso, tentaram ofertar preços abaixo da referência, mas sem sucesso na concretização de novas compras.

O cenário é de que a capacidade de exercer pressão sobre o mercado é limitada, considerando que a busca por animais padrão China será uma constante, dado o bom ritmo de exportação verificado nas últimas semanas, apontaram algumas consultorias. Além disso, pecuarista precisa se atentar as ofertas e ágios pagos pelas indústrias que operam com a exportação.

O ágio para bovinos com destino à exportação chega a R$ 30,00/@. Os pecuaristas de São José Do Rio Preto, em São Paulo, venderam lotes no valor de R$ 360,00/@ com pagamento à vísta e abate programado para o dia 30 de março. Confira a imagem abaixo com os detalhes sobre a negociação.

Do outro lado do mercado, nas regiões que não possuem fluxo relevante de embarques, os frigoríficos terão maior capacidade para exercer pressão sobre o mercado, considerando as evidentes dificuldades presentes no mercado doméstico, consequência da incapacidade do consumidor médio em absorver novos reajustes da carne bovina no varejo.

Segundo o levantamento da Scot Consultoria, o mercado pouco movimentado foi resultado da evolução das escalas de abate. As cotações estão estáveis na comparação feita dia a dia, em R$342,00/@ para o boi gordo, R$300,00/@ para a vaca gorda e R$332,00/@ para a novilha gorda, preços brutos e a prazo. Ofertas abaixo dessas referências, oferecidas ontem, não vingaram.

Sendo assim, em São Paulo, conforme supracitado, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 347,20/@, na terça-feira (15/03), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 327,06/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 310,06@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 325,34@.

Já o Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, teve uma nova desvalorização na abertura dessa semana, acumulando uma queda de 1,14% na comparação diária. Sendo assim, conforme o gráfico acima, é possível ver que os preços seguem acumulando queda no início dessa segunda quinzena do mês de março, ficando cotado a uma média de R$ 341,10/@.

Essa estabilidade nas cotações é reflexo do avanço das escalas de abate das unidades frigoríficas, depois que muitos compradores elevaram os preços da arroba na semana passada, incentivando, assim, as vendas de lotes terminados a pasto, justificam os analistas da consultoria. Segundo apuração da IHS Markit, as escalas de abates das indústrias brasileiras giram atualmente entre 7 e 10 dias.

Segundo a IHS, os custos de frete, impostos e demais gastos para deslocamento de animais presentes nessas regiões longínquas oscilam entre R$ 25 a R$ 30 por arroba.

Por sua vez, observa a consultoria, o diferencial de base (diferença nos preços da arroba) entre São Paulo e o Norte do País gira hoje em torno de R$ 50/@, o que possibilita margens operacionais favoráveis, apesar da distância de mais de 2 mil quilômetros.

Porém, relata a IHS, já é possível observar sinais de alertas em relação aos custos do frete, devido ao recente aumento no preço do diesel (de quase R$ 1 por litro) em áreas distantes do Norte do País.

Foto: Agropecuáriα Veneʑα S/A

Exportação 

Até a segunda semana de março o Brasil exportou 84,2 mil toneladas de carne bovina in natura, o equivalente a um embarque médio diário de 10,5 mil toneladas, volume 80,9% maior comparado à média diária de março de 2021. 

O preço médio da tonelada de carne exportada está em US$5,84 mil, um aumento de 26,8% com relação a março de 2021. A receita média por dia, em função desse desempenho está em US$61,5 milhões, alta de 129,4% em relação à média de março do ano passado.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Em São Paulo, capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 351 ante R$ 352.
  • Já em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 313, sem mudanças.
  • Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 314, estável.
  • Para Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 320 por arroba.
  • Em Goiânia, a indicação foi de R$ 330 para o boi gordo, mantendo o preço.

No atacado paulista, as vendas da primeira quinzena de mar/22 não foram tão atrativas como o esperado com o início de mês, resultando em preços cada vez mais fragilizados. A carcaça casada se manteve estável após o recuo da última semana, sendo negociada em média por R$ 20,60/kg, no entanto, novas quedas não são descartadas ainda.

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