Conheça o gado geneticamente modificado

O pesquisador explica que o melhoramento genético do animal pode ser editado para ter os melhores genes que sua espécie pode oferecer.

Uma matéria no site Technology Review, publicação da universidade americana MIT, de Cambridge, Massachusetts, destaca algo que tem fomentado discussões ao redor do mundo: a modificação genética em animais. O geneticista molecular Scott Fahrenkrug viu, há alguns anos, uma reportagem na televisão sobre o procedimento doloroso de retirada dos chifres de vacas leiteiras, que torna os animais mais seguros durante o manejo.

O geneticista pensou que tinha uma possível solução para o problema: criar vacas sem chifres. Isso pouparia dinheiro dos pecuaristas e o sofrimento dos animais. A tecnologia capaz de fazer isso se chama Edição Genômica, uma forma rápida e precisa de alterar o DNA que tem invadido os laboratórios de biotecnologia em todo o mundo.

Para o gado, a edição genética oferece algumas possibilidades extraordinárias. Fahrenkrug acredita que pode criar vacas leiteiras com características que normalmente não seriam encontradas em certas raças, mas presentes em outras, como a ausência de chifres ou resistência a doenças específicas.

Esse “melhoramento molecular”, diz ele, iria conseguir os mesmos efeitos que a natureza conseguiria (através da evolução ou melhora genética por meio dos cruzamentos tradicionais), só que muito mais rápido. Ou seja, o pesquisador explica que com esse procedimento um animal pode ser editado para ter os melhores genes que sua espécie pode oferecer.

O genoma do Nelore à direita foi editado para produzir 30% mais fibra muscular

No ano passado, trabalhando com o Instituto Roslin e Texas A&M University, Fahrenkrug facilmente criou gado Nelore brasileiro com massa muscular aumentada. Ele fez isso adicionando aos embriões de Nelore uma mutação para aumento da massa muscular que ocorre naturalmente em raças como a Bos taurus.

A edição consiste na exclusão de 11 letras de um único gene do DNA, reduzindo a proporção de uma proteína reguladora do músculo chamada de miostatina. Isso possibilitou que a raça Nelore, reconhecida pela sua rusticidade, produzisse 30% mais fibras musculares.

Vamos esclarecer um ponto: a edição genética a que se refere esse artigo nada tem a ver com transgenia. Uma vez que a edição genética se utiliza de genes da mesma espécie, ou seja, genes de outras raças de bovinos (animais com chifre x animais sem chifre, por exemplo). Já os animais transgênicos são ‘criados’ utilizando-se genes de outras espécies, como você pode entender melhor nesse artigo e que inclusive já está sendo feito no Brasil.

Como é de se esperar, mesmo esse experimento conduzido nos Estados Unidos está sofrendo com a desconfiança das associações protetoras dos animais e com a resistência da FDA, agência reguladora de alimentos, bebidas e medicamentos dos EUA, como a ANVISA aqui no Brasil, pois alegam que pode ser um risco para a saúde tanto dos seres humanos como dos animais. Mas Fahrenkrug se defende dizendo: “Estamos falando de genes que já existem em uma espécie, genes que já comemos”.

Jonathan Lightner, chefe da empresa britânica Genus, importante produtora de carnes de suínos e bovinos apóia a posição do geneticista dizendo“Não estamos falando de um peixe que brilha. É uma vaca que não precisa sofrer com o corte de seus chifres”.

Fonte: Coimma

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