Leite é um dos setores mais “sofridos”

2º dia do Show Pecuário coloca a pecuária de leite em foco. Chefe da Embrapa gado de leite alerta para as tecnologias. veja!

Um dos setores mais “sofridos” da agropecuária nacional é a pecuária de leite. Muitos produtores deixar a atividade por conta das dificuldades, no entanto, ela pode ser muito rentável se houver adoção de tecnologia.

No segundo dia do Show Pecuário, várias soluções e inovações foram apresentadas aos pecuaristas, que compareceram em grande número. O evento vai até o dia 26 de julho, em Cascavel, no Parque de Exposições Celso Garcia Cid.

Paulo do Carmo, chefe da Embrapa Gado de Leite, de Minas Gerais, abriu o dia de palestras no evento. “Se tem alguém que se sente seguro em qualquer atividade, está enganado. Quanto mais informado ficamos, mais inseguros nos tornamos em qualquer negócio. Precisamos acompanhar as inovações pois tudo muda muito rápido e na pecuária de leite não é diferente”, disse.

Segundo ele, a sociedade precisa começar a aprender com os jovens, fato pouco comum principalmente na agropecuária. “A geração do jovens tem valores diferentes da minha geração. A minha geração quer ter, a dos jovens quer ser. A minha geração quer possuir todas as máquinas, implementos e primeiro produzir para depois ver quem vai comprar. A geração jovem sabe que um produto para ser produzido precisa respeitar a natureza, os animais e as empresas já perceberam isso, exigindo esses cuidados aos produtores, inclusive os de leite. Precisamos estar em sintonia com o mercado consumidor”, declarou.

Essa modernidade tem ajudado o setor, pois os jovens tem criado startups que cabem dentro de um celular para facilitar o dia a dia na fazenda. Para Paulo, a tecnologia no campo tem que ser vista como facilitadora, e não como um obstáculo.

À tarde Marcos Veiga, médico veterinário e professor da USP (Universidade de São Paulo), mostrou o porquê e como usar a cultura da fazenda para controle da mastite.

A técnica consiste em identificar a bactéria causadora do problema em 24h. “O produtor instala um minilaboratório na fazenda e faz os testes para descobrir qual bactéria está causando a doença. Algumas não tem controle, então ele só compra os medicamentos que ele tem certeza que vão combater o problema. Isso gera uma economia de até 50% com tratamentos que muitas vezes nem eram necessários fazer”, explicou.

Toda a parte teórica foi desenvolvida na universidade e acompanhada pelo Qualileite. Com a metodologia desenvolvida, estudantes de medicina veterinária criaram a startup OnFarm, que fornece o laboratório em comodato, um aplicativo para acompanhar as análises e os consumíveis, que são as placas, tubos e outros instrumentos utilizados no processo.

“Funciona com um sistema de assinatura. O produtor rural recebe todos os materiais e paga uma mensalidade de varia de R$ 190 a R$ 1.800, dependendo da quantidade de testes e insumos que são utilizados”, disse um dos fundadores da empresa, o médico veterinário Eduardo Pinheiro.

Segundo Marcos Veiga, é importante que o produtor seja treinado para aplicar a técnica na fazenda. “Ele mesmo pode fazer. Só precisa de um treinamento e o acompanhamento da empresa”, contou.

Fernando Bracht, da B&M Consultoria, mostrou em sua palestra as fazendas trabalhadas com a ferramenta Smartlab, tecnologia semelhante à desenvolvida pela OnFarm.

“Identificamos quais os agentes causadores da infecção da mastite e com este resultado em mãos, traçamos uma plano de ação e de tratamento para as infecções que realmente tem taxa de cura frente a tratamentos com antibióticos. Sabemos que temos bactérias envolvidas em mastite que tem boa taxa de cura no tratamento, algumas que não apresentam cura com tratamento e algumas que apresentam cura espontânea. Com a ferramenta do laboratório na fazenda, temos a resposta do agente envolvido na mastite em 24 horas após a semeadura do leite mastítico na placa e incubadora. Com este resultado tratamos somente os animais que apresentam bactérias que tem boa taxa de cura, as que apresentam taxa de cura espontânea não são tratadas e os animais que apresentam bactérias que não tem taxa de cura, pensamos neles particularmente em qual será seu destino conforme o animal”, adiantou.

“O resultado da utilização desta ferramenta faz com que tenhamos menos gastos com os tratamentos mais assertivos, economizando em animais que não precisam ser tratados e que estrategicamente fazendo algum anti-inflamatório já retornariam a sua normalidade. Com esta ferramenta teremos menor utilização de antibióticos na fazenda, economia por menor custo com medicamentos e menor descarte de leite. Financeiramente para fazenda uma boa ferramenta pensando em custo benefício”, garantiu.

Fonte: O Presente

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