Melhores raças de gado para criar no Nordeste

No Nordeste brasileiro, algumas raças de gado se destacam devido à sua rusticidade e adaptabilidade às condições climáticas e geográficas da região. Conheça as melhores raças de gado para criar no Nordeste

A pecuária brasileira destaca-se mundialmente, seja pelo tamanho do seu rebanho ou por sua produtividade e qualidade excepcional. Contudo, devido ao tamanho geográfico e à diversidade de solos e climas em cada região, é essencial ajustar-se às particularidades territoriais para obter sucesso na atividade. Nesse contexto, é crucial orientar os produtores sobre as melhores raças de gado para criar no Nordeste.

Em regiões de temperaturas elevadas, como o Nordeste, onde o clima é predominantemente quente e as chuvas são limitadas, é crucial adotar medidas específicas de cuidado. A atenção deve ser voltada especialmente para o controle de parasitas e a utilização regular de sal, a fim de garantir a saúde e o bem-estar em tais condições ambientais.

A pecuária no Nordeste do Brasil possui características distintas que se adaptam ao clima e geografia da região. Considerando as condições climáticas da região em questão, o produtor que decide produzir gado, precisa optar pela raça mais adequada para obter a melhor produtividade possível dentro da atividade.

A seleção da raça adequada é fundamental para garantir adaptação ao clima local, especialmente em áreas com temperaturas extremas. Estas características fazem da pecuária nordestina uma atividade resiliente e adaptada às condições locais, sendo um pilar importante para a economia da região.

A Terra Nordestina

Apesar de o Brasil ser um país de clima tropical, o Nordeste se destaca por sua condição semiárida, caracterizada por altas temperaturas e escassez de chuva. Criar gado nessa região é um desafio considerável, exigindo raças resistentes que possam se alimentar em solos pouco nutritivos devido à baixa pluviosidade, além de resistirem a parasitas sem a necessidade de cuidados especiais ou medicamentos que deixem resíduos no leite.

A criação de gado bovino na região Nordeste traz consigo uma parte da história dessa atividade no Brasil. Isso porque a pecuária brasileira teve início no Nordeste, ainda no século XVI. As primeiras cabeças de gado teriam vindo para a capitania de São Vicente, diretamente de Cabo Verde. Posteriormente, por volta de 1550, um novo carregamento de animais chegou a Salvador. A partir daí a atividade pecuária se estendeu para outras áreas do Nordeste, com ênfase em Maranhão, Piauí e Pernambuco.

Foi nesse mesmo período que a figura do vaqueiro passou a ter mais importância e destaque na cultura nordestina, conduzindo o gado pelo sertão. Porém, no início, a criação de gado era tida como uma atividade complementar nas propriedades, sendo os animais sendo utilizados para tração nos engenhos.

Entendemos que a pecuária vai além da simples escolha da raça adequada para cada localidade. É crucial considerar a alimentação, o bem-estar e os nutrientes necessários para a produtividade dos animais. Portanto, a seleção de pastagens adequadas também é de suma importância para iniciar uma criação bem-sucedida.

Ao escolher a melhor pastagem para seu rebanho, leve em consideração os seguintes aspectos:

  • Forragem: opte pela que melhor se adapta ao clima do Nordeste e às suas condições climáticas desafiadoras, lembrando sempre que o clima semiárido apresenta um cenário exigente; Com isso em vista, a aposta é em uma alimentação baseada em plantas resistentes à falta de chuvas, como algumas espécies de sorgo.
  • Fertilidade do solo: se o solo for pobre, é importante considerar que a reposição de nutrientes não será natural, portanto, planeje estratégias de manejo apropriadas.
  • Além disso, é recomendável conversar com criadores locais para aprender com suas experiências, estudar as forragens disponíveis na região e evitar investimentos inadequados que possam prejudicar sua criação.

Como mencionado, a escolha da raça leiteira é apenas uma parte importante do processo, e é isso que queremos abordar: as melhores raças para a criação de gado leiteiro no Nordeste brasileiro.

Guzerá – A Resistência à Seca

Antes de discutir o gado Guzerá no Brasil, é relevante entender um pouco mais sobre sua história. Originária da Índia, é a primeira raça zebuína domesticada pelo homem, com registros datando de 1500 a.C. É tão emblemática para a história indiana que é usada como símbolo pelo Ministério da Agricultura do país.

Raças de gado com alta rusticidade são as mais ideais para o clima árido da região nordestina e trouxemos aqui as melhores delas.
Foto: Claudio Menezes

Chegada ao Brasil

O Guzerá Leiteiro foi a primeira raça zebuína a ser introduzida no Brasil, por volta de 1870. Com dupla aptidão para produção leiteira e corte, desempenhou um papel crucial no transporte de cargas e carruagens de café na época de sua chegada. A consolidação da raça em nosso país ocorreu entre 1978 e 1983, durante a Grande Seca no Nordeste brasileiro, quando se revelou como a única raça de gado leiteiro capaz de resistir a condições tão adversas. Assim, uma raça que quase foi abandonada ganhou destaque em nossa criação.

Benefícios do Guzerá

Esta raça se adaptou bem ao cerrado brasileiro, demonstrando capacidade de resistir a longos períodos de seca até encontrar alimento e água. Sua rusticidade é uma vantagem significativa, pois demonstrou grande resistência a doenças e carrapatos.

As características físicas deste tipo de gado incluem uma pelagem que varia de tons de cinza claro a escuro. São animais de grande porte, notáveis pela sua fertilidade e resistência à seca. Este gado possui um elevado potencial tanto para a produção leiteira quanto para a produção de carne. Atualmente, há aproximadamente cerca de 200 mil cabeças dessa raça no Brasil, sendo mais comuns na região Nordeste.

Curiosidade: Uma vaca Guzerá pode produzir mais de 5000 litros de leite por lactação e é extremamente fértil, podendo reproduzir-se em condições adversas a cada 13 meses, se manejada adequadamente. A qualidade de seu leite também é notável, sendo hipoalergênico e com baixa contagem de células somáticas (CCS).

Sindi – Da Aridez ao Nordeste

Uma raça que tem ganhado espaço no Nordeste, com um rebanho brasileiro de cerca de sete mil animais registrados. Tem porte pequeno e pelagem avermelhada, o que a classifica como um belo animal, com chifres grossos e orelhas caídas de tamanho médio. Tem aptidão para se adaptar em locais com pouca alimentação disponível e em climas e solos diferenciados.

A raça Sindi tem origem no Paquistão, mais especificamente em Kohistan, na província de Sind, conhecida por seu clima desértico e árido. Possivelmente, é sua origem que contribui para sua excelente adaptação ao clima nordestino. As primeiras importações ocorreram por volta de 1850, mas foi apenas na década de 30 que a raça se estabeleceu no Brasil, com outra exportação significativa em 1952. Atualmente, é a raça mais criada na região nordestina, correspondendo a 77,16% do total no país.

Raças de gado com alta rusticidade são as mais ideais para o clima árido da região nordestina e trouxemos aqui as melhores delas.

Um Animal com Grande Potencial

A Sindi é altamente rústica, capaz de transformar pastagens difíceis em carne e leite de qualidade. Sua popularidade na região nordestina se deve à sua adaptabilidade a pastagens de baixa qualidade e resistência a doenças. O cruzamento desta raça revela ainda mais seu potencial. Pesquisas têm mostrado que cruzamentos com gado Holandês ou Jersey resultam em animais com a rusticidade da Sindi e aumento na produção de leite. Esses resultados têm o potencial de revolucionar a pecuária brasileira.

Benefícios da Raça Sindi

A Sindi Leiteira requer poucos recursos alimentares e baixa manutenção. Originária de uma região desértica, adapta-se facilmente a diferentes condições climáticas e de solo sem comprometer sua produtividade, tornando-se uma escolha ideal para criadores de gado no Nordeste.

Curiosidade: A produção média de leite varia de 2560 a 3000 kg, com teor de gordura de 5,0%, durante um período de lactação de aproximadamente 305 dias. Além da produção leiteira, a raça também oferece carne de qualidade, aumentando a produtividade para os criadores.

Senepol – Adaptada e produtiva

Adaptado às condições do Nordeste, especialmente em estados como Bahia e Pernambuco, a raça Senepol vem contribuindo significativamente para a pecuária local. Essas características fazem do Senepol uma raça atraente para a pecuária nordestina, ajudando os produtores a maximizar a eficiência e a produtividade em um ambiente desafiador.

A raça Senepol é notoriamente adaptada ao clima tropical, o que faz dela uma escolha ideal para o Nordeste, uma região que enfrenta altas temperaturas e períodos de seca. Além disso, está ganhando popularidade entre os criadores devido à sua rusticidade e precocidade. A raça tem se expandido significativamente, demonstrando um crescimento notável na adoção por parte dos pecuaristas locais.

O Senepol é conhecido por sua eficiência na produção de carne a pasto, aproveitando bem as condições de pastagem que predominam no Nordeste. Isso contribui para a economia local, focada em uma pecuária mais sustentável e menos dependente de insumos externos.

A raça é apreciada por sua genética eficiente e qualidades como a rusticidade e capacidade de adaptação a diferentes ambientes, características essenciais para enfrentar as variações climáticas da região.

Foto: Divulgação

É evidente que, com dedicação e trabalho árduo, qualquer região do Brasil pode ser favorável à produção leiteira. Esperamos que estas informações sejam úteis e aguardamos ansiosamente para conhecer os resultados de suas criações.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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