
Para sobreviver no mercado cada vez mais competitivo, o pecuarista moderno precisa agir como empresário, medir resultados e profissionalizar sua fazenda
A pecuária brasileira, um dos pilares do agronegócio nacional, vive um momento decisivo. Estudos da Embrapa alertam que, se nada mudar, grande parte das fazendas pode deixar de existir nas próximas décadas. Não é exagero: eficiência, tecnologia e visão de mercado deixaram de ser diferenciais para se tornarem questão de sobrevivência.
O ponto fundamental é claro: o pecuarista do futuro não pode ser apenas criador de gado. Ele precisa pensar e agir como empresário rural, com controle de custos, metas de produtividade e estratégias alinhadas ao mercado. A necessidade de profissionalização da atividade já foi destacada em outras matérias aqui no Compre Rural, e a cada safra esse alerta fica mais evidente.
Apesar dos números assustadores, a produção pecuária global continuará crescendo, mesmo com uma redução de 21% no número de vacas e um aumento de aproximadamente 88% na produtividade. Isso mostra que o mercado está mudando rapidamente, e quem não se adapta pode ser “engolido” por propriedades mais profissionais e modernas.
De pecuarista a empresário rural
O primeiro passo é simples de dizer, mas exige disciplina: medir.
Peso, ganho médio diário, consumo, custo por arroba, custo por hectare… sem números confiáveis, a gestão vira improviso. E no campo, improviso custa caro.
Ferramentas não faltam: um tronco com balança, aplicativos de gestão ou até planilhas bem estruturadas já permitem transformar a intuição em indicadores sólidos.
Depois, vem a gestão financeira: orçamentos sazonais, fluxo de caixa, compra de insumos na baixa e venda estratégica dos animais. Precificar corretamente o boi, conhecer ciclos de mercado e planejar o caixa são atitudes que diferenciam quem sobrevive de quem fica pelo caminho.
Outro ponto é a tecnologia a favor da produtividade. Do manejo de pastagens à suplementação nutricional, cada decisão deve ser orientada por dados e não por achismos. A gestão de pessoas, os contratos com fornecedores e o relacionamento com a indústria completam esse perfil empresarial que garante competitividade no longo prazo.
Por que as águas são a “descida” da pecuária

Muitos produtores ainda acreditam que o grande investimento deve ser feito apenas na seca. Mas a prática mostra outra realidade: o período das águas é a melhor hora para acelerar o desempenho do rebanho.
Pense na seguinte analogia: é mais fácil empurrar um carro na descida do que na subida. O mesmo vale para o gado: aproveitar a abundância de forragem significa garantir ganho de peso mais rápido, maior giro de caixa e rentabilidade superior.
O manejo estratégico durante as águas inclui:
- análise de forragem para entender a qualidade do pasto;
- suplementação ajustada para potencializar o ganho de peso;
- controle de lotação por hectare, evitando superpastejo;
- piqueteamento e manejo rotacionado para preservar a oferta de pasto.
Investimentos simples, como cochos bem distribuídos e acesso à água de qualidade, já trazem ganhos expressivos. Além disso, a tecnologia está ao alcance: drones e imagens de satélite ajudam a medir massa de forragem, softwares simulam cenários de lotação e permitem decisões mais assertivas.
Em outra reportagem no Compre Rural, mostramos como o manejo correto das águas pode reduzir custos e até antecipar a terminação dos animais.
O passo final: mentalidade de empresário
Transformar uma fazenda de pecuária em negócio rentável exige:
- Planejamento e controle de custos;
- Gestão do rebanho baseada em indicadores;
- Uso estratégico das águas e suplementação;
- Profissionalização da operação e governança rural;
- Adoção de tecnologia e análise de dados.
Quem combina esses elementos consegue transformar desafios em oportunidades, aproveitando cada etapa do ciclo produtivo e garantindo crescimento sustentável.
Apesar de todo esse conhecimento disponível, os dados ainda são preocupantes. Apenas 16% das fazendas no Brasil possuem tronco e balança para medir resultados. Isso significa que a maioria dos produtores ainda decide com base no “olhômetro”, deixando a fazenda vulnerável a erros e perdas financeiras.
O futuro da pecuária não será decidido pela tradição ou sorte, mas por quem se adapta, mede resultados e age com inteligência empresarial. Quem adota tecnologia, gestão eficiente e visão estratégica estará à frente, enquanto quem resiste à mudança corre o risco de ficar pelo caminho.
E você, produtor, já começou a olhar para sua fazenda como um negócio estruturado e rentável? A hora de agir é agora.
Escrito por Compre Rural
VEJA MAIS:
- Manejo pré-plantio: estratégias essenciais para uma safra de resultados
- Capim ideal para gado e cavalo: descubra qual é o melhor para sua fazenda
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.