
Nova Zelândia desiste de taxar pecuaristas pelas emissões de metano de seus bovinos e envia uma mensagem clara: “No farmers, no food” (Sem agricultores, sem comida). Cedo ou tarde a realidade se impõe e a ciência se sobrepõe ao fanatismo.
A Nova Zelândia descartou planos para um chamado “imposto sobre arrotos”, que visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa provenientes de ovinos e bovinos. O imposto sobre o arroto foi introduzido em Outubro de 2022 sob a liderança da então Primeira-Ministra Jacinda Adern, cujo Partido Trabalhista perdeu as eleições do ano passado, abrindo caminho para a coligação atualmente no poder liderada pelo Partido Nacional.
O governo de coligação de centro-direita do país disse na terça-feira que excluiria a agricultura do esquema de comércio de emissões do país em favor de explorar outras formas de reduzir o metano. A iniciativa era pioneira e representava o primeiro imposto deste tipo no mundo. Mas, com pressão do agro, governo recua em imposto que começaria em 2025.
A medida, que cumpre uma promessa pré-eleitoral do Partido Nacional do ex-empresário Christopher Luxon, surge depois dos planos de tributar as emissões agrícolas a partir de 2025 terem levado a protestos nacionais de agricultores preocupados com o efeito sobre os seus meios de subsistência.
“Não faz sentido enviar empregos e produção para o exterior, enquanto países menos eficientes em termos de carbono produzem os alimentos de que o mundo necessita”, disse o ministro da Agricultura, Todd McClay, num comunicado.
Conforme apontou Kellen Severo, em sua coluna na Jovem Pan, “um importante aprendizado podemos tirar desse caso: o setor agropecuário é a espinha dorsal da economia. Por isso, é preciso respeitá-lo e incentivá-lo em vez de impor taxas e regulações que asfixiam os negócios rurais. Isso vale para a Nova Zelândia, para o Brasil e para qualquer outro país do mundo”.
“É por isso que estamos focados em encontrar ferramentas práticas e tecnologia para os nossos agricultores reduzirem as suas emissões de uma forma que não reduza a produção ou as exportações”, informou McClay em seu comunicado.
A coalizão, que também inclui o pró negócios ACT New Zealand e o populista New Zealand First, disse que investiria 400 milhões de dólares neozelandeses (US$ 245 milhões) na comercialização de tecnologia de redução de emissões e aumentaria o financiamento para o programa agrícola de gases de efeito estufa da Nova Zelândia. Centro de Pesquisa em 50,5 milhões de dólares neozelandeses (US$ 31 milhões).
O anterior governo do Partido Trabalhista anunciou a taxa “primeira do mundo” em 2022, como parte dos esforços de Wellington para atingir zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2050.
Quase metade das emissões de gases com efeito de estufa da Nova Zelândia provêm dos estimados 10 milhões de vacas e 26 milhões de ovelhas do país.
A então primeira-ministra Jacinda Ardern argumentou que o imposto era necessário para abrandar o aquecimento global e que os agricultores seriam capazes de recuperar os custos cobrando mais por carne amiga do clima.

Os Verdes, o terceiro maior partido no parlamento, disseram na terça-feira que o governo mais uma vez “deu o pontapé inicial na ação climática”.
“Ao despejar petróleo, carvão e gás no fogo da crise climática, o governo colocou agora metade das nossas emissões provenientes da agricultura no cesto muito difícil liderado pela indústria”, disse a co-líder dos Verdes, Chloe Swarbrick, num comunicado.
Um novo “grupo pastoral” seria criado para combater as emissões biogénicas de metano no sector, acrescentou. Os agricultores saudaram a decisão.
Mas grupos ambientalistas atacaram o governo, que também anunciou planos no fim de semana para reverter uma proibição de cinco anos à nova exploração de petróleo e gás.
O Greenpeace acusou o governo de “travar uma guerra total contra a natureza”. “Nos últimos dias, o governo de coligação sinalizou claramente que as indústrias mais poluentes, os lacticínios industriais e a nova exploração de petróleo e gás, são livres de tratar a nossa atmosfera como um esgoto a céu aberto”, disse o porta-voz da Greenpeace, Niamh O’Flynn.
No entanto, aqui no Brasil, existe um lobby ativo que busca implementar uma taxação sobre a produção, mesmo que de forma indireta, como através do sistema de cotas para emissão de gases de efeito estufa. Mais cedo ou mais tarde, outros países também perceberão os riscos do excesso de regulações e tributações. A mensagem das ruas da Nova Zelândia é clara: “No farmers, no food” (Sem agricultores, sem comida).
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