Talvez a resposta não esteja em substituição, mas em complementaridade. Com a evolução do melhoramento genético da raça Guzerá e mudanças no mercado, o Zebu não só expande as possibilidades para os consumidores como reafirma a força do Brasil como líder na produção de carne bovina com marmoreio.
O debate sobre o protagonismo do Zebu na produção de carne de alta qualidade no Brasil está mais quente do que nunca. Com avanços no melhoramento genético, a raça Guzerá está mostrando resultados impressionantes, como o marmoreio de 5,5 becas (ou muito bom, segundo a Beef Marbling Standard (BMS)) alcançado por uma novilha Guzerá, um nível extraordinário no mercado brasileiro. A novilha faz parte do rebanho da Guzerá da Capital, que é referência em criação, melhoramento e venda de animais PO da raça Guzerá, desde 2003.
Os proprietários da marca Guzerá da Capital são: Adriano Varela, José Brilhante Neto e Geraldo Melo Filho. Vale lembrar que a Guzerá da Capital produziu o touro Herói da Capital, que foi o número 1 do Sumário de Corte do PMGZ/ABCZ 2023-3. A raça Guzerá é originária da Índia, no estado de Guzerate, e é conhecida por ser rústica, fértil, adaptável ao clima árido e de fácil manejo. É uma raça zebuína, com porte imponente, cabeça alta e chifres grandes em forma de lira.
Zebu e Angus: Competição ou Complementação?
O marmoreio, característica que define a gordura entremeada na carne, sempre foi um atributo associado a raças como Angus e Wagyu. Essas raças são reconhecidas por sua maciez, sabor inigualável e lugar de destaque nos mercados premium. Contudo, o Guzerá, tradicionalmente uma raça zebuína voltada à produção leiteira e de carne em sistemas extensivos, começa a desafiar essa supremacia.
Segundo o pecuarista Geraldo Melo, que tem experiência com o Guzerá desde 1983, a raça possui um grande potencial para produzir carne com alto grau de marmoreio. “Com o melhoramento genético, é possível alcançar ou até superar o padrão de raças como Angus”, destaca. Essa afirmação não só reforça a adaptabilidade do Guzerá, mas também aponta para uma transformação no mercado de carnes no Brasil.
“Com o melhoramento genético, é possível alcançar ou até superar o padrão de raças como Angus”, destaca Geraldo Melo.
Como funciona a escala de marmoreio na carne bovina?
A escala de marmoreio mais amplamente utilizada no mercado internacional é o Beef Marbling Standard (BMS), que classifica a quantidade de gordura intramuscular presente na carne em uma escala que vai de 1 a 12. A avaliação é feita visualmente por técnicos habilitados, que comparam a distribuição da gordura entre as fibras musculares com uma tabela padronizada.
Após a análise, a nota final é registrada e acompanha os cortes em etiquetas informativas, facilitando a identificação da qualidade pelo consumidor.
Quanto maior o grau de marmoreio, mais macia, suculenta e saborosa será a carne, o que agrega valor ao produto. A classificação segundo o BMS é dividida em quatro tipos principais:
- Tipo 4 – Muito bom: Marmoreio de 5 a 7.
- Tipo 3 – Bom (média): Marmoreio de 3 a 4.
- Tipo 2 – Regular: Marmoreio de 2.
- Tipo 1 – Ruim: Marmoreio de 1.
Essa classificação é uma ferramenta essencial para padronizar e diferenciar carnes premium no mercado, como cortes de Angus e Wagyu, mas também começa a ser aplicada a raças zebuínas como o Guzerá, que vêm mostrando resultados surpreendentes.
A Evolução do Guzerá no Mercado de Carnes
A carne do Zebu, especialmente do Guzerá, está ganhando espaço na preferência dos consumidores. A característica do marmoreio, fundamental para maciez e sabor, eleva cortes antes considerados “de segunda” ao status de carne nobre. Leandro Rei da Carne, um dos maiores especialistas em churrasco no Brasil, explica:
“O marmoreio transforma qualquer corte. O consumidor pode achar que está comendo uma carne de primeira, mesmo quando o corte é de segunda, graças à gordura entremeada no músculo. É isso que dá sabor e maciez.”
Esse resultado surpreendente é fruto de investimentos em pesquisas genéticas e manejo diferenciado. Tradicionalmente, raças zebuínas como Guzerá, Nelore e Gir são conhecidas por sua rusticidade, mas agora estão mostrando que podem competir também no mercado de carnes premium.
O Impacto do Melhoramento Genético
O trabalho realizado por pecuaristas e especialistas em genética tem revolucionado o setor. Além de produzir carne de qualidade superior, o Guzerá se destaca pela sua capacidade de adaptação ao clima tropical e por ser criado em sistemas extensivos, com baixo custo de manejo. Esses fatores tornam a raça uma alternativa economicamente viável e ambientalmente sustentável.
De acordo com Leandro, o desafio está na mudança de percepção do mercado. “O consumidor brasileiro precisa entender que a carne zebuína, especialmente com esses avanços, pode ser tão boa ou até melhor que a carne de raças europeias como o Angus”, ressalta.
O Futuro da Carne Zebuína
Com o marmoreio de 5,5 becas registrado pela novilha Guzerá da Capital, o gado Guzerá não apenas demonstra seu potencial, mas também sinaliza uma possível mudança no padrão de consumo. Se antes a carne premium era sinônimo de raças europeias, agora o Zebu começa a marcar presença nas mesas brasileiras e, possivelmente, no mercado internacional.
A pergunta que fica é: o Zebu pode substituir o Angus? Talvez a resposta não esteja em substituição, mas em complementaridade. Com a evolução do melhoramento genético e mudanças no mercado, o Zebu não só expande as possibilidades para os consumidores como reafirma a força do Brasil como líder na produção de carne bovina.
A carne zebuína está pronta para conquistar novos patamares. E você, está pronto para experimentar essa transformação?
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
BNDES investe R$ 1,05 bilhão em ferrovia para escoamento de celulose da Eldorado, da J&F
Projeto de 86,7 km liga a fábrica de Três Lagoas da Eldorado Brasil Celulose a corredor logístico rumo ao Porto de Santos, reduz custos, emissões de CO₂ e marca a estreia do banco no regime de autorização ferroviária
Muitos CEOs adotam esportes como válvula de escape, mas este prefere andar de mula
Presidente no Brasil de banco internacional de câmbio encontra na criação de mula não apenas um hobby, mas uma conexão direta com o campo, a tradição rural e o equilíbrio mental fora do ambiente corporativo.
Continue Reading Muitos CEOs adotam esportes como válvula de escape, mas este prefere andar de mula
Novo salário mínimo injetará R$ 81,7 bi na economia, estima Dieese
Novo salário mínimo de R$ 1.621 deve injetar R$ 81,7 bilhões na economia. Veja impactos, reajuste, Previdência e regras do cálculo.
Continue Reading Novo salário mínimo injetará R$ 81,7 bi na economia, estima Dieese
China ultrapassa o Brasil e se torna a maior produtora mundial de tambaqui
Planejamento industrial agressivo, escala produtiva e logística integrada fizeram do peixe amazônico uma commodity global, enquanto o Brasil mantém protagonismo científico e genético da espécie, China se torna a maior produtora mundial de tambaqui
Continue Reading China ultrapassa o Brasil e se torna a maior produtora mundial de tambaqui
Don Toro HJG se consagra um dos maiores nomes do Quarto de Milha em ano de conquistas
Retrospectiva relembra como Don Toro HJG transformou conquistas em legado e se firmou entre os grandes da raça.
Retrospectiva 2025: Principais destaques da pecuária leiteira
Veja os principais destaques da pecuária leiteira em 2025: produção recorde, queda de preços, crise das importações e o avanço da tecnologia no campo
Continue Reading Retrospectiva 2025: Principais destaques da pecuária leiteira






