Novo suplemento vai mudar a nutrição da pecuária

Além do resultado positivo para o meio ambiente, experimento mostrou que a alimentação não interfere no gosto da carne nem do leite!

A produção de gado sustentável e com menos impactos ambientais é uma realidade cada vez mais próxima, aponta estudo da Universidade da Califórnia, Davis, nos Estados Unidos. Em uma fazenda de gado confinado, uma parte do rebanho recebeu algas misturadas à ração e teve sua emissão de metano reduzida em mais de 80%.

A alimentação consistia em 80 gramas diárias de alga vermelha misturada à ração. Essa planta tem a característica de inibir uma enzima presente no sistema digestivo de vacas que contribuem para a produção de metano. 

Cinco meses depois, sem que houvesse qualquer alteração de peso, cada animal que recebeu a mistura emitiu 82% menos metano em relação aos que se alimentaram normalmente.

Experiências in vitro já indicavam que a alga reduzia a quase zero a produção anaeróbica de metano no processo da digestão. Mas foi em 2018 que o primeiro teste da pesquisa em escala real foi feito.

E os pesquisadores conseguiram diminuir em 50% as emissões de metano de vacas depois de suplementar suas dietas com alga marinha por duas semanas. O estudo mais recente serviu para mostrar que esse efeito se mantém com o tempo.

O conteúdo total de fibra nas algas oscila entre 32% e 50%. Dentro das fibras insolúveis, há uma fração celulósica presente, em baixa proporção, especialmente nas algas vermelhas. A fibra insoluble está associada aos efeitos sobre a diminuição do tempo de trânsito no cólon.

“Agora temos evidências sólidas de que a alga marinha na dieta bovina é eficaz na redução de gases do efeito estufa e que essa eficácia não diminui com o tempo”, afirmou o pesquisador Ermias Kebreab para o Science Daily.

Kebreab é professor do Departamento de Ciência Animal em Davis, e diretor do World Food Center. O estudo, que teve resultado publicado no jornal Plus One, foi conduzido por ele em parceria com sua aluna de Ph.D. Breanna Roque.

As vacas produzem metano por meio de micróbios em seus estômagos enquanto digerem sua comida fibrosa, em um processo um pouco parecido com a fermentação. O metano tem vida mais curta na atmosfera do que o dióxido de carbono, mas é mais de 30 vezes mais eficaz na retenção do calor, tornando-se um dos principais gases do efeito estufa. 

Um tipo de alga marinha chamada Asparagopsis taxiformis pode neutralizar parcialmente essas emissões das vacas .

Além do resultado sustentável para o meio ambiente, o experimento mostrou que essa alimentação não interfere no gosto da carne nem do leite. Agora os cientistas estudam formas de produzir a alga Asparagopsis taxiformis, espécie utilizada na pesquisa, pois o que tem na natureza não é suficiente para aplicação em larga escala.

Aqui no Brasil, além de os animais serem diferentes, a prática comum é o pasto extensivo. O confinamento responde por menos de 5% do rebanho nacional e a maior parte é confinada só nos meses da fase de terminação, antes do abate. Sem contar que a quase totalidade do nosso rebanho vive bem longe das algas do mar. Mesmo assim, não deixa de ser um resultado importante para algo que representa 20% das nossas emissões.

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