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ONGs criam barreiras às exportações do Agro

É mais fácil “pagar o Greenpeace para fazer um protesto aqui” ou “trancar um navio” do que ter de concorrer na disputa comercial

Um dos principais apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) na área do agronegócio, o deputado federal e senador eleito Luiz Carlos Heinze (PP-RS) afirmou que organismos internacionais com atuação no país na área ambiental criam barreiras para impedir o aumento da presença de produtos agrícolas brasileiros no mundo.

“Claro, sem sombra de dúvida (há intenções não confessadas). A questão trabalhista, a questão ambiental, a questão indígena, tudo é questão de que o Brasil será a maior nação agrícola do planeta. Então eu sou concorrente de quem? Dos Estados Unidos, da Europa, de qualquer país. Então o que você faz? Se você não me trava comercialmente, então você faz o quê? Bota a questão ambiental naquele trouxa lá e tchau para ti”, disse Heinze, em entrevista exclusiva à Reuters no domingo, pouco antes de ser anunciada a vitória de Bolsonaro.

Para Heinze, esse é um novo mecanismo para minar a concorrência do Brasil no mercado mundial de commodities. Segundo ele, é mais fácil “pagar o Greenpeace para fazer um protesto aqui” ou “trancar um navio” do que ter de concorrer na disputa comercial. “Não é questão ambiental, é negócio”, destacou.

“Isso é guerra, negócio”, completou.

O senador eleito disse que essa medida serve para retomar mercado. O nome de Heinze –que se reuniu duas vezes durante a disputa do segundo turno com Bolsonaro e assistiu à vitória dele dentro da casa do agora presidente eleito– tem sido ventilado como um potencial ministro da Agricultura. Questionado, ele disse que ainda não teve qualquer conversa com ele sobre o assunto.

Heinze fez duras críticas ao poder de fiscalização de áreas ambientais, que não existe em “nenhum lugar do mundo”, segundo o senador eleito. Para ele, os próprios fiscais têm sido mais restritivos na aplicação de sanções do que o previsto em lei.

“A preservação que faz no Brasil isso não existe. A lei que nós temos aqui nenhum país tem. Agora vou ser mais restrito que a própria lei”, afirmou ele, ao defender mudanças e criticar as cobranças dos organismos internacionais.

“Então por que não faz lá onde o Greenpeace, a WWF (tem sede). Por que não faz isso lá? Agora tem que fazer aqui. Essas exigências não tem razão de ser. Cumpra-se a lei. Todo mundo é bandido? Esquece. Temos de tirar, seja na questão trabalhista, na questão ambiental, essa ideia de que o empresário é bandido. Para com isso, nenhum país do mundo faz isso”, afirmou.

“Tem que ter uma regra, não a minha caneta. A minha caneta vale mais do que qualquer coisa. Esse país está atrasado, olha o desemprego, temos que olhar para a frente. Temos que fazer esse país andar, aqui tudo trava. Não pode ser assim, o Brasil com a carência que tem, com o problema que tem, no meu Estado e em qualquer lugar”, completou.

O senador eleito não quis opinar sobre a possibilidade de fusão do Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente, defendida originalmente por Bolsonaro.

“Não analisei isso, tem que olhar. O que não pode é fazer o que o Michel fez, juntar o ministério, separar ministério”, disse, ao completar que que, se isso ocorrer, vai haver protestos. “Lógico que vai vir isso, essas coisas tem que avaliar. Isso na hora certa vai aparecer”, afirmou.

Produtor precisa se organizar

“Quem preside um sindicato, quem preside uma cooperativa. Quem é dono de uma cerealista, quem é dono de uma revenda de máquinas, peças. Uma aviação agrícola, enfim, quem vende fertilizante. Esse pessoal tem que ter uma ligação e entender quem representa o setor. Nós precisamos do presidente, governador, deputados federais e senadores. Essas são as instâncias. Tem situações que se resolvem no estado, outras na Câmara, outras no executivo”, reiterou.

Nesse sentido, Heinze lamentou a não reeleição de alguns parlamentares, como Valdir Colatto (MDB) em Santa Catarina, Osmar Serraglio (PP) no Paraná e o senador Waldemir Moka (MDB) em Mato Grosso do Sul.

“Estou falando de gente que trabalha. Que arregaça as mangas e fez um trabalho pela agricultura que poucos fazem. A classe produtora tem que entender mais. É uma falta de comunicação, não só nossa, mas das entidades, das empresas”, explica.

Questionado sobre ocupar a cadeira do Ministério da Agricultura no próximo ano, o senador eleito manteve-se neutro, mas aproveitou para comentar sobre seu currículo. “Nesses últimos anos, alguns institutos fazem pesquisa entre os produtores e empresas do agro. Meu nome já foi citado, três ou quatro vezes. Sou técnico agrícola, engenheiro agrônomo. Fui prefeito, deputado e sempre trabalhei na área. Eu sou produtor rural. Mas também sou senador eleito, e hoje posso ajudar a pecuária e a agricultura, a produção dentro do cenário federal”, complementa.

Heinze também explicou os motivos de apoiar Jair Bolsonaro (PSL/RJ), em contradição à decisão do partido de se unir a Geraldo Alckmin no primeiro turno das eleições presidenciais.

“Eu estava acertado com o Bolsonaro com o meu partido quando era candidato ao governo. Tínhamos feito essa coligação. Ele tinha vídeo gravado pedindo voto ao governo. Tenho uma relação forte com ele de 20 anos na Câmara. Por isso, conversei com o presidente do meu partido e com o candidato ao governo e apresentei meu projeto de apoiar o Bolsonaro, porque a grande maioria do partido e da base que me elegeu queria o Bolsonaro.”

Planos futuros

Foco no endividamento agrícola do estado, dívidas a serem pagas pela União e vice-versa, investimento em logística e fomento de parcerias público-privadas são os pleitos que pretende defender no Senado.

“Nós temos problema com ferrovia, desativado mais de 1000 km no Rio Grande do Sul. Nós temos hidrovias que devem funcionar. Temos 1200 km de hidrovia e 500 km funciona muito mal”, lembra.

No âmbito do executivo, Heinze também disse que o futuro Ministro da Agricultura terá de enfrentar questões como o seguro agrícola, o monopólio do mercado em nome de poucas empresas e as relações internacionais.

“O agricultor não aguenta mais, a renda caiu. Produtor de trigo está extremamente desestimulado. Pega o pessoal do algodão, pega milho no Centro-oeste. Não viabiliza plantar. São 40 ou 50 empresas impondo seu preço. Não são empresas locais. É no mundo. E aqui eles botam o preço que eles querem”, fala.

Heinze também comentou sobre a renegociação de dívidas do Funrural, afirmando que acredita ser pouco provável um perdão por parte do executivo, mas que se houver, é preciso ter isonomia com aquele produtor que decidiu aderir ao Programa da Receita e já está pagando.

“Eu espero, não pago e depois prejudico quem já pagou. Isso não deve acontecer. Se houver esse perdão, que sirva para quem renegociou também.

“O Brasil não pertence aos brasileiros”, por Thiago Pereira

Com informações da Reuters e do Canal Rural.

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