Pecuaristas cercam entrada de frigorífico e cobram dívidas no MT

Manifestação de pecuaristas bloqueiam entrada do Frigorífico Redentor em Guarantã do Norte, no Mato Grosso; produtores cobram dívidas por gado abatido

O Frigorífico Redentor situado na rodovia BR-163, em Guarantã do Norte, na divisa entre Mato Grosso e o Pará, empresa do Grupo Bihl, enfrenta dificuldades para sanar suas dívidas com pecuaristas. Segundo informações apuradas pela Compre Rural, as dívidas da indústria com os pecuaristas que estão acampados lá varia entre R$ 10 mil a mais de R$ 2 milhões.

“Peço ajuda de todos, que compartilhem em suas redes sociais e envie aos amigos, muitos de nós estamos necessitando receber nosso dinheiro, precisamos de uma resposta conclusiva da diretoria do frigorífico.” – disse um dos manifestantes, que alega cobrar valores ainda de 2019.

Informações dão conta que desde o último dia de Janeiro de 2020 o frigorífico parou o abate de animais. Sem produção os servidores não foram dispensados, ou mesmo houve algum tipo de acordo de férias coletivas ou algo semelhante.

O presidente do Sindicato Rural de Guarantã do Norte lamenta que para muitos a demora para quitar a dívida é problemática, especialmente os pequenos. “Ainda mais numa região com 60% da economia dependendo do boi”, argumenta ele.

Histórico complicado

A indústria vem passando por altos e baixos desde 2019, naquele ano o Frigorífico devia R$ 68 milhões e tentava negociar com credores, e praticamente colocou a pequena cidade em um caos econômico. Na época, uma comissão se reuniu com a direção da unidade frigorífico a fim de resolver o impasse e receber o dinheiro da venda dos bois, as estimativas mostravam que cerca de 284 pecuaristas da região norte de Mato Grosso, estariam a mais de s meses 2 meses sem receber dinheiro pela venda de animais à indústria frigorífico.

Ao longo daqueles meses a empresa promoveu acordos com os pecuaristas afim de sanear a empresa. Os produtores torciam pela recuperação da empresa, para que ela cumprisse com as parcelas e voltasse a comprar. “Não há muito o que comemorar, receber é muito importante, mas torcer para empresa voltar operar e comprar nossa produção, isto que precisamos, comentou pecuarista Sandro Videira em comentário no Facebook.

Notícia de Outubro de 2019 – “Frigorífico se salva lastreando financiamento com recebíveis China e volta a pagar produtores”. A habilitação da planta de Guarantã do Norte (MT) para exportar para a China está sendo a salvação do Frigorífico Redentor e, mais ainda, uma atenuante para os produtores que estavam sem receber. Em nota exclusiva ao Money Times, a direção da empresa confirma a operação, sem mencionar o valor devido para os 284 pecuaristas. Mas segundo se comenta nessa região fronteiriça de Mato Grosso-Pará, girava em torno de R$ 10 milhões.

Frigorífico emite nota de esclarecimento

Com a redução da oferta de bovinos (matéria-prima), consequentemente, o FRIGORÍFICO REDENTOR S/A, por motivos alheios a sua vontade e de força maior, previstos no artigos 501 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e no Código Civil Brasileiro, teve que readequar a sua atividade industrial em todos os setores à nova realidade, da mesma forma que a grande maioria das indústrias nacionais que atuam no ramo frigorífico foram obrigadas a fazê-lo e estão fazendo, para ajustar o volume de abate, o que forçou a redução do número de seus valiosos colaboradores.

A medida extrema e necessária de dispensar colaboradores foi adiada ao máximo mas teve que ser tomada para preservar e salvaguardar os demais empregos diretos e indiretos, até como demonstração de respeito e responsabilidade do Frigorífico Redentor S/A, para preservar todos os empregos possíveis e necessários de serem mantidos, evitando o atraso no pagamento dos salários e dos acordos firmados, como também junto aos seus fornecedores, clientes e toda sociedade.

Cumpre esclarecer que a necessidade de rescisão dos contratos de trabalho foi comunicada com toda transparência pelo Frigorífico Redentor S/A aos seus colaboradores e ao SINTRACAL – SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DE CARNES E LATÍCINIOS DO PORTAL DA AMAZÔNIA, que representa os interesses da categoria.

As rescisões contratuais dos funcionários que aceitaram a proposta de acordo da empresa, estão sendo homologadas por intermédio da COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA – CCP, conforme previsão legal do artigo 625-A e seguintes da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

O Frigorífico Redentor S/A esclarece ainda, que em respeito aos colaboradores dispensados, está tratando a todos de forma igualitária de acordo com as faixas salariais de cada grupo, sendo, porém, que alguns colaboradores dispensados estão tentando tumultuar e atrapalhar as negociações dos acordos, pretendendo obter melhores condições de receber as verbas rescisórias do que os demais que já firmaram os acordos.

O Frigorífico Redentor S/A também afirma que, diferente do que foi veiculado nas redes sociais, não há salários atrasados, sendo que todos os salários e benefícios estão com os pagamentos em dia, sendo que esse movimento se dá unicamente em função da pretensão de alguns em obter condições diferenciadas dos demais para o recebimento exclusivamente das verbas rescisórias, conforme já mencionado na presente nota.

Por fim, o FRIGORÍFICO REDENTOR S/A reitera seu compromisso com seus colaboradores e toda a sociedade, lamentando os inconvenientes causados e firmando o compromisso de honrar com todos os seus compromissos como sempre fez e continuará fazendo. (nota completa aqui)


A crise do Redentor vem no embalo de indústrias médias e pequenas dependentes de mercado interno, em crise de consumo que se arrasta há mais de dois anos. De acordo com a informação passada pelo grupo, o fato de China ter habilitado praticamente só indústrias médias, ajudou a sustentar a atividade em várias regiões.

No caso de Guarantã do Norte, ainda há alguma concorrência perto, como o Frialto, de Matupá, e o JBS, de Alta Floresta. Só que enquanto o primeiro é pequeno, sem capacidade de absorver bois de outras praças, o JBS sozinho jogaria os preços lá para baixo.

Justiça determina desbloqueio do acesso

Decisão liminar proferida esta semana na Justiça do Trabalho determinou a liberação imediata do acesso ao Frigorífico Redentor. A determinação atende pedido da empresa por conta da realização de piquetes por ex-empregados, que reivindicam o pagamento das verbas rescisórias e impedem o ingresso e saída de pessoas e de veículos na entrada principal e na portaria dos fundos desde segunda-feira (22).

A ordem proíbe os envolvidos de impedir a livre circulação de pessoas, insumos e veículos, devendo as manifestações observar uma distância mínima de 15 metros dos portões da empresa. Em caso de descumprimento, será aplicada pena de R$ 10 mil por dia, além da conduta configurar crime de desobediência.

Fontes de algumas informações: Jornal Folha do Progresso

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