Plano Safra: O que agradou e o que deixou a desejar

Quem acompanha a negociação sabe que nenhum esforço teria tido efeito sem o aval da Economia. O que agradou e o que deixou a desejar no Plano Safra 20/21!

Prioridade na lista de desejos dos produtores para o Plano Safra 2020/2021, o corte na taxa de juro saiu. E agradou em parte, já que os percentuais seguem acima da Selic, reduzida ontem a 2,25% em reunião do Copom.

– Juros mais baixos eram o grande anseio da classe de produtores – disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que agradeceu a Paulo Guedes por viabilizar o plano.

Quem acompanha a negociação sabe que nenhum esforço teria tido efeito sem o aval da Economia.

Diante do cenário atual, Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), entende que esse foi o juro possível, apesar do desejo de que ficasse ainda menor:

– Com bancos empoçando liquidez, não adianta atribuir uma taxa que agrada ao ouvido, mas que ninguém acessa. Fica bom no discurso e ruim na prática.

Na mesma linha, Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), classifica como positiva.

– Sabemos do momento, do esforço do governo em função da crise. Se olharmos isso, a queda de juros é positiva.

Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), Paulo Pires avalia que, justamente por ser esse um momento atípico, é importante garantir as condições para investimentos do produtor:

– A redução do juro podia ser maior. Acho que os spreads bancários foram preservados.

Para produtores familiares, no entanto, o plano deixou a desejar. Hoje, haverá um detalhamento das linhas voltadas ao segmento. Houve redução de 0,25 a 0,6 ponto percentual, com as taxas ficando entre 2,75% e 4%.

– Não podemos concordar que os agricultores paguem juros acima da Selic – observa Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).

A unanimidade do Plano Safra é o R$ 1,3 bilhão para subvenção do seguro rural. A ferramenta é vital, sobretudo para Estados como o Rio Grande do Sul, onde o tempo pode impor duras perdas.

Destaques do pacote

1. O volume de recursos disponibilizados cresceu em relação à safra do ano passado (veja abaixo). Do total, serão R$ 154,3 bilhões a juros controlados e R$ 82 bilhões a juros livres. Nos que têm taxa definida, houve redução, que varia entre 0,25 e dois pontos percentuais, conforme o tipo de financiamento e a classificação do produtor (familiar, médio ou empresarial). Há ainda R$ 1,3 bilhão para subvenção do seguro rural e previsão de R$ 2,7 bilhões, a confirmar, para comercialização.

2. Pelo segundo ano consecutivo, o governo ampliou os recursos para subvenção do seguro rural. Projeção apresentada no anúncio do pacote aponta aumento de 30%, e a área segurada, em 40%, em 2021. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enfatizou a relevância da ferramenta diante da ocorrência de problemas climáticos: – Neste ano, tivemos uma seca monumental. Há 15 anos o Rio Grande do Sul não tinha uma como a de agora.

3. Novas linhas de financiamentos entraram no pacote do Plano Safra 2020/2021. Na área de inovação tecnológica, por exemplo, haverá crédito para a instalação de estações meteorológicas e também para a produção de bioinsumos. Na irrigação, a possibilidade criada é para a aquisição de equipamentos de monitoramento. No escopo da sustentabilidade, que hoje já conta com a linha de Agricultura de Baixo Carbono, será possível financiar a compra de cotas de reserva ambiental.

Fonte: Zero Hora.

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