A realização do exame andrológico nos touros usados para a reprodução na fazenda é imprescindível; o andrológico irá verificar o potencial reprodutivo
Por Sâmara Cristine Costa Pinto* –– Dentro das biotécnicas da reprodução que visam a eficiência reprodutiva na bovinocultura, a realização do exame andrológico é imprescindível. No sistema tradicional o macho é responsável, pelo menos, por cobrir 25 vacas, e o sêmen pode ser colhido e utilizado na inseminação artificial. O principal objetivo do exame consiste em selecionar reprodutores e estimar o potencial reprodutivo dos touros, além disso, identificar os animais com problemas de fertilidade. Assim, o exame andrológico deve ser visto como parte integrante da estação reprodutiva, sendo um alicerce para garantir bons resultados para os rebanhos de bovinos de corte e leite.
Mas o que é exame andrológico?
É uma avaliação periódica que corresponde ao conjunto de métodos que visa a obtenção de informações, tais como alterações no aparelho reprodutor, patologias e avaliação do sêmen, com o intuito de estimar o potencial reprodutivo dos machos, exclusivamente, feito pelo médico veterinário capacitado, que irá avaliar todas as condições clínicas gerais e reprodutiva de cada animal.
O andrológico, resumidamente, irá verificar o potencial reprodutivo, portanto, a capacidade de saltos dos touros em relação a quantidade de vacas e a qualidade dos espermatozoides produzidos e se o sêmen pode ser colhido, criopreservado e futuramente ser utilizado na inseminação artificial. Além disso, uma das grandes vantagens é a identificação de animais subférteis e inférteis.
Touros subférteis são animais que apresentam capacidade reprodutiva, mas a qualidade do sêmen baixa e de difícil identificação no rebanho, já touros inférteis são animais que não produzirão filhos. Animais inférteis são de fácil identificação no rebanho, mas animais subférteis são indesejáveis, pois aumentam a estação de monta e consequentemente diminuem a taxa de prenhez anual, tendo assim um menor número de vacas com bezerros ao pé. Sendo assim, antes da estação de monta é fundamental a realização do exame andrológico em todos os reprodutores.
De acordo com o Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA), o exame andrológico pode ser indicado nas seguintes situações:
- Avaliação do macho antes da estação de monta;
- Comercialização do reprodutor e venda do sêmen;
- Observação de falhas reprodutivas na estação de monta;
- Determinação da puberdade dos machos;
- Diagnósticos de patologias no aparelho reprodutor;
- Encaminhamento dos animais para central de colheita e processamento do sêmen;
- Potencialidade para criopreservação do sêmen.
O exame andrológico pode ser dividido nas seguintes etapas:
- Exame clínico geral: avaliação clínica de cada animal, observando o estado geral de saúde, histórico do animal, motivo para realização do exame, avaliação do sistema respiratório, digestivo e locomotor;
- Exame dos órgãos externos e internos: são examinados os testículos em relação ao posicionamento, biometria testicular (comprimento x largura x altura), temperatura, consistência, mobilidade e perímetro escrotal. Também são avaliados os epidídimos. Em relação aos órgãos internos, após a retirada das fazes, é realizado o exame das glândulas acessórias sexuais por palpação transretal e/ou ultrassonografia, no caso dos bovinos serão avaliados a próstata, glândulas bulbouretrais (palpáveis somente em condições anormais), glândulas vesiculares e ampolas.
- Colheita e avaliação espermática: Para colheita do sêmen, bovinos, pode ser realizada através da vagina artificial, eletroejaculação e massagem das glândulas vesiculares e ampolas. O método de escolha depende de cada situação clínica de cada animal. Após a colheita, o sêmen será avaliado quanto as características de: volume, turbilhonamento, motilidade espermática, vigor espermático, concentração espermática e morfologia espermática.
Para complementar o exame pode-se realizar avaliação do comportamento sexual de cada reprodutor, nesse teste observa-se se o animal é capaz de identificar as femêas em estro (cio).
Após a realização de todas as etapas do exame e análise dos resultados obtidos, o médico veterinário irá elaborar um diagnóstico com laudo conclusivo, emitindo o parecer técnico referente a condição reprodutiva daquele reprodutor naquele momento.
É possível classificar os reprodutores em apto, questionável e inapto para reprodução. Animais aptos são aqueles que atingiram as recomendações mínimas preconizadas para espécie. Animais inaptos são aqueles reprodutores que apresentam após um ou mais exames condições indesejáveis e são incluídos também animais acometidos com afecções irreversíveis e anomalias genéticas.
Os demais casos, são incluídos na categoria de questionáveis, geralmente são touros imaturos e que sofrem de problemas transitórios ou animais que possam apresentar dificuldades na colheita do sêmen e que apresentem padrões seminais abaixo do recomendado.
Vale ressaltar que essa condição pode ser temporária e deverá ser confirmada pela realização de exame adicionais e repetição do exame andrológico após 60 dias, tempo médio da espermatogênese, para emissão do laudo conclusivo. Após a reavaliação, verificada a condição dos animais, os mesmos podem ser classificados como inaptos, e consequentemente, eliminados da reprodução.
Em relação ao prazo de validade do exame andrológico, é importante reforçar que esse exame reflete a condição do animal naquele momento, dessa forma algumas entidades, instituições, feiras e exposições de comercialização de reprodutores estipulam prazo máximo de 60 dias, sendo assim laudos emitidos com mais de 60 dias devem ser repetidos por profissionais capacitados. Na compra de reprodutores, sempre deve ser exigido o exame andrológico como forma de garantia do potencial reprodutivo daquele animal.
Sâmara Cristine Costa Pinto – Pós-doutorado em Reprodução animal (USP), Doutorado em Reprodução Animal (USP), Mestrado e Médica Veterinária (UEMA)
Referências – Colégio Brasileiro de Reprodução Animal. Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 3.ed. Belo Horizonte: CBRA,2013.
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