Preço de leite: “Nossa orientação aos produtores”

Analista lista orientações em tempos de preços realmente positivos na cadeia leiteira; Aumento da demanda faz preço do leite subir

O preço do leite pago ao produtor em junho subiu 9,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, aponta o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Na Média Brasil, o litro chegou a R$ 1,5135 — valor pago em junho referente à captação de maio. Em termos reais, a média atual está 2,7% menor que a verificada em junho de 2019, mas é a maior desde julho passado.

É hora de celebrar? Confira a análise de Wagner Beskow:

Aproveitar esta curva de alta fenomenal no preço do produto, saldando obrigações financeiras, fazendo manutenções atrasadas e reformas NECESSÁRIAS, de imediato.

Fazer isso de forma a sobrar uma economia que deve ser investida em opção de baixo risco e mantida rendendo para o próximo período de crise de preços. Sim ele sempre vem!

Quem teve aumento acima de 20% frente ao preço médio recebido de junho/2019 a maio/2020 deve ficar em alerta para uma reacomodação de preços.

Quem obteve aumento superior a 30% está na categoria de alto risco e dos que mais deverão sentir a queda.

Não fazer compromissos contando com preço alto. Use o preço médio dos últimos 12 meses para julgar se é ou não viável qualquer investimento presente.

O preço histórico médio do leite ao produtor tem sido US$0,30/L. Com a suba do dólar de fevereiro deste ano para cá era esperado e necessário que alguma reacomodação ocorresse, pois insumos que dependem do dólar, como fertilizantes e grãos, foram às alturas.

No entanto, há uma ruptura momentânea dos vasos comunicantes com o mercado internacional no que tange à importação de lácteos devido ao dólar.

O efeito da injeção de dinheiro via ajudas emergenciais do governo federal combinado com a retomada de muitos restaurantes e lancherias, levaram a um aumento de demanda que não acompanhou a oferta doméstica de leite e, pelo menos por enquanto, ainda não foi arrefecida com importação de lácteos, devido ao câmbio.
Ocorre que tudo isso tem limites!

Os preços nas gôndolas não estão acompanhando os preços no campo, com exceção dos queijos.

Os preços em dólar, de produtos da concorrência internacional, estão baixos e recentemente, apresentando recuo.

A produção do Sul está em crescimento sazonal para um pico em setembro.

Logo após este começam as chuvas no Brasil tropical, aumentando a oferta.

E, logo em seguida, devem cessar as ajudas emergenciais o que poderá ser a puxada do andaime para milhões de pessoas ficarem agarrados no pincel.

Como produtor de leite, você deve se resguardar desse impacto não contando com os preços deste momento, não acreditando em Papai Noel e usando este recurso como sugerido acima. Tem empresas quebradas ofertando o que não podem pagar e, mesmo as saudáveis, já atingiram seu limite pela falta de igual resposta na ponta consumidora.

Parece tudo muito lógico, mas quando o ritmo vira oba! oba! a emoção se sobrepõe à razão e cabeças se perdem.

Dependendo de como se combinarem os fatores que desarmarão esta escalada de preços, poderemos ter uma bolha rebentando (queda abrupta e muito grande) ao invés de um balão desinflando, o que seria o normal.

Quem fará isso ser bolha ou balão para você, em termos de efeitos no seu negócio, será você. As ferramentas estão aí.

Wagner Beskow – Transpondo Pesquisa, Treinamento e Consultoria Agropecuária

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