Problema do leite não é o preço, afirma CEPEA

Margem positiva depende de alta produtividade e controle de custos. Estudo mostra margens discrepantes em propriedades de MG e PR que receberam quase o mesmo valor pelo litro de leite.

O sucesso financeiro da atividade leiteira se baseia no tripé preço de leite, custo de produção e eficiência produtiva.

Dado que o primeiro atributo, o preço do leite, é definido pelos fundamentos de mercado, cabe ao produtor controlar os custos de produção e buscar aumentos de produtividade, sempre visando os melhores resultados financeiros para a atividade.

Para destacar a importância desses dois últimos pilares, foi realizado um comparativo entre duas propriedades típicas do projeto Campo Futuro que receberam valores similares pelo litro de leite produzido, mas que registraram margens discrepantes, justamente em função do custo de produção e da produtividade.

Entre 2017 e 2018, as propriedades típicas de Passos (MG) e Cascavel (PR) receberam pelo litro de leite, R$ 1,18 e R$ 1,20, respectivamente. 

Porém, quando se analisa a margem bruta, obtida pela subtração entre a receita e o custo operacional efetivo (COE), que considera os desembolsos da atividade, os resultados das duas regiões são bem diferentes. Enquanto a propriedade mineira obteve margem bruta de R$ 468,91/hectare, a paranaense obteve R$ 5.751,56/ha.

Enquanto a propriedade mineira obteve margem bruta de R$ 468,91/hectare, a paranaense obteve R$ 5.751,56/ha.

Quando se analisa a margem líquida, resultado da subtração entre receita e custo operacional total (COT), que considera o COE acrescido de depreciações e pró-labore, segue-se a mesma tendência.

A propriedade mineira não produz receita suficiente para cobrir o COT, gerando margem líquida negativa, em R$ 569,96/ ha, ao contrário da paranaense, que consegue margem líquida positiva, em R$ 3.277,10/ha.

O grande diferencial para esse resultado é a eficiência na produção em Cascavel. Mesmo tendo menor área agricultável, a propriedade paranaense produz mais leite que a mineira. Dessa forma, a produtividade em Cascavel é 135% superior à observada em Passos (de 14.984 L/ha em Cascavel e de 6.379 L/ha em Passos).

Outro indicador que mostra a eficiência da produção em Cascavel é a utilização da mão de obra – na propriedade típica paranaense, a eficiência é 30% superior à da mineira.

Outro exemplo dos benefícios da maior eficiência vem da produção de silagem de milho. Em Cascavel, o custo por hectare da ensilagem é superior ao observado em Passos, mas, como a produtividade é mais elevada na propriedade paranaense, a tonelada da silagem é 12% mais barata. 

Dessa maneira, caso a produtividade de Cascavel fosse atingida em Passos, uma área menor seria necessária para produzir a mesma quantidade de alimento, liberando espaço para arrendamento. Isso levaria a aumento e diversificação da receita da propriedade.

Ajustes efetivos para aumento de eficiência produtiva só são possíveis quando se tem controle dos custos de produção e de dados zootécnicos. Com essas informações em mãos, o produtor de leite e o técnico que acompanha a propriedade conseguem identificar quais são os gargalos da produção, tendo, com isso, subsídios para a tomada de decisão e para o planejamento da atividade.

Num cenário de custos de produção equilibrados e de alta produtividade, o produtor diminui a dependência de valores elevados recebidos pelo litro de leite para atingir resultados atrativos de margem na atividade leiteira.

Fonte: Cepea-Esalq

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