Pecuária de corte: Sustentabilidade e Genética

O Brasil é detentor do maior rebanho comercial do mundo, com aproximadamente 220 milhões de cabeças. Entretanto ainda se vê como aquele “irmão mais novo” diante dos seus concorrentes.

A muito se é discutido entre os envolvidos na cadeia da carne sobre o futuro do setor. Esse debate tem gerado inúmeras pesquisas relacionadas a forma de se produzir: ILP, ILPF, melhoramento genético, dieta balanceada. Ou seja, a aposta é em aumento de produção com menor impacto ambiental. Por quê isso agora?

O consumidor está cada dia mais preocupado em saber a origem do alimento que ele consome. A preocupação da população vai do bem-estar animal até o impacto em que o sistema de produção trouxe para o ambiente que ele está inserido.

Sendo assim, depois de alguns estudos trouxe dois assuntos que considero como gargalos para se manter na atividade de forma lucrativa:

Sustentabilidade

Sabemos que o sistema de produção de proteína animal, especificamente a carne, é erroneamente associada e envolvida pelos ambientalistas como sendo a responsável pelo desmatamento. Pois bem, vamos nos atentar a alguns fatos e números para poder sanar essa dúvida de uma vez por todas.

Uma taxa de lotação de 1UA/ha:

  • Emissão de CO² eq.: 1.800 kg
  • Sequestro de CO² eq/ha/ano pelo pasto: 3.600 kg

Essa diferença prova que o sistema boi/pasto tem um potencial para retirar gases do efeito estufa do ambiente. (NEIVA, 2016)

Estudos realizados pela EMBRAPA reforçam esta afirmação, constatando que a diferença líquida do balanço de carbono da pecuária é positiva. O saldo é de 7,68 toneladas/ha/ano de CO2 sequestrado em pastagens recuperadas frente à vegetação natural, o que garante o abatimento das emissões dos bovinos (EMBRAPA, 2015).

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Foto: Nelore Marca 11

“Se a demanda por carne aumenta, mas a taxa de desmatamento é mantida constante, os produtores vão precisar intensificar, ou seja, serão incentivados a recuperar pastagens degradadas e isso faz com que se tenha mais sequestro de carbono no solo”, explica Silva, que é pesquisador da Universidade de Edimburgo e da Faculdade Rural da Escócia.

Depois de tais fatos, é hora de quebrarmos as barreiras impostas pelo tradicionalismo das raízes da pecuária. Hoje para se produzir e ter lucro é preciso trabalhar de forma intensiva e sustentável, garantindo um aumento de produtividade com redução na idade ao abate aliada a preservação dos recursos naturais.

Genética

O melhoramento genética é uma das mais importantes ferramentas que o produtor tem nas mãos, porém ainda usada de forma errônea. A comercialização de touros em leilões são grandes, a de sêmen pelas centrais também está disparada. Entretanto o controle e adoção de práticas corretas para utilização dessa ferramenta é ineficiente dentro das propriedades.

Um comparativo, no país do futebol, para entendermos melhor o assunto: o “peladeiro do fim de semana” não é considerado por ninguém como um jogador profissional. Pois bem, como considerar um “inseminador de fim de semana” um geneticista apto a te informar qual o melhor touro para a genética da sua fazenda?

Entenda que não estou criticando os inseminadores, mas precisamos defender o papel que cada um ocupa no sistema de produção.

Hoje, estima-se que somente 20% dos touros reprodutores no país tenham passado por programas de seleção genética. Significa que o Brasil, líder mundial em exportação de carne bovina – com 1,2 milhão de toneladas – escolhe os descendentes desse legado basicamente “no olho”, sem um pano de fundo estatístico.

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Nelore CEN / Foto: José Peres – Zzn Peres

Sendo assim, a pergunta final que eu deixo é: Como vamos alcançar um patamar de menor idade ao abate com programa genético ainda tão precário?

Referências

NEIVA, R.A. Mudanças Climáticas Na Mídia: Jornalismo E Agricultura No Contexto Do Aquecimento Global. 2016. Disponível em: . Acesso em: 28/03/2018.

EMBRAPA. Notícias. Aumento na produção de carne pode diminuir emissão de gases de efeito estufa. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9068334/aumento-na-producao-de-carne-pode-diminuir-emissao-de-gases-de-efeito-estufa>. Acesso em: 28/03/2018.

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