Qual o melhor, Free-Stall ou Compost barn?

Sempre haverá a discussão, dentro da pecuária leiteira, sobre qual o melhor e mais rentável sistema para utilizar na produção de leite, Free-stall ou Compost barn. Vamos tentar descobrir?

A produção leiteira é um dos grandes pilares da agropecuária nacional. O setor produtivo é composto por pequenos, médios e grandes produtores. Além disso, possuem uma variedade nos níveis de tecnologia adotadas, a diversidade na forma de produzir leite é muito grande.

Diante desses fatos, vamos elucidar nesse artigo, um pouco sobre os dois sistema de produção de leite, o Free-stall e o Compost barn. Vamos trazer ainda, a opinião de pessoas que utilizam os sistemas, de forma a ilustrar cada um deles.

O Free stall e o Compost barn têm o intuito de oferecer mais conforto ao animal para que eles tenham condição de expressar todo o seu potencial genético através da produtividade.

Free-stall

Primeiramente, o confinamento Free Stall é aquele em que os animais ficam soltos em áreas cercadas, normalmente divididas em duas ou quatro partes.

Na primeira existem baias individuais forradas com areia ou borracha triturada, nas quais os animais ficam lado a lado. São nelas em que eles descansam.

As dimensões dessas baias costumam variar com o tamanho do animal, mas o ideal é que ela seja comprida o suficiente para ao se deitar ele esteja sempre confinado na baia. As outras partes do confinamento são destinadas a exercícios e a alimentação do rebanho e, por fim, existe o espaço para a ordenha.

Esse sistema tem se tornado cada vez mais popular por conta do seu manuseamento mais fácil. Enquanto as vacas não estão sendo ordenhadas, podem ficar vagando livremente pelo espaço.

Este também é projetado de maneira a facilitar a alimentação dos animais. Muitas vezes ela é mecânica, sendo um dos muitos benefícios que a tecnologia traz para o produtor de leite.

No modelo mais comum desse confinamento, a alimentação é feita através de um corredor central que corta todo o espaço. O conteúdo fica a cargo do proprietário, que pode optar pela ração isolada ou por complementá-la com outras opções.

No momento da ordenha, os animais podem ser treinados para ir para um local específico, com uma alimentação especial, mais concentrada. Além dessa facilidade, o sistema de confinamento Free Stall traz diversos outros benefícios.

Normalmente, as vacas em processo de lactação ficam a maior parte do tempo confinadas, saindo apenas para que o leite seja ordenhado.

As vantagens do confinamento Free Stall

Um dos maiores objetivos desse tipo de sistema de confinamento é o conforto do animal, primeiramente, através do seu controle térmico. Isso é extremamente importante, pois, seja qual for o animal, ele precisa estar o mais confortável possível para poder se alimentar da maneira ideal.

A construção do sistema é bem importante, pois é preciso se atentar a inclinação do telhado, as telhas que serão usadas na construção e diversos outros pontos que sempre irão ter o maior conforto do animal em mente.

Outra grande vantagem do confinamento Free Stall é um controle maior do sistema, podendo proteger o gado de condições climáticas adversas e críticas. Por exemplo, quando ocorre uma seca, a alimentação dos animais pode ser comprometida.

Esse é o principal objetivo da implementação desse método de confinamento: aumentar a produção.

O confinamento em galpões com sistema free-stall é um dos sistemas preferidos pelos produtores para a criação de gado de leite.

Vantagens:

  • Custo operacional econômico
  • Fácil mecanização
  • Animais se exercitam regularmente
  • Menor área de repouso necessária quando comparada com a de repouso coletivo
  • Vacas permanecem mais limpas
  • Alta flexibilidade para organizar diferentes manejos de alimentação, grupos, etc.

Desafios:

  • Custo de construção alto
  • Menor atenção individual
  • Maior competição
  • Vacas mais suja se houver falha no manejo de limpeza

Compost Barn

O Compost Barn é um celeiro de compostagem, ou seja, uma grande área coberta de descanso para os animais, que normalmente possui o chão coberto com serragem ou feno. Esse sistema é novo no Brasil, mas já vem sendo implantado por vários produtores!

Porém, precisamos entender que a instalação é mais complexa do que isso. Para Brito et al. (2009), as instalações devem proporcionar condições de higiene, sanidade e eficiência no manejo, além de simplicidade, para que os custos sejam reduzidos e os animais possam explorar todo seu potencial genético.

Conforme apresentado na Figura abaixo, observe que a instalação é simples, porém com tecnologias como os ventiladores e pé direito alto, que favorecem o Bem-Estar Animal.

Como dito anteriormente, essa instalação possui um ponto fundamental que é o adequado manejo da cama. Por se tratar de um material de compostagem, é preciso que o manejo seja feito de forma correta para evitar as altas temperaturas (acima do recomendado), umidade excessiva nos períodos de chuva, animais sujos e aumento da CBT e CCS do leite.

projeto-compost-barn
Figura 3 – Projeto Compost Barn. Fonte: Fazenda Santa Maria
É importante que a instalação seja projeta tendo alguns critérios:
  1. Local deve ser escolhido de acordo com a posição do sol, permitir a boa ventilação, pé direito alto e portões de entrada das máquinas para manutenção da cama.
  2. Dimensionamento deve ser feito de acordo com o número de animais que serão alojados, evitando a superlotação.
  3. Escolha do material utilizado na cobertura da cama, observando a sua disponibilidade na região.
  4. Estabelecer cronograma para manutenção da cama, treinamento da mão de obra e disponibilidade de maquinário.

Quando realizamos este planejamento antes da construção da instalação, estaremos minimizando custos e trabalhando de acordo com a realidade da propriedade. Entenda que não existe uma receita ou projeto pronto para ser vendido, cada propriedade possui as suas características próprias.

Depois de finalizada a instalação, é necessário a manutenção com a cama. O manejo consiste no seu revolvimento/revirar do material pelo menos duas vezes ao dia, quando os animais estão na ordenha. Além disso, é necessário realizar a reposição periódica do material.

Quando realizamos a manutenção de forma correta, alcançamos melhorias como:
  1. Aumento da temperatura da cama, redução da umidade e com isso melhoramos o processo de compostagem.
  2. Animais limpos, com redução da CBT e CCS do leite.
  3. Melhoria no BEA, ou seja, animais sem estresse tendem a ter maior produção.
  4. Redução nos problemas de casco e melhorias no escore de locomoção e jarrete.
  5. Maior conforto para os animais, proporcionado pela cobertura da cama.
  6. Diminuição de odores e da incidência de insetos.

Quando falamos das vantagens da utilização dessa instalação, não podemos deixar de falar sobre os rejeitos. Quando ocorre a retirada do material que passou pelo processo de compostagem, são eles utilizados como adubos nas mais diversas lavouras, podendo também ser utilizado para a geração da bioenergia.

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Para finalizar, a opção dessa instalação é vantajosa em inúmeros aspectos e pode ser utilizada para pequenos e grandes rebanhos de forma a proporcionar um local seco e arejado, durante todo o ano. Além disso, o conforto proporcionado pela cama e a utilização de tecnologias como a escova rotativa e ventiladores, permite que esse animal possa expressar todo o seu potencial genético, aumento a sua produção e melhorando os índices de reprodução.

Opinião de especialista

A médica veterinária e produtora de leite Helena Nogueira Frota de Aquino, comentou, para a SCOT Consultoria, sobre o sistema que utiliza em sua fazenda e os manejos realizados para as vacas confinadas

Helena Nogueira Frota de Aquino é médica veterinária (PUC-MG) e possui mestrado em zootecnia pela UFMG. Além de atuar como produtora de leite é consultora de diversas propriedades do setor, atuando nas seguintes áreas: bovinocultura de leite, produção animal, nutrição e alimentação animal, reprodução animal e gestão.

SCOT: Helena, nos conte um pouco sobre o modo de produção implementado em sua fazenda.

Helena Nogueira: O sistema utilizado na propriedade é o compost barn. Atualmente, a fazenda possui cem vacas em lactação, que são ordenhadas três vezes por dia e apresentam média de produção de 35 litros/vaca/dia.

A respeito da alimentação das vacas, o volumoso fornecido é a silagem de milho, produzida na própria fazenda. Além disso, todo concentrado também é formulado na propriedade, a partir da compra dos insumos, farelo de soja, milho, sal mineral e polpa cítrica, a fim de atingir as exigências dos animais.  

SCOT: Em relação ao compost barn, qual sua opinião sobre a eficiência desse sistema?

Helena Nogueira: É um sistema de confinamento que, como qualquer outro, pode proporcionar sucesso ou não, tudo depende da forma como é utilizado, dos animais que você coloca nesse sistema, do manejo adotado, e, principalmente do manejo da cama.

É um sistema novo, e no Brasil, muitos têm adotado de forma incorreta.

É fundamental gerenciar os indicadores da fazenda para saber se realmente está dentro das necessidades, se ele vai gerar para o produtor os benefícios que ele pode gerar.

O que é mais importante, para mim, independente do sistema que você utiliza, é ter esse gerenciamento de dados, informações para diagnosticar onde está o problema e o sucesso de cada sistema.

SCOT: Na sua opinião, quais as vantagens do sistema free stall?

Helena Nogueira: No sistema free stall os animais ficam mais individualizados, conseguindo ter maior controle. O investimento é maior em relação ao compost barn, mas é um sistema, que assim como o compost barn, vai funcionar bem ou mal, dependendo da forma que for empregado.

Acredito que a individualização do animal permite identificar melhor cada um deles, de detectar algum tipo de problema, além de utilizar uma menor área para o animal.   

Conclusão

Sendo assim, a instalação pode ser feita de forma simples ou ser construída com toda a tecnologia disponível, desde que seja economicamente viável para a realidade da empresa rural.

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