Queijo paranaense premiado mantém tradição holandesa

Ao longo do evento, os convidados participaram de uma degustação, sem ter acesso a informações do produto e sem saber quem produziu.

A família Verburg tem uma longa tradição na produção de queijos. Na década de 1960, os avós de Sander Verburg aportaram no Brasil, vindos da Holanda. Compraram um pedaço de terra em Arapoti, no Norte Pioneiro, e começaram a criar vacas holandesas. A matriarca da família, Corbélia, já fabricava queijos no país europeu, inclusive um tipo gouda, premiado por lá. Aqui no Brasil, ela deu sequência à produção, apostando em variedades de queijos.

“Até uns dez anos, quando eu saía da escola, ia para a casa da avó. Ela ficava brincando com a gente e, de vez em quando, tinha que sair para virar os queijos. Eu presenciava isso no dia a dia dela. Os queijos desde sempre estiveram na minha família. Mas era uma produção mais voltada à família”, conta o queijeiro Sander Verburg. “A minha avó ensinou todas as noras a fazerem o queijo. Assim, a minha mãe, Gezina Willemina, aprendeu a receita”, acrescenta Verburg.

Dez anos atrás, Gezina começou a produzir em maior escala, para comercializar. “A minha mãe viu que poderia ganhar um dinheiro com os queijos, que ela tinha como hobby”, diz Verburg. Por essa época, o produtor rural, que tinha acabado de se formar em Engenharia Ambiental, se mudou à Holanda, onde fez um curso de pós-graduação. Lá, Verburg se casou e teve dois filhos. Em 2020, decidiu que voltaria ao Brasil com a família, para ajudar na produção de queijos. Antes, no entanto, fez um estágio em uma queijaria holandesa.

“No ano retrasado, minha mãe tinha expandido a produção. Aí, surgiu a ideia de eu voltar ao Brasil e me dedicar aos queijos. Minha mulher, Miriam, aprendeu a receita e estamos todos envolvidos na produção”, reforça. “A nossa queijaria, a Queijos Corbélia, é uma homenagem à minha avó”, observa.

Prêmio

A arte de produzir queijos teve reconhecimento no final de junho. Dois queijos artesanais produzidos por Verburg – que tinham sido vencedores em suas respectivas categorias do Prêmio CNA Brasil Artesanal, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – foram os mais bem avaliados – ficaram em primeiro e em segundo lugares numa etapa extra do concurso, chamada de “O campeão dos campões”.

Para essa etapa extra do prêmio, foram avaliados os queijos que ficaram na primeira e segunda colocações nas três categorias do Prêmio CNA Brasil Artesanal.

Ao longo do evento, os convidados participaram de uma degustação, sem ter acesso a informações do produto e sem saber quem produziu. Após provar os queijos concorrentes, eles votaram de forma secreta, depositando o voto em uma urna. O vencedor foi o Queijo Cornélia maturado, produzido por Verburg. O Queijo Cornélia condimentado, também do queijeiro paranaense, ficou em segundo lugar.

“O nosso queijo é tipo gouda, produzido com leite cru, o que dá um sabor bem autêntico ao produto. O segredo do nosso queijo também está na etapa anterior: o leite, a alimentação das vacas, o tratamento que damos a elas”, aponta Verburg. “O nosso condimentado leva feno grego, que é um condimento que conhecemos na Holanda. Dá um sabor de nozes ao queijo”, explica Verburg, que viajou a Brasília acompanhado da mãe, Gezina Willemina, que o ensinou a fabricar queijos.

Como premiação, Verburg e Gezina ganharam uma desnatadeira, R$ 6 mil em cada categoria, além de um curso do Sebrae Empretec.

Quando decidiu participar do Prêmio CNA Brasil Artesanal, a ideia de Verburg era usar a competição como uma espécie de termômetro. “Eu queria colocar os nossos queijos à prova, saber como ele se sairia em uma avaliação técnica, como seria a aceitação”, aponta. Para isso, o queijeiro se inscreveu em duas categorias: natural, entre 30 e 180 dias de maturação; e artesanal aromatizado ou condimentado. Os queijos foram avaliados com outros 90 participantes do Prêmio CNA Brasil Artesanal, que levou em consideração critérios de degustação, técnicos e históricos de cada produto.

Diversificação

A família, no entanto, não vive só dos queijos. Os Verburg mantêm um plantel de 150 vacas, que produzem, em média, 4 mil litros de leite por dia. “Quando vamos fazer queijo, informamos a minha irmã, que cuida da parte de leite. Ela faz a seleção das vacas que produzem o melhor leite”, conta Verburg. De olho na otimização dos processos, o queijeiro tem a especialização contínua em seu horizonte.

“Como eu voltei da Holanda no ano retrasado, ainda não deu tempo de fazer novos cursos, mas isso está nos meus planos. A gente sabe do trabalho importante que o SENAR-PR faz. Vou procurar algum título relacionado a gestão de propriedade e à produção de leite”, diz.

Fonte: Sistema Faep
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