O fogo já consumiu mais de 1 milhão de hectares do Pantanal neste ano, o triplo do que foi registrado em 2022. É o pior novembro em quantidade de incêndios em 21 anos. Imagens mostram desespero do produtor rural
Nesta semana, os incêndios no Pantanal chegaram à rodovia Transpantaneira, que liga o município de Poconé, a 104 km de Cuiabá, a Porto Jofre, na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul. No entanto, o bioma já vem queimando há mais de 30 dias, nos dois estados. Imagens mostram o desespero do produtor rural com a chegada do fogo a sua propriedade e gado fica sem abrigo.
Até o momento, o fogo consumiu mais de um milhão de hectares da biodiversidade, o triplo do que foi registrado no ano de 2022 inteiro. É o pior novembro em número de incêndios em 21 anos. Este ano já registrou um número recorde de incêndios para novembro, com mais de 3000 focos registrados até o dia 15 de novembro, superando em cinco vezes a média histórica para o mês.
Grupo de pecuaristas estão se organizando para tentar responder rapidamente caso o fogo, que muitas vezes tem origem em áreas de vegetação nativa de reservas e parques, invada as fazendas produtivas da região. Como é o caso do vídeo abaixo.
Segundo os especialistas e os dados históricos do INPE, os incêndios são comuns nesta época do ano no Pantanal, mas o El Niño piorou o quadro. Isso porque o fenômeno – que deve senestender ate o primeiro trimestre de 2024 – está intensificando o clima seco, o que favorece os focos de calor em boa parte do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde se localiza a maior parte do bioma.
Pouca chuva e os efeitos do El Niño explicam o recorde de focos de fogo em pleno período chuvoso, que vai de outubro a março, segundo especialistas. De acordo com o meteorologista Guilherme Borges existem regiões isoladas em que não se pode atribuir a culpa dos incêndios à ação humana. “As pancadas de chuva na região não acumulam valores significativos e geralmente estão acompanhadas por raios. Quando esses raios atingem o solo e entram em contato com a vegetação já muito seca, favorecem a ocorrência de queimadas. Outro fator importante são os ventos, que ajudam a espalhar o fogo com mais facilidade”, explica.
Assim, as temperaturas tendem a ficar mais elevadas, enquanto a chuva ocorre de maneira irregular, em pancadas associadas ao forte calor, sem acumular valores significativos que possam combater os focos de incêndio.
“A situação é crítica. Estamos com todas as condições propícias para que o fogo se alastre”, afirma ao Globo Rural o presidente da Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO), Eduardo Cruzetta. Hoje, há mais de 200 brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) trabalhando para conter incêndios em trechos da BR-262, no entorno do Parque do Rio Negro e na Terra Indígena Kadiwéu.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) solicitou reforço ao governo federal, e um grupo de brigadistas do Paraná deve chegar ao Estado até o fim de semana, informou ainda matéria do veículo do Grupo Globo.
“Está queimando há quatro dias. O fogo vem de longe, mas viaja muito durante o dia”, diz João Marson, de Miranda (MS). A equipe da fazenda apagou um incêndio nas margens da BR-262 recentemente. “Mas, às vezes, não tem quem possa controlar, a temperatura e a fumaça ficam muito altas”.

As 10 áreas mais atingidas pelo fogo são:
- Terra Indígena Tereza Cristina: 50,57%
- Parque Estadual Encontro das Águas: 34,79%
- Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense: 27,31%
- Fazenda Estância Dorochê: 84,50%
- Terra Indígena Kadiweu: 20,10%
- Fazenda Rio Negro: 16,78%
- Poleiro Grande: 80,26%
- Terra Indígena Baía dos Guató: 17,30%
- Serra das Araras: 3,41%
“Ainda não foi possível identificar vidas de animais que podem ter sido perdidas”, diz a publicação do Instituto Homem Pantaneiro, que compartilhou as imagens.
Na última quarta-feira (15), o fogo chegou a invadir a rodovia Transpantaneira. As chamas foram controladas pelas equipes de brigadistas e não alcançaram as casas.
Os incêndios levaram os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados que abrigam o bioma, a decretar situação de emergência na região norte do Pantanal.
Causas
A causa dos incêndios ainda está sob investigação. Os especialistas avaliam se começaram por causa da queda de raios ou por ação humana.
“Não foi possível esclarecer se todos os incêndios no Pantanal se iniciaram com um raio, uma descarga elétrica, ou não, como em 2020, quando muitos foram por crime ambiental, alguém botando fogo para destruir a vegetação”, disse o climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.
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