Seca no Sul deixa produtores sem água e prejudica produção de leite

Números mostrados pela Emater às secretarias da Agricultura, Meio Ambiente e Obras revelam extensão da estiagem; Água já é insuficiente em 6 mil propriedades

As cerca de 400 mil propriedades rurais existentes no Rio Grande do Sul, cerca de 140 mil estão com algum problema relacionado à estiagem, sendo que em 6 mil delas já há insuficiência de água para consumo humano e dos animais. Os números foram apresentados ontem pela Emater/RS-Ascar, em reunião com as secretarias de Agricultura, Meio Ambiente e Obras. O encontro apontou a necessidade de antecipar a execução das verbas do Programa Avançar RS para o segmento, estipuladas em R$ 275,9 milhões pelo governo do Estado, como uma das ações para reduzir os prejuízos causados pela falta de chuva à agropecuária. 

A secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti, relembra que em torno de R$ 200 milhões da verba do Avançar Agricultura devem ser destinados à qualificação da irrigação, o que inclui a perfuração de poços e açudes, entre outras ações. Silvana solicitou para esta semana uma audiência com o governador Eduardo Leite para tratar, segundo ela, de dar “celeridade” ao programa. Ontem, a secretária também participou de reunião com o secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos Filho, junto com os titulares das pastas de Agricultura dos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, também atingidos pela estiagem. Nesta quarta-feira, Silvana tem encontro virtual exclusivo com a ministra Tereza Cristina.

Segundo o presidente da Gadolando, Marcos Tang, em regiões do Estado, como na Serra Gaúcha, a falta de chuvas inclusive matou diversas plantações de milho, dificultando a estocagem para a alimentação animal. “Não gostaríamos de ser repetitivos, mas os problemas estão repetitivos. A maioria do Rio Grande do Sul está com uma estiagem severa, porém, na Serra, por exemplo, já tivemos secas piores. Mas esta, com dias muito quentes, matou o milho, dizimando lavouras inteiras, tendo que fazer o replantio ou comprar alimentos, mas não tem nem onde comprar, pois os vizinhos estão na mesma situação”, revela.

Tang salienta ainda que o produtor de leite está com extrema dificuldade no Rio Grande do Sul de produzir alimento para o seu gado. Mesmo com investimentos em genética e tecnologia, a falta de alimentos é prejudicial ao gado. “A vaca produz leite quando é bem conduzida, com água de qualidade, conforto e bom alimento em quantidade e qualidade suficiente e adequada para cada vaca conforme seu peso e produção diária”, destaca.

O presidente da Gadolando também lembra que, junto do problema da seca, a baixa remuneração pelo litro do leite preocupa. “Assim ou se vende os animais e não tem mais leite ou se compra alimento, só que este alimento tem que vir muitas vezes de fora e o preço é muito alto. E junta-se isso com uma remuneração do litro do leite em baixa. Essa conjugação está acabando com o nosso produtor. Ou seja, não se tem alimento e precisa comprar, o custo de produção sobe e a remuneração está baixa”, observa.

Tang reforça que o produtor de leite pede uma atenção especial das autoridades e também explica ao consumidor que as coisas estão difíceis e com pouca previsão a curto prazo de melhora. “A Gadolando alerta sobre este cenário do produtor de leite. Estamos com o nosso custo de produção elevadíssimo, pressionado pela estiagem”, complementa.

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