
Equinos podem ter sido intoxicados por mofo e toxinas presentes no feno contaminado; caso reacende a importância dos cuidados com a alimentação e o armazenamento de alimentos no manejo dos animais.
Um caso grave mobiliza criadores e profissionais da área veterinária em Goiânia. Cerca de 12 cavalos de um haras localizado às margens da GO-060, na saída para Trindade, foram supostamente intoxicados após consumirem feno contaminado por fungos. O Instituto Equestre Camilla Costa, responsável pelos animais, confirmou a morte de cinco deles, dois cavalos, duas éguas e um pônei, enquanto os demais seguem recebendo atendimento intensivo.
Em nota divulgada nas redes sociais, o Instituto lamentou as perdas e pediu apoio: “A batalha que estamos lutando não está fácil. Pedimos orações, seja qual for a sua crença. Em dois dias, perdemos cinco guerreiros.”
Segundo informações do SBT Notícias, os animais estariam consumindo o feno contaminado há pelo menos 15 dias. Amostras do feno foram recolhidas para análise laboratorial, a fim de confirmar a presença de contaminação fúngica. Também foram realizadas coletas durante as necropsias dos animais mortos para auxiliar na investigação.
Há ainda a suspeita de que outros 13 animais, pertencentes a uma outra propriedade, também tenham sido expostos ao mesmo lote de feno contaminado.
Uma estudante de veterinária que realizou estágio no local compartilhou vídeos nas redes sociais mostrando a gravidade do quadro clínico e o esforço da equipe de veterinários para salvar os animais. Segundo ela, os cavalos apresentaram sintomas compatíveis com intoxicação alimentar, como falta de apetite, apatia e dificuldade de locomoção.
O feno é um dos alimentos básicos na nutrição de cavalos, mas sua má conservação pode transformar o que deveria ser saudável em uma fonte de toxinas letais. O mofo, por exemplo, pode liberar esporos que afetam o sistema respiratório e micotoxinas que atacam o fígado e os pulmões. Já a presença de plantas venenosas, como a cicuta, pode agravar ainda mais o quadro clínico.
Entre as principais causas de intoxicação estão:
- Mofo e fungos: causam doenças respiratórias e podem liberar toxinas fatais;
- Plantas tóxicas: ervas como cicuta e erva-de-rato podem ser ingeridas junto com o feno;
- Toxinas naturais: substâncias como a monocrotalina provocam danos severos aos órgãos internos;
- Rações contaminadas: quando armazenadas em locais úmidos, favorecem a proliferação de fungos e bactérias.
Os sintomas mais comuns incluem anorexia, dor abdominal, diarreia, desidratação, instabilidade e salivação excessiva. Em casos graves, há comprometimento neurológico e respiratório, podendo levar à morte.
Especialistas alertam que qualquer sinal de intoxicação deve ser tratado como emergência veterinária. A primeira medida é suspender imediatamente a alimentação com o feno suspeito e procurar assistência profissional para diagnóstico e tratamento.
Outras medidas recomendadas incluem:
- Remover o alimento contaminado e substituir por feno de procedência garantida;
- Observar sinais clínicos, como fraqueza, sudorese, ataxia (andar cambaleante) e quedas;
- Analisar amostras do feno e da ração para identificar a origem da contaminação;
- Notificar os fornecedores, caso a suspeita seja confirmada.
A ingestão de feno contaminado também pode provocar laminite, uma inflamação severa das lâminas do casco — estrutura que sustenta o peso do cavalo. Conhecida popularmente como “aguamento”, a doença causa dor intensa, claudicação e pode deixar sequelas permanentes. Toxinas produzidas por fungos e bactérias estão entre os principais gatilhos da forma inflamatória da enfermidade.
Para evitar novos casos, veterinários reforçam a importância do armazenamento correto do feno. O ideal é mantê-lo em ambiente seco, arejado e protegido da umidade e da luz solar direta. Um feno de qualidade deve ter cor verde-clara, odor fresco e textura macia.
Sinais de feno estragado:
- Cor: tons amarelados, escuros ou com manchas esbranquiçadas;
- Cheiro: odor de mofo, terra ou ranço;
- Textura: excesso de pó, aparência úmida ou quebradiça;
- Presença de mofo: pontos pretos ou cinzas indicam contaminação.
Além da observação sensorial, recomenda-se realizar análises laboratoriais (bromatológicas) para verificar teor de proteína e presença de micotoxinas. Comprar de fornecedores confiáveis e inspecionar visualmente o feno antes de oferecê-lo aos animais são atitudes simples que podem salvar vidas.
O caso em Goiânia acende um alerta em todo o setor equestre. O feno contaminado representa um risco silencioso, mas de consequências devastadoras. A tragédia que atingiu o Instituto Equestre Camilla Costa reforça a necessidade de rigor no controle de qualidade e na vigilância sanitária dos alimentos oferecidos aos equinos.
Enquanto os sobreviventes seguem em tratamento intensivo, a equipe do haras tenta se reerguer após a perda de cinco animais que eram parte da história e do trabalho do local. “Eles eram nossos companheiros diários, cada um com sua história. Vamos lutar por aqueles que ainda estão conosco”, declarou um dos cuidadores.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.