Tilápia salva e alimenta: proibição é um ataque à ciência e ao prato do brasileiro

Enquanto o Governo classifica a tilápia brasileira como invasora, o peixe entra na vanguarda da medicina tornando-se curativo milagroso para pessoas que sofreram queimaduras

Por Marcio Peruchi – É com profunda preocupação e um senso de indignação que recebemos a notícia da proposta governamental que visa proibir a produção de tilápia no Brasil. Em um momento em que a aquicultura brasileira demonstra vigor e inovação, essa ação não é apenas um tiro no pé da economia, mas um ato de desconhecimento das múltiplas e crescentes contribuições desse peixe para a sociedade brasileira.

A tilápia deixou de ser apenas uma novidade para se tornar a espinha dorsal de milhares de famílias de piscicultores. Somos o quarto maior produtor mundial, e a cadeia produtiva da tilapicultura gera emprego e renda em diversas regiões do país.

Não se trata de uma atividade marginal; é um motor econômico que tem impulsionado o agronegócio nacional. Proibir sua produção é condenar ao desamparo e à incerteza um setor que tem investido em tecnologia, manejo sustentável e crescimento constante.

Além do impacto social, há o econômico. A tilápia é uma fonte de proteína acessível e de alta qualidade, fundamental na mesa do brasileiro. Mais do que isso, o produto brasileiro tem conquistado o paladar internacional.

Recentemente, a tilapicultura tem batido recordes de exportação, levando a excelência da nossa produção para mercados exigentes, como os Estados Unidos. Essa performance é fruto do trabalho árduo e da dedicação dos produtores, e uma medida proibitiva mina a credibilidade e a competitividade do Brasil no cenário global.

curativo biolOgico a partir da pele de tilApia
Foto: Viktor Braga/UFC

A tilápia na vanguarda da medicina: O curativo milagroso

E como se não bastassem as razões econômicas e sociais, surge agora um argumento que transcende a lógica do mercado: a tilápia está salvando vidas. O uso da pele da tilápia como curativo biológico para queimaduras e outras lesões de pele. Essa técnica, que está chegando aos hospitais, tem demonstrado resultados fantásticos, oferecendo um tratamento mais eficaz, menos doloroso e com menor risco de infecção para os pacientes.

A tilápia, que antes era apenas vista como alimento, agora se revela uma ferramenta médica valiosa, resultado da criatividade e ciência brasileiras. Iniciada em 2015, a pesquisa sobre o uso da pele de tilápia na medicina regenerativa foi desenvolvida pelos médicos pesquisadores Edmar Maciel Lima Júnior e Marcelo José Borges de Miranda em parceria com a UFC, envolvendo equipes e instalações do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da universidade.

Na semana passada, a instituição assinou um acordo para licenciamento da tecnologia. A vencedora da oferta pública foi a farmacêutica Biotec, que tem 32 anos de atuação e está sediada em São José dos Campos (SP). A empresa anunciou que vai construir uma fábrica específica para produção do curativo.

Proibir a produção de um animal que é a matéria-prima de uma inovação que salva pessoas beira o absurdo. É um claro contraste entre a visão progressista da nossa ciência e o retrocesso proposto pela burocracia governamental.

O governo precisa urgentemente reavaliar essa proposta. Em vez de proibir, o caminho é o do incentivo e da regulamentação inteligente. É necessário apoiar a pesquisa, aprimorar as práticas de manejo e garantir que a tilapicultura continue a prosperar de forma sustentável, gerando riqueza, exportação, alimentos e, agora, também saúde para a nação. A tilápia é um ativo brasileiro, do prato ao hospital, e merece ser protegida e valorizada, não condenada.

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