Torneio de produção de leite consegue superar em 10 vezes a média nacional

Pecuaristas de Cruzília, em Minas Gerais, começaram há 50 anos um torneio de produção de leite que é diferente do que se vê na atividade. Confira!

Uma competição em que a disputa faz pecuaristas buscarem por novas tecnologias e aprimorar a atividade. É assim que funciona um torneio leiteiro que ocorre desde 1969 em Cruzília, Minas Gerais, e que completa 50 anos em 2019.

Ele é um concurso leiteiro diferente do que se vê na atividade. Normalmente, os torneios são feitos em feiras e exposições. Já esta competição ocorre no ambiente natural, nos estábulos das próprias fazendas.

Disputa e inovação: como funciona um torneio de produção de leite que consegue superar em 10 vezes a média nacional

O criador Guilherme Junqueira Maciel faz uma comparação: assim como o carnaval no Rio de Janeiro, o torneio leiteiro é o evento do ano em Cruzília.

A competição trabalha na rotina dos estábulos: antes da 6 da manhã, as equipes de pesagem já estão nas propriedades concorrentes para avaliar o desempenho das vacas.

O leite, antes de ir para o resfriamento, é coletado em um latão, passado para um balde e pesado em balança de precisão. A medida é em quilos e não em litros. Ganha quem produzir mais.

Além disso, a competição tem outras premiações simbólicas, como quem tem o maior índice de gordura no leite.

Estreia na competição

Imagine o arrepio, o frio na barriga que é competir pela primeira vez com pecuaristas veteranos de um concurso com 50 anos de história. O criador Rafael Meireles foi um dos que estreou no torneiro leiteiro de Cruzília neste ano.

Como outros competidores, ele programou o parto das vacas para que elas estivessem no pico de lactação na época do torneio. Um mês antes da prova, selecionou as cinco melhores e as preparou, como um treinador faz com seus atletas.

Meireles, o filho dele e o funcionário Jesus Pereira, pelo regulamento, precisaram coletar leite das cinco vacas dentro de 1h15.

Terminada a ordenha, o resultado parcial mostra que os animais dele estão indo bem. Após a prova, ele recebeu dicas de veteranos para a melhorar a estratégia da próxima coleta.

Tradição e inovação

A fama de Cruzília na criação de animais é bem antiga, de quase 300 anos atrás. Nos séculos 18 e 19, foi o cavalo que sustentou e impulsionou a economia local, inclusive a produção de leite.

A cidade é um dos berços do cavalo colonial brasileiro que depois veio a ser conhecido como mangalarga, raça que ajudou a trazer vacas leiteiras de qualidade para o município.

O pecuarista Domingos Lollobrígida faz parte da geração de cruzilienses para quem o torneio leiteiro foi uma segunda escola. Além de empresário e advogado, é um estudioso da história do município, que, segundo ele, é rica como poucas no Brasil.

Ele explica que as fazendas produtoras de leite da região foram pioneiras em muitas inovações. Na produção de queijos, por exemplo, houve uma revolução, no começo do século passado, com a chegada dos dinamarqueses, como a pasteurização do leite.

A pecuarista filha de dinamarqueses Dora Norremose lista inúmeras práticas, atualmente rotineiras, implantadas nas fazendas da família, como uso de tratores e implementos, silagem, inseminação, cerca elétrica e rotação de piquetes.

E foi o criador Hans Norremose, pai de Dora, quem pela primeira vez na região de Cruzília introduziu a segunda ordenha, o que não era comum.

Isso inspirou outras propriedades onde as mudanças foram aprimoradas. Entre os avanços, adotou-se na cultura do torneio leiteiro a terceira ordenha do dia.

10 vezes a média nacional

Depois de um mês de medições nas fazendas, as três vacas que alcançam as melhores médias são as do criador Fábio Leite.

A vaca que deu mais leite no torneio foi a turmalina. Com uma produção de 83 kg em um dia, ela conseguiu superar em 10 vezes a média nacional.

Terminada a disputa, é hora de comemorar. Um clima de quermesse que se estende até mais tarde. Uma paroquial troca de conversas e abraços.

Fonte: Globo Rural

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