Touro reprodutor deve ser visto como insumo pela pecuária atual

Touros não podem ser escolhidos ao acaso porque são a semente “melhoradora” do rebanho, diz especialista

“É inacreditável que um país tão forte no agronegócio ainda use tanto boi de boiada, isso é o mesmo que um agricultor usar o “milho de paiol” do vizinho, porque viu umas espigas bonitonas que parecem boas. Além do boi de boiada, como caso extremo, também vejo que muito pecuarista compra touro como se fosse tudo igual. É necessário mudarmos o conceito e passarmos a enxergar esse produto como insumo”, explica o zootecnista e especialista no mercado de reprodutores, William Koury Filho, que há mais de vinte anos atua na seleção de reprodutores, do nascimento ao aparte final.

O reprodutor não influencia somente na produção de carne, ou no “gancho” como dizem os pecuaristas, mas ele é também capaz de produzir as bezerras com o potencial genético para serem matrizes de reposição de qualidade.

“Quando falamos nesses animais melhoradores, animais de pura origem e que passaram por acasalamentos direcionados, produzindo não só números mas também racial, equilíbrio e harmonia que sustentam um projeto de seleção, é preciso entender que eles não irão produzir apenas bezerros pesados, mas principalmente matrizes que ficarão 8, 10 anos na propriedade produzindo com eficiência, e é exatamente isso que o pecuarista precisa levar em consideração ao fazer essa escolha”, enfatiza o zootecnista da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Fabio Ferreira.

E a conta é clara. Segundo Willian, um touro melhorador pode produzir 15 Kg a mais com relação a um touro comum ou boi de boiada. Se colocado com cerca de 30 vacas por ano, trabalhando numa média de sete anos, em um rebanho com 75% de fertilidade, ele irá produzir 157 bezerros – 157 x 15 Kg = 2362 Kg – com o Kg do bezerro a 12 reais, o touro melhorador deveria valer R$28.350 reais a mais do que este boi de boiada.

“Precisa fazer a conta, que a diferença entre um boi de boiada e um touro melhorador é vista na própria quantidade de quilos de bezerro produzida. Ainda vale a reflexão que o maior ganho se dá nas fêmeas de reposição, que poderão promover mudanças genéticas de forma cumulativa no rebanho, ano após ano”, pontua o Willian.

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40 anos de seleção disponível ao mercado

E um exemplo de seleção com alta pressão pode ser visto na Nelore Grendene, em Cáceres no Mato Grosso. A fazenda, há 40 anos utiliza importantes metodologias e tecnologias existentes na pecuária atual para produção de animais melhoradores, com uma produção aproximada de 10 mil bezerros nascidos por ano, que após criteriosa seleção, se tornam pouco mais de mil reprodutores.

“Nós temos essa preocupação, de levar ao pecuarista realmente um animal que vai agregar, que vai melhorar e garantir resultados efetivos na fazenda. São 40 anos fazendo esse trabalho e mostrando que a genética não só é primordial na pecuária atual, mas também deve ser feita de forma singular e buscando olhar reprodutor como um verdadeiro insumo para a pecuária atual”, explica o diretor de pecuária da Nelore Grendene, Ilson Correa.

A fazenda promove no dia 10 o remate 500 touros Nelore Grendene, a partir das 9hrs (Brasília), com transmissão pelo Canal Rural e realização da Programa Leilões, confira mais detalhes no site!

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