Vai faltar milho em 2021

Déficit do grão pode chegar a até 30 milhões de toneladas na safra que se encerra em 2021; Já há indícios de quebra de safra em algumas regiões

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que a safra de milho verão totalizará 26,48 milhões de toneladas. A Agrinvest Commodities acredita que a estiagem fará a companhia revisar o volume para baixo e prevê que a escassez do grão terá o pior momento no Brasil já nos próximos meses.

Para Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest e entrevista do Canal Rural, a safra de milho verão não atingirá estes valores projetados por conta da má distribuição de chuvas e problemas climáticos. “A produção, principalmente no Rio Grande do Sul, tem sofrido uma série de problemas climáticos que comprometem. Houve até geada em algumas regiões do estado”, diz.

Segundo o analista, por conta dessa quebra na safra, haverá uma maior restrição da oferta do grão no país, especialmente entre fevereiro e abril de 2021.

Com a possibilidade da isenção de tributos que facilitam a importação de milho para o Brasil, o analista acredita que estados do Nordeste e até mesmo o Rio Grande do Sul, entre fevereiro e março, possa importar milho dos Estados Unidos. “Os portos de Paranaguá e Santos apresentarão dificuldade na importação de milho porque os portos estarão voltados para o programa brasileiro de exportação de soja”, afirma.

As negociações de milho estão lentas no mercado brasileiro – Cepea

Diante do elevado patamar de preço, compradores adquirem apenas pequenos lotes. Esses demandantes também se atentam à desvalorização do dólar, que pode diminuir a atratividade nos portos brasileiros. Muitos vendedores, por sua vez, seguem retraídos, à espera de que compradores voltem ao mercado de forma mais intensa para recomposição de estoques. Além disso, produtores estão preocupados com o clima adverso e com a possível redução na safra verão. Nesse ambiente, os valores ainda apresentam movimentos distintos dentre as regiões acompanhadas pelo Cepea, refletindo as diferentes condições de mercado.

Milho e segurança alimentar na China

Os preços do milho – essencial para os gigantes setores de suínos, laticínios e aves da China – subiram à medida que o país se encaminha para a primeira escassez de milho em anos, na safra 2020/21, que começa em outubro e pode enfrentar um déficit de 30 milhões de toneladas, cerca de 10% da safra total, disseram analistas e operadores de mercado.

Isso provavelmente seria positivo para grandes exportadores, como Estados Unidos, Brasil e Ucrânia, mas ameaça pressionar os preços globais e ter um impacto direto em outros setores, à medida que os consumidores de milho passam a usar outros grãos.

“Com certeza haverá uma escassez de milho no futuro e teremos que importar muito ano que vem”, disse um executivo de uma empresa de trading estatal, que pediu para não ser identificado porque não estava autorizado a falar com a imprensa.

A China espera uma safra abundante de milho em 2020/21, de cerca de 266,5 milhões de toneladas, mas ainda não suficiente para atender à demanda, segundo o Ministério da Agricultura, que projeta estoques ao final do ano negativos em 16,7 milhões de toneladas.

Saca de milho é negociada a R$ 90 no Rio Grande do Sul

Segundo analista da consultoria Safras, as atenções do mercado de milho seguem no clima, com as indicações quebra de safra em algumas regiões. O mercado brasileiro de milho teve uma segunda-feira, 16, de preços firmes. Segundo o analista de Safras & Mercado, Paulo Molinari, o mercado esteve um pouco lento, mas mantendo o quadro de cotações sustentadas. As atenções seguem no clima, com as indicações em regiões de escassez de umidade e quebra de safra prosseguindo.

Com informações do Cepea e Canal Rural

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