Vale a pena utilizar sal mineral adensado para o gado de corte?

Sal mineral adensado, ou sal aditivado, é um produto de fácil fornecimento e possibilita um projeto de intensificação sem grandes desembolsos por parte do pecuarista

O sal mineral é um componente crucial na dieta do gado, desempenhando um papel fundamental na saúde e no bem-estar desses animais. Sua importância reside em uma série de fatores que afetam diretamente o desempenho, a reprodução e a saúde geral do rebanho. Pensando no gado de corte, animais que não possuem a demanda nutricional atendida e sofrem com restrição de minerais, leva mais tempo para chegar a idade de abate e, consequentemente, fica mais tempo na fazenda.

No Brasil, apesar de termos uma vasta área de pastagens tropicais, estas não possuem todos os nutrientes necessários exigidos para a formação de uma carcaça de qualidade, por isso, o sal mineral entra para suprir esta deficiência.

O sal mineral é definitivamente um item nutricional essencial ao gado de corte, agora os pecuaristas podem dispor de uma nova ferramenta, o sal mineral adensado ou aditivado, produto de fácil fornecimento e possibilita um projeto de intensificação sem grandes desembolsos. Enquanto, um boi ingere uma média de 80 gramas a 100 gramas de sal mineral por dia. Já o adensado, o boi vai ingerir cerca de 120 gramas a 150 gramas por dia. Mas fica a questão: Vale a pena utilizar sal mineral adensado na sua fazenda?

Tudo é uma questão de: Depende! Se você quer melhorar o desempenho dos seus animais a pasto é uma opção válida. Além de disponibilizar também micro e macro nutrientes, os minerais adensados oferece ao animal aditivos melhoradores de desempenho como a monensina, flavomicina, salinomicina e outros, que contribuem muito para o aumento da produtividade do rebanho.

A utilização do sal mineral adensado, apresenta-se como ótima alternativa em sistemas de produção em que se pretende uma evolução nutricional. Além do nível tecnológico ser acima, não demanda maior logística de fornecimento, pois o operacional é o mesmo de quem já fornece o sal mineral comum.

Além disso, o suplemento é fonte de aditivos, ureia e mais farelo ou milho. Tudo isso junto e misturado faz com que o boi melhore seu padrão de consumo. O sal mineral adensado é capaz de melhorar o desenvolvimento de bactérias do rúmen, que permite um melhor aproveitamento da forragem e melhoria da taxa de passagem.

Além disso, é um produto com uma boa relação custo benefício, pois não há muita diferença no custo/cab/dia. Comparado ao sal mineral comum, ele fornece facilmente 10% a mais de ganho, e isso agrega muita coisa durante o ano todo.

Além de todos os benefícios citados acima, geralmente o mineral adensado tem um consumo um pouco mais aberto e isso faz com que o animal tenha um consumo mais regular de mineral e aditivo que tem no produto, o que não acontece com o sal comum que é muito variado.

Pesquisas mostram que o sal adensado pode garantir até 1 @ por ano

O zootecnia Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador do Polo Regional de Alta Mogiana da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e um dos pais do Boi 777 falou sobre o uso do sal mineral adensado ao Canal Rural, segundo ele o suplemento pode garantir mais de 1 arroba de peso vivo por ano em sistema de recria.

O adensado é uma tecnologia que veio para ficar. Ele se adequa demais para a recria e também para a nutrição de vacas. Quando eu penso na recria, é um suplemento mais interessante para ser utilizado na época das águas”, diz doutor em zootecnia Gustavo Rezende Siqueira.

Na avaliação do zootecnista o mineral adensado nada mais é do que “um tempero” a mais no cocho dos bovinos. Segundo ele, o principal diferencial do suplemento não está nos nutrientes adicionais (proteína e energia), mas sim na possibilidade de fornecer diariamente aos animais aditivos como monensina, salinomicina, flavomicina ou virginiamicina, além de melhorar substancialmente o padrão de consumo, pois a visita do gado ao cocho passa a ser contínua, sem interrupções.

Enquanto, o boi come uma média de 80 gramas a 100 gramas de sal mineral por dia. Já o adensado, o boi vai comer de 120 gramas a 150 gramas por dia. Ou seja, o boi comeria metade da quantidade de um sal proteinado. Ele tem um consumo de 0,3 grama a 0,5 grama de produto para cada quilo de peso vivo.

“É um produto que traz um pacote tecnológico muito robusto. Apesar de o ganho parecer uma quantidade pequena, ele adensa tecnologias e consegue levar isso para o animal”, disse Siqueira ao Canal Rural.

O animal come o mineral adensado com mais frequência do que ele comeria em comparação ao sal mineral. “Com o adensado o boi visita o cocho todo os dias. Quando ele come apenas o mineral, o gado pode passar até quatro dias sem ir ao cocho”, diz Siqueira.

Para o pesquisador o produto tem um pacote tecnológico comparável a um protéico de uma grama. O suplemento garante de 100 gramas a 110 gramas de ganho a mais por dia. É uma tecnologia de fácil acesso de baixo custo.

Touros Nelore que vão para o Neloraço 2022 - cocho proteinado
Foto: Fazenda São José, Rochedo (MS)

Há mudança de estrutura e manejo com o sal mineral adensado?

Os mesmos cochos onde são despejados o sal mineral podem passar a receber o “adensado”. Em alguns casos, essa troca pode exigir cochos com dimensões um pouco maiores, pela maior frequência de vacas e bezerros nos comedouros (atraídos pela maior palatabilidade do alimento) e também pelo aumento da quantidade de produto fornecido ao gado.

Neste caso, a única recomendação importante é que, durante o período das águas, a suplementação seja feita em cochos cobertos, por causa da presença de farelo na composição (produto que se deteriora mais facilmente em contato com a água).

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Foto Divulgação.

O sal mineral adensado não é um proteinado

O “suplemento adensado”, apesar de possuir proteína bruta não é um proteinado. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, um suplemento proteico deve apresentar no mínimo 20% de proteína bruta e consumo de 1 g/kg de peso vivo, ou seja, um animal de 400 kg deve comer ao menos 400 g de produto. Os suplementos “adensados” com até 20% de proteína bruta e consumo de 200 g/cab/dia não se caracterizam como proteinados, pois não fornecem o aporte mínimo de proteína estabelecido por lei. São apenas suplementos minerais comuns com maior potencial de consumo.

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