Veja 9 estratégias para melhorar a fertilidade do seu gado

A conscientização dentro da cadeia produtiva da pecuária, bem como o ajuste para esse novo cenário, é primordial para a competitividade da atividade

Na pecuária de corte, a exploração comercial do sistema de cria acontece na fase do sistema produtivo, que envolve a criação do manejo até a desmama das matrizes bovinas e seus respectivos bezerros, das novilhas de reposição e dos touros. Esse sistema tem por objetivo a produção de bezerros desmamados que representa a maior fonte de receita do criador.

A venda de vacas descartadas e outros animais, apesar de contribuírem para a produção total, é uma fonte de receita marginal. Portanto, a viabilidade do sistema vai depender da eficácia e eficiência com que são utilizados os meios disponíveis para a otimização da produtividade.

As diversas alternativas de manejo têm como objetivo a otimização do desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho de cria, de forma racional, econômica e sem promover a degradação ambiental. Para tanto, o enfoque deve estar voltado à prevenção de doenças, ao atendimento das exigências nutricionais nas diversas fases da vida reprodutiva e à exploração do potencial genético dos animais.

A otimização do desempenho reprodutivo e da eficiência produtiva do rebanho de cria pode ser obtida por meio de diversas práticas de manejo que envolvem todo o sistema.

Confira abaixo 9 estratégias que podem, ser utilizadas para aumentar a fertilidade do rebanho de corte:

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Foto: Divulgação

1) Identificação dos animais e registro de ocorrências (nascimentos, abortos, mortes etc.)

Para que o manejo reprodutivo seja conduzido de forma eficiente é necessário que as vacas e suas crias sejam facilmente identificadas. Portanto, a marcação individual dos animais e o registro das principais ocorrências e práticas utilizadas (datas e pesos ao nascimento e à desmama,
ocorrência de mortes e abortos, diagnóstico de gestação, suplementação, vacinações etc.) contribuem de maneira significativa na avaliação do desempenho individual e do rebanho.

A análise desses registros facilita a identificação e o descarte dos animais de baixa produtividade ou improdutivos. Esse registro é também utilizado no cálculo das taxas de prenhez, desmama, mortalidade e pesos ao parto e à desmama. Com base nesses resultados, o produtor pode melhor avaliar a “performance” do seu rebanho e estudar mudanças no manejo de modo a melhorar a produtividade do seu sistema de produção.

Foto: Kiko Catelli

2) Escolha do período de monta

O sistema de monta mais primitivo é aquele em que o touro permanece no rebanho durante todo o ano. Como consequência, os nascimentos se distribuem por vários meses, dificultando o manejo das matrizes e das respectivas crias. Com a ocorrência de nascimentos em épocas inadequadas, o desenvolvimento dos bezerros é prejudicado e a fertilidade das matrizes pode ser reduzida substancialmente devido ao aumento do intervalo parto-primeiro serviço, induzido pela restrição alimentar. No entanto, a maior desvantagem está relacionada com a dificuldade nos controles zootécnico e sanitário, causados principalmente pela falta de uniformidade das crias.

No sistema de criação extensiva, a fertilidade do rebanho apresenta variações vinculadas às condições climáticas. Por isso, o estabelecimento de um período ou de uma estação de monta de curta duração é uma das decisões mais importantes do manejo reprodutivo e de maior impacto. Além de disciplinar as demais atividades de manejo, sua implantação permite que o período de maior exigência nutricional coincida com o de maior disponibilidade de forrageiras de melhor qualidade, de modo a eliminar ou a reduzir a necessidade de alguma forma de suplementação alimentar.

As principais vantagens de uma estação de monta reduzida são a melhoria da fertilidade e da produtividade do rebanho. Reduzindo-se a duração da estação de monta é possível identificar as fêmeas de melhor desempenho reprodutivo. As vacas mais prolíficas tendem a parir no início do período de nascimento e desmamam-se bezerros mais pesados.

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Foto: COIMMA

Aquelas que, dadas as mesmas condições, não concebem ou tendem a parir no final do período devem ser descartadas, pois fatalmente não irão conceber na próxima estação, e estarão prejudicando a produtividade do rebanho. Assim, para a otimização da produtividade da cria, o produtor deve ter como meta a obtenção de elevados índices de concepção (acima de 70%) nos primeiros 21 dias da estação de monta e índices superiores a 90%, durante os dois primeiros meses.

Para vacas adultas, a meta ideal para a duração da estação de monta deve ser de 60 a 90 dias. Para novilhas, esse período não deve ultrapassar a 45 dias, e tanto seu início como final devem ser antecipados em pelo menos 30 dias em relação ao das vacas. Essa antecipação visa, principalmente, a proporcionar às novilhas, por estarem ainda em crescimento e lactação, tempo suficiente para a recuperação do seu estado fisiológico e iniciar o segundo período de monta, junto com as demais categorias de fêmeas.

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Foto: Divulgação

3) Exame andrológico nos touros

O impacto da fertilidade do touro no desempenho reprodutivo do rebanho é diversas vezes mais importante do que o da vaca, pois a expectativa é de que cada um cubra pelo menos 25 vacas. Touros de baixa fertilidade, por permanecerem longo tempo no rebanho, causam grandes prejuízos na produtividade do sistema, quando não diagnosticados em tempo hábil. Além disso, deve-se lembrar que eles contribuem com a metade do material genético de todas as crias, enquanto é esperada de cada vaca à desmama anual de um bezerro.

Para eliminar as perdas causadas por subfertilidade e infertilidade, a capacidade reprodutiva deles deve ser avaliada antes da monta, por meio de um exame andrológico completo. Essa avaliação deve ser conduzida de modo a possibilitar tempo suficiente para a substituição e adaptação dos touros adquiridos.

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Foto: Cláudio Camacho

4) Cuidar do escore de condição corporal das vacas

A avaliação da condição corporal das fêmeas é uma ferramenta extremamente útil no manejo reprodutivo. Apesar de subjetiva, ela reflete o estado nutricional do rebanho em determinado momento. O emprego desta prática, em ocasiões estratégicas, permite que correções no manejo nutricional possam ser efetuadas a tempo, de modo que os animais apresentem as condições mínimas no momento desejado.

Diversos trabalhos de pesquisa demonstraram que é alta a correlação entre a condição corporal ao parto e o desempenho reprodutivo no pós-parto. Vacas com boas condições corporais retornam ao cio mais cedo e apresentam maiores índices de concepção. Portanto, o monitoramento da condição corporal, no terço final de gestação, pode indicar a necessidade de ajustes nos níveis nutricionais, de modo que, ao parto, a condição corporal adequada seja atingida.

Foto: Kiko Catelli

5) Preparo de novilhas para reposição

No geral, a maioria dos produtores retém boa parte das novilhas do próprio rebanho para repor as vacas descartadas. O manejo destes animais, da desmama ao início da monta, e do primeiro parto ao período de monta seguinte, é de extrema importância na produtividade futura do rebanho de cria. Devido ao manejo inadequado ou falta da atenção necessária, o desenvolvimento desses animais fica prejudicado, resultando em baixos índices de prenhez e de natalidade, inviabilizando esse tipo de atividade. Portanto, a seleção e o preparo de novilhas para reposição são alguns dos itens mais importantes do manejo reprodutivo.

Elas devem ser selecionadas e manejadas para que atinjam a maturidade sexual mais cedo e que tanto a concepção como as parições ocorram ao início do período de monta e nascimentos, respectivamente.

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Protocolos de IATF / Foto: Alvaro Fortunato

6) Diagnóstico de gestação e descartes

O diagnóstico de gestação é de grande importância para a melhoria da eficiência reprodutiva, pois possibilita a identificação precoce das fêmeas que não ficaram prenhas durante a estação de monta. O método de diagnóstico mais utilizado é o via palpação retal realizado por um médico veterinário experiente. Normalmente, esse exame pode ser efetuado a partir dos 45 a 60 dias após o final da estação de monta, mas para facilidade de manejo, ele poderá ser realizado por ocasião da desmama (abril/maio), antes da seca.

Identificadas as fêmeas vazias, elas devem ser descartadas do rebanho antes do início do inverno, pois ainda não perderam peso e o descarte dessas aumenta a disponibilidade de forrageiras para as fêmeas prenhas durante o terço final de gestação, quando as exigências nutricionais se elevam, devido ao acentuado desenvolvimento do feto.

No entanto, um plano de descarte baseado unicamente no diagnóstico de gestação deve ser analisado com muito cuidado. Um número elevado de fêmeas vazias pode ser o resultado da restrição alimentar após períodos de seca prolongados, como também da fertilidade e capacidade reprodutiva dos touros e da incidência de doenças da esfera reprodutiva, que não foram diagnosticadas.

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Foto: Fazenda Elge

7) Idade da desmama

A desmama é definida como a separação definitiva do bezerro de sua mãe e tem como objetivo principal a interrupção da amamentação, de modo a estimular o desenvolvimento ruminal dos bezerros e eliminar o estresse da lactação nas fêmeas. Com a interrupção da amamentação, as exigências nutricionais das vacas são bastante reduzidas.

Em geral, quando as condições nutricionais do rebanho são atendidas, a desmama é feita quando os bezerros atingem de seis a oito meses de idade. Para a estação de monta de novembro a dezembro, essa idade é atingida entre fevereiro e abril do ano seguinte, ou seja, antes do início da estação seca. Como consequência, as vacas ou novilhas prenhas, agora com menores exigências nutricionais, poderão suportar melhor o período seco e ter condições de chegar ao parto em boas condições corporais, desde que bem manejadas.

Portanto, o uso estratégico da desmama tem como meta principal o fornecimento das condições nutricionais necessárias para a recuperação do estado corporal das vacas prenhas, sem prejudicar o desenvolvimento dos bezerros desmamados. Em determinadas circunstâncias, como durante períodos de escassez de forragem, essa prática poderá ser antecipada para que a fertilidade das vacas não seja comprometida.

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Foto: Fazenda São José – Rochedo (MS)

8) Atendimento às exigências nutricionais

A nutrição é um dos fatores que mais influenciam o desempenho reprodutivo do rebanho de cria. Assim, durante as diversas fases reprodutivas há necessidade de que os níveis de proteína, energia, minerais e vitaminas sejam suficientes para atender às exigências nutricionais das matrizes.

COIMMA Megatron tronco completo
Foto: Divulgação

9) Controle sanitário do rebanho

Além da estacionalidade da oferta de pastagem, a ocorrência de doenças da esfera reprodutiva, tais como brucelose, tricomonose, campilobacteriose, leptospirose, rinotraqueíte infecciosa (IBR) e a diarreia viral bovina (BVD), pode também comprometer o desempenho reprodutivo do rebanho de cria.

Nesse aspecto, deve-se observar a importância das doenças infecciosas de origem bacteriana, virótica e parasitárias que podem impedir a fecundação, causar abortos ou produzir bezerros com peso inferior à média. Portanto, como preparação à prevenção dessas doenças, deve ser adotado um programa de controle sanitário do rebanho.

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Adaptado pela COIMMA, conteúdo original fornecido pela Embrapa

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