Veja qual a chave do sucesso do consórcio entre milho e leguminosas

Produtividade e qualidade da silagem de planta de milho em consórcio com leguminosas; prática de cultivo é comum entre os pequenos produtores

Vários autores* – A prática de cultivo de duas ou mais culturas no mesmo espaço e tempo é comum entre os pequenos produtores. Esta comum combinação em sistemas de consorciação envolve principalmente gramíneas e leguminosas, sendo que a escolha da combinação de culturas é a chave para o sucesso do consórcio. Fatores de incompatibilidade, tais como densidade de plantio, sistema radicular e competição por nutrientes precisam ser considerados.

Os sistemas de consórcio de milho com leguminosas são considerados as melhores combinações. Esta combinação pode garantir economia de nitrogênio e aumento da produção do milho, assim como maior produtividade por área e tempo e maiores retornos líquidos do sistema consorciado sobre a monocultura. Da mesma forma, elevam a produtividade por variedade, enquanto que cereais de monocultivo requerem uma área maior para atingir o mesmo rendimento que os cereais em um sistema consorciado.

O consórcio de cereais com leguminosas é importante devido a alguns potenciais benefícios, incluindo a melhoria da qualidade da forragem. É reportado que as leguminosas apresentam efeito significativo na altura das plantas, produção de folhas frescas e secas, de caule fresco, massa verde, e no conteúdo de proteína. Diante disso, é comum notar aumento no crescimento do milho em consórcio com leguminosas, resultante do maior aporte de nitrogênio no solo, efeitos que levam a aumentar a divisão e expansão celular, permitindo aumentar o tamanho de todas as partes morfológicas da planta de milho.

Um dos objetivos no consórcio de gramíneas com leguminosas é o aumento do teor de proteína da silagem produzida. O feijão guandu (Cajanus cajan) é uma das principais espécies capazes de aumentar a qualidade nutricional da forragem e a diversidade biológica no sistema de produção. Ferreira et al. (2015), avaliando o consórcio de milho com feijão guandu e Urochloa brizantha, demonstraram que a leguminosa não afetou a produtividade do milho porém aumentou a proteína da silagem.

Ligoski et al. (2020) trabalhando com silagem da planta de milho consorciada com feijão guandu e Urochloa brizantha relataram maior teor de proteína, fibra em detergente ácido, e lignina na silagem consorciada quando comparada com a silagem exclusiva de milho. Os autores ainda disseram que ambas as espécies consorciadas podem contribuir para o aumento do teor de proteína da silagem, especialmente o feijão guandu, pois pode atingir valores de até 27% de proteína. Portanto, a consorciação com leguminosas permite alterar a relação concentrado/volumoso da dieta, reduzindo os custos da dieta pela menor adição de suplementos proteicos.

Em adição, a produção de silagens consorciadas pode promover vários benefícios agronômicos na área cultivada. Tais como a redução da infestação de pragas, melhoria no ciclismo de nutrientes no solo, e consequente redução dos custos de produção. Além disso, a profundidade do sistema radicular juntamente com a fixação biológica de nitrogênio, faz com que o consórcio com leguminosas forneça quantidades significativas de nitrogênio ao sistema solo-planta.

A consorciação demonstra um alto potencial técnico de interação entre as culturas para a produção de alimentos para animais de melhor qualidade e em maior quantidade, bem como uma boa sustentabilidade ambiental, como a melhoria da fertilidade dos solos.

Autores

Felipe Pereira Cunha – Engenheiro Agrônomo pelo Centro Universitário de Mineiros – Unifimes, Mineiros, GO, Mestrando em Zootecnia pelo IF Goiano – Campus Rio Verde, GO, Bolsista de Mestrado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás – FAPEG.
Cristiele Dayane Cardoso dos Santos – Médica Veterinária pela Uniceplac – Gama, DF, Mestranda em Zootecnia pelo IF Goiano – Campus Rio Verde, GO, Bolsista de Mestrado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás – FAPEG.
Daisa Mirelle Borges Dias – Medica Veterinária pela Universidade de Rio Verde – UniRV, Rio Verde, GO, Técnica em Zootecnia – IF Goiano, Rio Verde, GO, Mestranda em Zootecnia pelo IF Goiano – campus Rio Verde, GO.
Chrystiaine Helena Campos de Matos – Licenciada em Química pelo IF Sudeste MG – Barbacena, MG, Mestranda em Agroquímica pelo IF Goiano – Campus Rio Verde, GO.
José Ricardo Gouveia Capanema – Ciências Biológicas pela UEMG – Mestrando em Zootecnia pelo IFGoiano Rio Verde, GO.
Sabrina Ferreira Gonçalves – Engenheira Civil pela Universidadede Rio Verde- UniRv, Rio Verde, GO.
Charllys Richellyher da Silva – Biólogo pelo Instituto Federal goiano campus Rio Verde – Rio Verde, GO.
Kátia Cylene Guimarães – Zootecnista pela Universidade Estadual de Maringá, Mestre em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá, Doutora em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá, Professora do Instituto Federal Goiano Campus Rio Verde – GO.
Marco Antônio Pereira da Silva – Zootecnista pela Escola Superior de Ciências Agrárias de Rio Verde, Mestre em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Doutor em Ciência Animal pela Universidade Federal de Goiás, Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde, GO.

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