“É preciso trazer mais valor agregado para o leite e ter o respaldo de certificadoras para mostrar ao consumidor o que o produtor faz”.
Os produtores de leite no Brasil frequentemente reclamam do alto custo e do baixo retorno financeiro da atividade. Diante desse quadro, representantes do setor buscam possíveis saídas para beneficiar o trabalho daqueles que produzem, reduzindo suas perdas.
“O grande problema de produção de leite no Brasil é que os custos são em dólar e as vendas são em real”, afirma Taís Jank, uma das sucessoras da Fazenda Santa Rita, em São Paulo. “Diversificar a produção pode ser uma saída para esse problema. Outra alternativa é tirar um pouco o foco da commodittie do leite e verticalizar a produção, com um trabalho de marca para a venda de um produto final para o consumidor”.
Taís, que atua como diretora de Operações da marca desenvolvida em sua propriedade, ressalta que “é preciso trazer mais valor agregado para o leite e ter o respaldo de certificadoras para mostrar ao consumidor o que o produtor faz”.
Considerada uma das cinco maiores produtoras de leite do Brasil e pioneira na produção de leite A2, com cinco certificações e o maior rebanho de vacas holandesas do País, a Fazenda Santa Rita é uma empresa familiar e que segue o modelo ESG de gestão, obedecendo aos padrões ambientais, sociais e de governança. “ESG são os três pilares que a gente sempre seguiu para consolidar a governança da propriedade, desde o seu início. É uma obrigação para todo o mundo, para que o planeta se torne saudável e equilibrado nas próximas décadas, e com pessoas alimentadas”, destaca Taís.
Parâmetros
Nesse sentido, o contexto social, os cuidados com o meio ambiente e o bem-estar animal, assim como a busca por novas tecnologias de produção ganham destaque no processo produtivo. “Há gerações de famílias morando na fazenda, e as pessoas são capacitadas para o trabalho no campo. Prezamos pela sustentabilidade ambiental, captando água da chuva para a produção. Adotamos a fertirrigação, não usamos adubos químicos e fazemos compostagem”, explica Taís.
Além disso, a especialista defende que qualquer investimento deve priorizar o conforto dos animais. “Isso é o maior retorno financeiro que podemos ter, pois garante a qualidade de leite, a longevidade do gado e uma boa resposta na reprodução”.
A fazenda mantém ainda uma fundação que promove o bem-estar da comunidade local, onde cerca de 60 famílias participam de diversas atividades, desde o plantio de hortas orgânicas e reciclagem de resíduos a eventos comemorativos.
Comunicação
Outro aspecto importante na cadeia produtiva é a comunicação com o consumidor final. “É preciso ser transparente em toda a cadeia de produção. O fato da gente começar a revelar o que existe atrás da porteira motivou outras marcas a fazerem o mesmo, pois entenderam que o consumidor final quer esse tipo de informação, pois ele é esclarecido”, destaca Diana Jank, irmã de Taís, diretora de Marketing e também sucessora da Fazenda Santa Rita.
Segundo ela, os cinco selos conquistados pela propriedade, entre eles o de bem-estar animal e de práticas sustentáveis para o planeta, facilitaram a comunicação com o consumidor. “Ele quer saber o que está acontecendo na produção, por onde esse leite passou, como a empresa trata seus funcionários, seus animais e se há práticas ambientais na fazenda. Os selos facilitam essa comunicação. É a mensagem da certificadora”, disse.
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Setor produtivo
O Brasil é o terceiro maior produtor de leite do mundo. Em 2020, o setor atingiu sua maior produção na série histórica, com 35.4 bilhões de litros de leite em um único ano. O montante representou um avanço de 1,5% em comparação aos 34.9 bilhões de litros produzidos em 2019, informou a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite). Em 2021, o volume produzido caiu para 34.8 bilhões de litros.
Dados preliminares da Pesquisa Trimestral do Leite do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o primeiro trimestre de 2022, divulgados recentemente, apontam para um volume total próximo a 5.9 bilhões de litros, com queda de 10,51% na captação de leite cru resfriado, em relação ao mesmo período de 2021.