Vídeo: Manejo de vaca Nelore parida provoca debate na internet

Vídeo divulgado por uma das maiores defensoras do bem-estar animal no Brasil gera grande repercussão; há ainda quem não considere o tema essencial para o setor

O bem-estar animal deixou de ser apenas uma pauta ética e ganhou protagonismo como fator estratégico para a pecuária de corte brasileira. Mais do que atender às crescentes exigências dos consumidores e dos mercados internacionais, práticas voltadas ao manejo responsável impactam diretamente a produtividade, a rentabilidade e a imagem do setor.

Garantir condições adequadas de alimentação, manejo, transporte e ambiente não só reduz perdas e melhora a qualidade da carne, como também fortalece a reputação da pecuária perante a sociedade, que cobra cada vez mais transparência e responsabilidade socioambiental. Nesse cenário, o bem-estar animal se consolida como um elo entre eficiência econômica e aceitação social da atividade pecuária.

A pecuarista e empresária Carmem Perez, uma das maiores autoridades do assunto, tem se consolidado como uma das vozes mais influentes da pecuária brasileira ao defender que o bem-estar animal não é apenas um valor ético, mas a base de uma atividade sustentável e rentável.

pecuarista carmen perez
Foto: Arquivo pessoal

Por meio de seus vídeos e conteúdos na internet, ela mostra que a pecuária de corte pode aliar produtividade, eficiência e responsabilidade social, colocando o cuidado com os animais como pilar central. Sua atuação vai além das fazendas, alcançando produtores, consumidores e formadores de opinião, e reforça a ideia de que investir em bem-estar animal é investir no futuro da pecuária nacional.

Em um vídeo publicado nas redes sociais essa semana ela levantou uma reflexão sobre segurança e consistência no manejo dos animais, destacando a importância do condicionamento adequado e do treinamento das equipes. Segundo ela, cada interação entre pessoas e animais deixa marcas — positivas ou negativas — que influenciam diretamente o comportamento no campo.

Perez reforça que o bem-estar animal vai muito além de uma visão romântica: trata-se de um compromisso com a segurança, a ética e a produtividade. “O bem-estar garante resultados econômicos, valoriza as equipes e fortalece a imagem da pecuária perante a sociedade”, defende.

Confira:

A publicação de Carmem Perez também gerou reações críticas de parte do público, especialmente daqueles que desconhecem as práticas modernas de manejo e ainda defendem métodos tradicionais que podem ser considerados maus-tratos. Entre os comentários recebidos, estavam:

  • “Isso aí é para peão medroso.”
  • “Eu gosto é quando vêm jogando terra nos pés, kkk.”
  • “Ai, Jesus. Gado Nelore é Nelore.”
  • “Não é para desmerecer o seu trabalho, mas nem todas as vacas são assim.”

Esses posicionamentos refletem a resistência de parte do setor e de internautas à adoção de práticas voltadas ao bem-estar animal, mesmo diante de argumentos sobre segurança, ética e produtividade.

A repercussão da publicação mostrou uma divisão clara entre os internautas. Enquanto alguns comentários demonstraram resistência às práticas modernas de manejo e criticaram o cuidado com os animais, outros elogiaram a postura da pecuarista e reforçaram a importância do bem-estar animal

Entre as manifestações positivas, destacam-se:

  • “Você e sua equipe são um grande exemplo, Carmem! Uma pena que muita gente não está preparada para esse assunto. Continuem! Vocês nos encorajam a ser melhores!”
  • “O amor e o respeito são a base de qualquer bom relacionamento com os animais.”
  • “Para quem não acredita em bem-estar animal, mostre este vídeo: contra imagem não há argumento.”
  • “Um manejo bem feito sempre será a melhor opção. Vejo os vídeos e acho lindo de ver: sem cachorro no campo, sem bater, sem vara de ferrão.”
  • “Parabéns, Carmem! Admiro seu trabalho e suas ideologias.”

O contraste entre críticas e elogios evidencia a polarização em torno do tema, mas também reforça a crescente valorização de práticas responsáveis que unem ética, segurança e produtividade na pecuária de corte brasileira.

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Foto: Divulgação

Após a grande repercussão de seu vídeo ela utilizou os stories do Instagram para esclarecer a mensagem. Ela destacou que sua intenção foi comparar manejos inadequados e corretos, mostrando que a diferença não está na presença de vacas “bravas”, mas na forma como são tratadas.

Segundo Perez, o comportamento dos animais pode variar ao longo do tempo, e práticas antigas de manejo muitas vezes vêm acompanhadas de justificativas como “sempre fiz assim e funcionou”. Para a pecuarista, essas abordagens resultam em maior mortalidade, hematomas e perdas econômicas, sem considerar o aspecto ético, que ela define como o principal: “O bem-estar animal é ético e deveria ser obrigatório nas fazendas”, afirmou.

Carmem enfatizou ainda que, além da ética, há benefícios claros de produção e financeiros: “Já tenho provas na minha própria fazenda de que o bem-estar animal gera resultados consistentes”. Ela concluiu ressaltando que a adoção de boas práticas é urgente, e que produtores que abraçarem essa mudança mais cedo terão vantagens competitivas em relação àqueles que resistirem.

O artigo “Nelore sendo Nelore” do portal CompreRural aborda as dificuldades de manejo associadas à raça Nelore, frequentemente caracterizada como reativa e imprevisível. Especialistas destacam que, embora o temperamento da raça possa apresentar desafios, a forma como os animais são tratados ao longo de suas vidas tem impacto direto em seu comportamento.

Médicos veterinários e zootecnistas enfatizam que práticas de manejo baseadas em confiança e liderança, como o programa “Nada nas Mãos“, têm mostrado resultados positivos na redução da reatividade dos animais e na melhoria da produtividade. Portanto, a adoção de técnicas de manejo racional é essencial para lidar com as especificidades comportamentais do Nelore e garantir a eficiência da pecuária de corte.

Ao final a pecuarista deixa uma mensagem. “A pecuária é uma atividade comercial que tem como ativo os animais. O que nós vendemos é, literalmente, bem-estar animal, e quanto mais positivos forem os níveis desse bem-estar, melhores serão os números das nossas safras. Bem-estar animal é nosso melhor ativo. E só é possível alcançar melhores índices desse ativo, a partir de decisões e ações humanas” – publicou ela.

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