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“Nelore sendo Nelore”: Verdade ou mito?

É fácil você encontrar vídeos e fotos pela internet com a seguinte legenda “Nelore sendo Nelore” atribuindo à raça problemas de manejo, mas e aí, é verdade?

Nelore sempre foi sinônimo de animais extremamente reativos e causadores de problemas durante o manejo, mas criadores vem mostrando que o manejo racional é a caixa de pandora reveladora do comportamento da raça. O bem-estar animal tem sido preocupação crescente entre pesquisadores, produtores e consumidores de todo o mundo que passaram a exigir com maior intensidade uma conduta humanitária no tratamento dos animais, no que diz respeito à produção, transporte e abate.

Manejo racional do Nelore

Há projetos de Pecuária de corte no Brasil que já seleciona e se preocupa com o temperamento, animais dóceis são muito mais produtivos e fáceis de lidar . “Conhecer um pouco do comportamento dos animais e suas reações diante de determinadas situações, trazendo esses conhecimentos para o nosso benefício. Notamos, por exemplo, que o gado Nelore é reativo e não pró-ativo. Algumas vezes ele pode parecer bravo ou assustado, mas na verdade ele é alerta e é capaz de reagir a algum estímulo externo” – Eduardo P. Cardoso Fazenda Mundo Novo.

Blog Bacia Leiteira / Foto: Oliveira, E.R.

Temperamento da raça Nelore

Nós perguntamos à vários especialistas sobre o comportamento da raça perante essa afirmativa de que o Nelore é bravo, confira algumas declarações:

O Nelore não é uma raça brava, é necessário atenção especial no manejo, que tem grande influência na reatividade do animal. A Genética Aditiva faz um trabalho excepcional no melhoramento genético da raça Nelore e sempre se preocupou com o temperamento dos animais e recentemente aderimos ao Nada nas Mãos. Nós temos animais muito dóceis, fêmeas que durante o manejo de maternidade e IATF são extremamente tranquilas e não oferecem riscos aos campeiros que tem fazem o trabalho à campo. Percebemos também diferença no ganho de peso, animais menos reativos tem facilidade de chegar no cocho e não se assustam fácil, tendo seu desempenho maior que animais mais reativos, o temperamento dos animais tem tudo a ver com o ganho econômico dentro da fazenda, animais menos reativos não machucam os colaboradores envolvidos e tornam as atividades operacionais muito mais tranquilas e prazeirosas” – Zootecnista Flávio Sandim, Gerente de Pecuária da Genética Aditiva.

“É preciso ressaltar alguns pontos sobre a questão de bem-estar animal, primeiro é preciso mudar o comportamento do ser humano que trabalha com o bovino visando um manejo com base em confiança e liderança, pois sabemos que produtividade e saúde animal estão relacionadas com a forma que os animais são trabalhados. Outro ponto importante é a falsa impressão de que a seleção genética é a principal ferramenta para melhorar o temperamento do gado, acredito que a forma com que os animais são trabalhados durante a vida fazem toda diferença no seu comportamento. Além do mais, existem outras características produtivas importantes que não são influenciáveis após o nascimento, portanto devem ser avaliadas na hora de selecionar a genética que será usada no rebanho” disse a MV Ana Silvia Soubhia, formada pela UENP.

Muito pelo contrário, Nelore é uma raça “inteligente” e seu comportamento reflete como um espelho aos estímulos e interações com as pessoas/ambiente. Temos diversos bons exemplos que comprovam que a maneira como os bovinos são tratados têm impacto direto em sua docilidade, ou seja a “nossa” interação com o Nelore, aliado ao ambiente que eles vivem ou são manejados irão fazer com que os animais se tornem mais calmos ou mais reativos.

Como exemplos podemos citar os diversos trabalhos de manejo racional e mais recentemente o trabalho com o  Manejo Nada nas Mãos propagado pela MV da Personal PEC Adriane Zart. Belos bons exemplos que não só impactam na melhora do comportamento dos animais, mas trazem ganhos diretos e indiretos para a segurança das pessoas, aumento da eficiência na aplicação de medicamentos e aumento da produtividade das fazendas. Em resumo, cabe às pessoas que trabalham com produção animal buscar capacitação necessária aqueles que lidam diretamente com os bovinos. O profissionalismo e a mudança de atitude com foco no bem-estar animal irão quebrar o paradigma do “Nelore Bravo” e aumentar a nossa capacidade de produção no setor pecuário” declarou Dr. Fernando Aono, Assistente Técnico Bovinos da Zoetis.

“Durante o manejo prefiro trabalhar com bovinos sensíveis do que os extremamente dóceis; os ligeiros se movimentam com mais facilidade dentro do curral, o único detalhe e manter a distância correta do animal”.

avatar

Adriane Zart

Médica Veterinária do Manejo Nada nas Mãos

Manejo e bem-estar animal Nelore

Acompanha abaixo um diálogo entre produtores e técnicos sobre a importância de se manejar corretamente o gado e quais impactos que são gerados através da mudança de hábito.

Esse é o exemplo de uma maternidade bem feita, onde o vaqueiro confia na vaca ao ponto de fazer a cura do umbigo na frente dela, e a vaca confia no vaqueiro ao ponto de lhe entregar a sua cria aos seus cuidados. Trabalho desenvolvido na Fazenda Sunsas XX através do Manejo Nada nas Mãos.

Adriane Zart foi questionada sobre o comportamento do zebu, confira: “(…) para chegar nesse nível com animais zebuínos que tem instinto de preservação aflorado tem que lançar mão de outras ferramentas, tais como a seleção para temperamento. Por que sem isso não se consegue chegar a esse nível com relevância estática”.

A resposta – “(…) a seleção contribui sim, mas é menos importante, lhe asseguro. Para se chegar nesse nível o que precisa mudar são as pessoas e não o gado. O gado só muda quando as pessoas mudam, o instinto de preservação dessas vacas continuam o mesmo, elas são ótimas mães e cuidam bem dos seus bezerros. Agora elas confiam plenamente nos manejadores, enxergam eles como líderes e não como predadores”.

Confira o depoimento do gestor da fazenda, Marcus Vinicius Back Ferreira –  “Tenho uma preocupação que a vaca Nelore perda seu extinto de defesa, e como medir isto? Tenho levantamento das perdas por onças e urubus (este último maior nas vacas primíparas) e não se observa aumento nas mortes causadas por urubu, me faz pensar que o extinto materno da vaca frente a uma ameaça real não foi afetado. Quanto a seleção para temperamento, faz 6 anos que não faço mais, a única atitude é identificar os animais mais reativos, e descartar se for muito exacerbado a reatividade”.

Marcus relata também sobre a influência da ação dos vaqueiros – “Em retiro da fazenda que trabalho, quando cheguei tinha a fama de ser um gado ligeiro e mais bravo, troquei o capataz e o gado amansou, este capataz transferi a outro retiro que estava com o mesmo problema. Minha surpresa o gado voltou a ser ligeiro e bravo, troquei de capataz e o gado amansou novamente. Mesma vacada sai de brava-mansa-brava e agora está mansa, o que mudou foi o líder“.

Confira o vídeo abaixo: vaqueiro tem total controle da situação, respeita a vaca e conhece os limites do manejo correto, é incrível.

Resultados do bom manejo

“Essas vantagens são o resultado conjunto do manejo racional e do uso de animais geneticamente mais dóceis.” – palavra de pecuarista. Em outra oportunidade falaremos sobre esse ponto importante que é tocado a todo instante em rodas de pecuária de corte, só vamos elencar alguns pontos importantes para se ter um manejo racional:

  • diminuir o estresse (para animais e humanos);
  • diminuir a probabilidade de acidentes com animais e trabalhadores ;
  • diminuir as perdas e danos de equipamentos;
  • melhorar significativamente a qualidade do trabalho;
  • melhorar a interação homem-animal;
  • utiliza-se o tronco de contenção;
  • diminuição na perda de vacinas, equipamentos ;
  • diminuição dos riscos de acidentes de trabalho;
  • melhora a rotina das atividades da fazenda.
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Página Pecuária Brasil / Foto: Patrick Antonio Rodrigues

Internet e redes sociais

Outro ponto importante é o cuidado com a exposição do dia-a-dia rural. Depois da revolução digital, principalmente com os telefones móveis, hoje mais de 80% dos brasileiros tem acesso à internet e faz o uso de redes sociais, logo utilizam as câmeras destes dispositvos para divulgam imagens (como a citada acima) durante seus afazeres rurais. Atente-se na hora de divulgar imagens que podem ser chocantes demais para as pessoas, sendo ela rural ou não, principalmente através de Facebook e Instagram, onde esse tipo de conteúdo é compartilhado rapidamente.

Ferramentas são cruciais para desempenho

Além de todos os impactos positivos da mudança de comportamento do ser humano diante dos bovinos, existem outros pontos que deve ser levado com conta, principalmente a construção de um curral, que deve priorizar o bem-estar animal. Bovinos estressados ou machucados vão comprometer o desempenho produtivo da fazenda e a qualidade da carne quando chegar ao frigorífico, gerando consequentemente grandes perdas. O tronco é utilizado especialmente para conter e imobilizar bovinos de forma individual e assim facilitar os diversos tratos zootécnicos e veterinários de manejo. 

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