Workshop discute uso de remineralizadores de solo na agricultura brasileira

Os remineralizadores são insumos multifuncionais que fornecem nutrientes, atualizados para a correção do solo.

A Embrapa participa, de 5 a 7 de dezembro, do Workshop Remineralizadores – “Tropicalizando as Soluções da Natureza para uma Agricultura Regenerativa: da Mineração à Mesa e Seus Reflexos Climáticos”, a ser realizado na sede da Empresa, em Brasília. Promovido pelo Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS) e pela Associação Brasileira dos Produtores de Remineralizadores de Solo e Fertilizantes Naturais (Abrefen), o evento vai apresentar e discutir os aspectos positivos do uso dos remineralizadores, com destaque para os efeitos relacionados ao seu potencial na captura de carbono atmosférico no solo, considerando as condições da agricultura brasileira. As inscrições são feitas na página oficial do workshop ( https://gaasbrasil.com.br/eventos/ ) até a próxima segunda-feira (4), ou enquanto houver disponibilidade de vagas.

Os remineralizadores são insumos multifuncionais que fornecem nutrientes, atualizados para a correção do solo e geram novos minerais funcionais. Durante o evento, especialistas do setor mineral, vão de universidades e de órgãos governamentais, além de produtores rurais e representantes de empresas e mineradoras participam de painéis sobre os avanços e desafios dos remineralizadores nos setores mineral e agrícola, bem como da agricultura regenerativa nos trópicos , bem como temos como crédito de carbono e sequestro de carbono. 

Clenio Pillon, diretor-executivo de Pesquisa e Inovação da Embrapa, fará a palestra “Desafios da Pesquisa no Desenvolvimento dos Remineralizadores”, no primeiro dia do evento às 20h, logo após a abertura de abertura.

No dia 7, às 9h30, o pesquisador Éder Martins, da Embrapa Cerrados (DF), falará sobre o estado da arte sobre remineralizadores e fertilizantes silicatados. Ele apresentará uma síntese de todo o conhecimento atual sobre o tema, que começou a ser construído no século XIX. Martins lembra que vários pesquisadores brasileiros da segunda metade do século XX desenvolveram para a pesquisa sobre remineralizadores e que, a partir dos anos 2000, houve uma sistematização do tema no Brasil e a realização de quatro edições do Congresso Brasileiro de Rochagem – em Brasília (2009) , Poços de Caldas (2013), Pelotas (2016) e em formato on-line em 2021 devido à pandemia.

A sistematização do tema levou à instituição da Lei 12.890/2013 , que define os remineralizadores como novos insumos agrícolas; em 2016, esses insumos foram regulamentados pela Instrução Normativa nº 5 . No ano seguinte, surgiram os dois primeiros produtos e, no momento, existem 65 produtos registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária. “Com os dados ainda incompletos deste ano, já temos mais de 8 milhões de toneladas de produtos oferecidos e consumidos entre 2019 e 2023. Esses insumos estão no Plano Nacional de Fertilizantes ”, afirma o pesquisador. 

Martins acrescenta que na última reunião do Conselho Nacional de Fertilizantes foi aprovado o Programa Nacional de Agrominerais Silicáticos e Remineralizadores de Solo, que busca alcançar, até 2050, uma produção anual de 75 milhões de toneladas desses insumos. “Para isso, teremos que desenvolver cerca de 500 produtos, distribuídos próximo às principais áreas agrícolas em todas as regiões do País. E como o tema ainda precisa de estudos sistêmicos regionais, precisamos desenvolver redes de pesquisa regional para estudar os insumos que estão perto dessas áreas agrícolas em cada região”, explica. 

O pesquisador destaca a grande demanda por esses insumos no Cerrado, especialmente em Mato Grosso, que apesar de ser o maior produtor de grãos do País, ainda não conta com produtos registrados. Por outro lado, em regiões como o Centro-Sul, já há um desenvolvimento razoável dos produtos e da sua adoção. 

Segundo Martins, há vários projetos de pesquisa em andamento para estudar os mecanismos do processo de remineralização de solos, em que o fornecimento de nutrientes, a contribuição para a correção do solo, o aumento do pH e da homeostase (equilíbrio interno) fornecido pelo silício Liberados pelos remineralizadores e a formação de minerais novos geram uma maior resiliência dos sistemas agrícolas, inclusive com potencial de sequestrar carbono inorgânico no solo e carbono orgânico. “Esse é um tema bastante importante atualmente em função da demanda por estudos de processos de sistemas que promovam o sequestro de carbono no solo. É uma pesquisa que tem sido objeto de nossos grupos de pesquisa na Embrapa, especialmente na Embrapa Cerrados”, comenta.

Segundo o pesquisador, entre 2000 e 2023, o Brasil produziu 160 dissertações de mestrado e 35 teses de doutorado sobre remineralizadores de solo. No mundo, há cerca de 850 publicações em revistas indexadas, além de capítulos de livros e revisões sobre o tema. “Podemos afirmar que a partir de 2015 houve um crescimento exponencial da produção científica no País e no mundo. O Brasil é responsável por 20% da produção mundial, o que é bastante relevante. No mundo, somos o principal player, tendo desenvolvido a primeira regulamentação e criado o conceito de remineralizador do ponto de vista legal. E a Embrapa Cerrados, a partir dos anos 2000, foi pioneira, junto com a Universidade de Brasília, na sistematização do tema”, destaca.

Fonte: Embrapa

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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