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5 fatos que não contaram aos “meninos da pecuária” brasileira

A supervalorização da arroba, que aconteceu entre 2020 e 2021, deixou muito boiadeiro emocionado; pecuarista conta um pouco da vida dura de quem cria gado

Por Leonardo Damaso –– Com a supervalorização do preço da arroba no ano passado, houve uma grande euforia, fazendo com que pessoas pouco entendidas do mercado pecuário pensassem que tudo envolvendo o agronegócio são mil maravilhas. A seguir, vou enumerar cinco pontos que acredito desconstruir essa idéia. Caso aprove o texto, envie para as pessoas que precisam ler isso.

1 – Dá (muito) trabalho

É vaca tendo problema de parto, ou as vezes realiza o parto e o bezerro não consegue mamar por conta própria, tendo que ser manejado. É garrote quebrando colchete e lote de gado misturando, tendo que apartar novamente. É vaca que já teve o implante retirado no D8 e precisa ser inseminada 48 horas depois, faça chuva ou faça sol. Se você pensa em criar gado e pensa que ele vai se desenvolver sem interferência humana, sugiro procurar outra atividade.

2 – Mundo paralelo das redes sociais

A maioria das fazendas não são como nos vídeos “dos meninos da pecuária”. Pastagens verdejantes, parecendo um jardim, limpos, sem nenhuma invasora. As fazendas tem moitas, bolas de mato, “curucas”. Há um custo altíssimo, e se for realizar aplicação de herbicida em toda a fazenda (principalmente grandes áreas), a atividade fica inviável.

3 – É caro para manter

É caro para manter. Soja, milho, ureia, adubo, diesel. Não adianta o valor da arroba ter explodido se os custos explodiram também, ou até maior proporção.

4 – Pecuária é a longo prazo

Pecuária é a longo prazo. É muito fácil querer entrar numa onda otimista, igual estava até julho de 2021. Ciclos vem e vão, mas, no longo prazo, o patrimônio continua aumentando.

boiadeiro tocando gado no curral
Foto: Divulgação

5 – Os verdadeiros “meninos” da pecuária

Os verdadeiros “meninos” da pecuária, que realizam os manejos da fazenda, levantando cinco da manhã para tirar o leite e, em seguida fechar a tropa para arreiar e ir para mais um dia de labuta não tem glamour algum (foto acima). Não tem vaidade, as vezes usam chapéu velho e camisas dadas pelo patrão, porque ficaram velhas. Mesmo assim, eles ficam satisfeitos, porque ganharam um “camisão” ou “blusão” novo, como costumam chamar. Às vezes, ainda separam as melhores para uma eventual festa. Ser menino da pecuária fazendo dança no tiktok é fácil, quero ver levantar de madrugada e cumprir com as obrigações debaixo de um sol escaldante, ou uma chuva congelante.

Leonardo Damaso é pecuarista, consultor, e intermedeia, mensalmente, negociações com grandes volumes de bovinos.

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