Aproveitamento de quase 100% do boi revela outro lado sustentável da pecuária

Restos bovinos viram suprimentos para várias indústrias como a farmacêutica, de cosméticos, o mercado pet food e até bicombustíveis

O complexo da produção de carne bovina no Brasil vai muito além da comercialização apenas de cortes bovinos e da exportação, é uma verdadeira cadeia com aproveitamento de cerca de 100% de todo o animal abatido, sem gerar desperdícios tanto do animal quanto do lado ambiental.

Subprodutos do animal que antes eram descartados, como miúdos não comestíveis, sangue, tendões, orelhas, entre outros, agora viram insumos para diversos segmentos da indústria.

Segundo o médico-veterinário, mestre e doutor em Tecnologia de Alimentos, Sérgio Pflanzer, ao longo dos anos a indústria ampliou a gama de subprodutos feitos a partir de restos de animais abatidos.

No Brasil, algumas grandes empresas aproveitam próximo a 100% dos animais, desde o esterco e o conteúdo digestivo, usados para produção de compostagem, fertilizantes, e biometano, até tendões, couro, miúdos, vísceras e ossos.

“Nada ou quase nada é desperdiçado, em muitos casos o aproveitamento é praticamente total”, destaca. Restos bovinos viram suprimentos para várias indústrias como a farmacêutica, de cosméticos e  o mercado pet food.

A cadeia de alimentos produzidos para pets, o mercado pet food, consome boa parte dos subprodutos como, por exemplo, chifres e cascos utilizados na produção de farinha para a fabricação de ração.

E, por mais surpreendente que pareça, a indústria farmacêutica e a de cosméticos é outro setor que absorve os restos bovinos como miúdos, sangue, tendões, orelhas, entre outras partes do animal para insumos em sua produção.

 “Algumas glândulas dos animais são usadas pela indústria farmacêutica para produção de hormônios utilizados na medicina humana”, mencionou Pflanzer.

Outras partes do animal que não são utilizadas para a alimentação humana, como ossos e gorduras, por exemplo, são insumos para a produção de ração, glicerina e sabão. Até para produzir biodiesel estão utilizando gordura animal.

Desinformação

Algo muito complicado na pecuária nacional, principalmente, é a desinformação das pessoas em geral em relação ao trabalho efetivamente realizado pela cadeia toda.  E mais do que desinformação, é a falsa ‘visão’ do trabalho realizado no setor tanto por pecuarista e produtores quanto na indústria consumidora em relação à sustentabilidade na produção de proteína animal e a respeito da importância nutricional da carne, especialmente a bovina

A carne já foi colocada como vilã devido a gordura saturada, mas isso aos poucos vem sendo desmistificado.

“Acredito que logo chegaremos a um momento de equalização das informações, e a carne vai voltar a ser vista com algo essencial para a vida humana, como exemplo o ovo e a gordura suína, antes ditas ruins, e hoje são indicadas por médicos em substituição ao óleo de soja”, ou o médico-veterinário.

Para Pflanzer, a sustentabilidade plena na pecuária brasileira é algo atingível e o setor está no caminho certo para estar em perfeita harmonia com o meio ambiente.

“Nosso papel como formador dentro da universidade é justamente explicar, com base na ciência, porque a produção de carne é importante, seja por questões nutricionais, econômicas, sociais ou ambientais”, destacou.

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