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Blonde d’Aquitaine: Tudo sobre o gigante francês

Fruto de cruzamentos naturais de três raças na França e de carcaça assombrosa, raça tem criadores adeptos no Brasil e novas raças com parte de seu sangue

A Blonde d’Aquitaine foi selecionada pela natureza através do tempo, três raças da região Sudeste de França: Garonnaise, Quercy e Blonde dês Pyrenees, da região de Aquitaine, fizeram parte de sua formação, fundiram-se e, em 1962 deram inicio à denominação da raça Blonde d’Aquitaine. Tendo os seus ancestrais sido escolhidos para trabalho de tração animal numa região como os Pirinéus, com grandes variações térmicas (-10ºC até +40ºC), relevo bastante acidentado, escassez de vegetação, solos pobres e pedregosos a raça formou-se produzindo animais de grande resistência e rusticidade, condicionantes à própria sobrevivência.

As carências nas forrageiras locais determinaram para a raça um excepcional comportamento ajustando-se a qualquer regime alimentar, com elevado índice de conversão e transmitindo esse potencial aos seus descendentes. Nessas condições adversas teve origem a raça Blonde d’Aquitaine, herdando uma enorme resistência e desenvolvimento corporal, com massa muscular abundante, comprida e arredondada (convexa), características excepcionais para uma raça destinada a pecuária de corte.

Na Europa, é a de maior crescimento e desenvolvimento da atualidade.

Por essas razões que a raça conta com criadores e adeptos em vários países da Europa, inclusive em Portugal, que conta com uma associação forte da raça. Segundo os portugueses a raça se adaptou perfeitamente às exigentes condições climáticas e a criação em regime extensivo, superando, neste contexto, as demais raças exóticas introduzidas no país.

Touro de nome PIMENTO, deu uma carcaça de 769 kg o rendimento de carne limpa 83%.

Curiosidades da raça

  • A raça é uma mistura do Garonnais de Lot-et-Garonne e o Quercy de Tarn-et-Garonne, duas raças de carne e tração semelhantes. As quais possuíam os chifres voltados para baixo.
  • Elas eram conhecidas como Garonnais de plane e Garonnais de Côteau, respectivamente em 1922, o Quercy, que tinha sangue Limousin, desde a virada do século, separou-se.
  • Existem documentos que evidenciam um considerável número de gado Garonnais vendido para a Inglaterra durante os séculos XIV e XV. Isto mostra que pode haver uma certa influência do Garonnais na grande raça South Devon.
  • O Garonnais era o tipo dominante no Herd-Book da raça Blonde d’Aquitaine, o qual também inclui algumas vacas Villard de Lans, uma raça mista de pelagem amarelada dos montes Vercors.
  • A raça também absorveu o Blonde dos Pirineus francês de Hautes-Pyrénées e Basses-Pyrénées.
vaca Blonde-d-Aquitaine com bezerro ao pe
Foto: Divulgação

Estrutura da raça Blonde d’Aquitaine

Os animais tem pescoço curto de barbela não muito acentuada, cauda pouco saliente, peito profundo e costado bastante arqueado e bem ligado com a escápula. Seu dorso horizontal, muito musculado, sendo este músculo com boa inserção na garupa, bacia ampla, larga nos trocântaros e nos isquíones.

Rústica, adapta-se a todos os climas e modelos de criação

Corpo bastante longo e bem equilibrado, ossos finos de boa qualidade. Linha superior horizontal, formando no seu todo um conjunto harmonioso. Quando fala-se em peso, as vacas adultas apresentam um peso vivo entre os 650Kg e os 950Kg, já nos machos os touros apresentam um peso vivo entre os 1000Kg e os 1500Kg.

Sua pelagem é semelhante a cor de trigo, variando do claro ao mais escuro com auréolas mais claras ao redor dos olhos e do dorso, na parte interna dos músculos, no ventre e nas canelas. A presença de manchas brancas é permitida somente até a região do umbigo e não são aceitas manchas pretas em qualquer região. Dotado de pêlo fino e curto, um pouco encaracolado na região anterior.

Foto: Divulgação

Qualidades da raça Blonde d’Aquitaine

  • Grande rusticidade e fácil adaptação;
  • Elevada Taxa de Fertilidade;
  • Precocidade sexual;
  • Facilidade de parto;
  • Boa capacidade maternal;
  • Bacia de grande dimensão com boa cobertura muscular;
  • Tronco de grande comprimento e formato cilíndrico, linha dorsal rectilínea de grande comprimento e amplitude;
  • Alto desenvolvimento muscular, dotada de um bom equilíbrio entre a estrutura óssea e o desenvolvimento muscular com alto rendimento de carcaça;
  • Excepcional cobertura muscular, tanto nos posteriores como nos anteriores;
  • Carcaça de terminação precoce. Alto rendimento de carne limpa;
  • Carne magra e carcaças compridas e arredondadas;
  • Alta capacidade de conversão alimentar;
  • Elevada percentagem de carnes nobres;
  • Velocidade de crescimento e boa conformação;
  • Animais bastante dóceis e de fácil maneio;
  • Bons cruzamentos industriais.
touro Blonde-d-Aquitaine na Austrália
Touro Blonde D’Aquitaine na Austrália / Foto: Divulgação

Associação Brasileira de Criadores de Blonde D’Aquitaine

A raça foi introduzida no país no ano de 1974, através do Estado do Rio Grande do Sul. A Associação Nacional de Criadores “Herd-Book Collares” é a entidade responsável pelo registro genealógico da raça Blonde d’Aquitaine, no Brasil, de acordo com as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A Associação Brasileira de Criadores de Blonde d’Aquitaine é a entidade promocional da raça. De conformidade com um convênio assinado entre o “Herd-Book Collares” e a ABCBA e de acordo com as normas brasileiras que regem o assunto, administradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, coube à ABCBA a responsabilidade pela promoção da raça.

O 1º registro no Brasil ocorreu em 1974, somente 12 anos depois de a raça ter sido oficializada em seu país de origem, a França, com a inscrição do macho chamado Intelligent, importado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. O interesse pelo Blonde no Brasil tem sido tão surpreendente que, no começo de dezembro de 2002, já se encontram registrados, aproximadamente 11.500 animais PO, confirmando o enorme potencial de crescimento da raça.

Vantagens do cruzamento industrial

O insuperável desempenho do touro Blonde D’Aquitaine a campo, faz dele uma preferência para a produção extensiva a baixo custo. Utilizada cada vez mais a raça pura e em cruzamento. A utilização da raça para cruzamentos é efetivo pois há um maior “vigor híbrido” (heterose), permitindo a obtenção de animais cruzados de crescimento e eficácia alimentar excepcionais.

Há registros aqui no Brasil, onde animais da raça alcançaram o média de ganho de peso de uma arroba por mês. Animais de apenas 20 meses abatidos com mais de 18 arrobas. Com números e ganhos como esses, é quase inegável o valor do cruzamento industrial da raça com o nosso Nelore. Essa mistura de sangues torna possível a produção de animais precoces, bem acabados, adaptados, rústicos e dóceis.

Entrevistado pelo programa Giro do Boi, do Canal Rural, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Blonde, Rubens Bushmann, afirma que o cruzamento industrial do Nelore com o taurino gera resultados positivos. “Este tipo de cruzamento levou o Brasil ao posto de maior país exportador de carne bovina do mundo. Hoje os frigoríficos procuram e pagam melhor quando se trata de um animal obtido través de cruzamento industrial” – garante Bushmann.

Cruzas com sangue Blonde D’Aquitaine

“Sintético Blonel: Mais que boi verde, é verde amarelo”

touro da raça blonel
Foto: Divulgação

Blonel reúne característica de alta produção de carne. O gado Blonel traz em sua genética toda a rusticidade do zebuíno Nelore e a qualidade de carne conhecida mundialmente pela raça Blonde D’Aquitaine. Com berço na exigente tradição gourmet francesa, a raça sintética Blonel foi desenvolvida no município de Pedreira, no interior paulista, na década de 90.

A busca pelo bovino de corte ideal para países de clima tropical como o Brasil, fez surgir o Blonel. De pelagem curta e clara, que se adapta perfeitamente ao calor, e de pele e cascos escuros, sinônimos de rusticidade, tanto os animais puros como seus cruzamentos possuem extrema padronização, de forma quase cilíndrica e traseiro bem musculoso, com dorso e lombo de grande espessura e elevado comprimento corporal, estruturado em ossos finos porém fortes, características que lhes conferem excepcionais rendimentos de carcaça e também de desossa, fornecendo à indústria frigorífica expressivas peças de carne saudável, macia e saborosa.

bezerro blonel - cruzamento nelore x blonde d aquitaine
Foto: Marcelo Rabinovitch

Indicado para o criador de raça pura, na produção de matrizes e touros melhoradores, ou para seu cruzamento, tanto com raças zebuínas como taurinas. Outra opção, com resultados também surpreendentes, é a sua utilização sobre os demais produtos de cruzamento, as chamadas F1, ou mesmo sobre outras raças sintéticas, obtendo-se incremento do vigor híbrido e porções equitativas de origem indiana e européia no produto final.

bezerro blonel - cruzamento nelore x blonde d aquitaine
Foto: Marcelo Rabinovitch

Araguaia: A raça que chegou para revolucionar

raça araguaia
Boi da raça araguaia em pasto de Torixoréu (MT) (Foto: Thinkstock)

Pecuaristas da divisa dos estados de Goiás e Mato Grosso desenvolveram uma nova raça de gado de corte, a Araguaia, que carrega características genéticas dos touros Blond D’Aquitaine, Caracu e Nelore. Os animais são criados com alimentação baseada, prioritariamente, em pastagem de replantio.

Do Blonde D’aquitaine, a Raça Araguaia herdou a musculatura forte e a pelagem clara, o que ajuda a minimizar a sensação térmica do calor. O Araguaia tem porte mediano, pele escura e pelos curtos e claros, o que ajuda a se adaptar bem ao calor da região. O animal também é dócil, rústico e tem extraordinária habilidade materna que, na prática, significa que as fêmeas produzem bastante leite e os bezerros desmamam bem mais pesados. Enquanto um bezerro nelore, de cinco meses e meio, pesa 185 quilos, um Araguaia, da mesma idade, pesa 275 quilos.

Adaptado de: Associação Portuguesa Blonde d’Aquitaine, Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares, Canal Rural, Blonel e Revista Melhore

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