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Boi gordo: futuro do mercado e mercado futuro

O preço do boi gordo resulta da interação entre oferta e demanda, esta última com seus dois componentes: exportação e mercado doméstico.

Em um cenário de incerteza com a disseminação do coronavirus e seus impactos efetivos na economia global, o cenário de demanda por carne bovina ficou bem mais turvo do que no início do ano. Não necessariamente pior, mas é algo a ser acompanhado de perto.

O preço do boi gordo (assim como de praticamente qualquer coisa que não tenha o mercado regulado) resulta da interação entre oferta e demanda, esta última com seus dois componentes: exportação e mercado doméstico.

A exportação, por sua vez, depende da demanda dos compradores e do câmbio. O câmbio é influenciado pela taxa de juros, que também repercute no aquecimento da economia (consumo).

No mercado doméstico, em função do efeito da elasticidade-renda da demanda por carne, vai responder à evolução da recuperação da economia, que deve ocorrer, e por aí vai.

Na atual conjuntura, este preâmbulo tem por objetivo ressaltar que, atualmente, temos uma quantidade especialmente grande de variáveis na mesa.

Cenário do mercado futuro

Para cenários de preços, com base nas fases do ciclo pecuário, fizemos uma análise das oscilações da cotação do boi gordo em anos de retenção e em anos de descarte de matrizes.

Consideramos janeiro de cada ano como base 100 e as variações a partir daí. Veja a figura 1.

Consideramos anos de descarte aqueles nos quais a participação de fêmeas foi maior que no mesmo período do ano anterior, usando os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Usamos os primeiros nove meses do ano para toda a série para comparação com os dados de 2019 disponíveis até a elaboração desta análise.

FIGURA 1. Movimentação média de preços do boi gordo em anos de retenção, descarte de matrizes e em geral, desde 2000, considerando janeiro de cada ano como base 100.

Fonte: Scot Consultoria

Tomando outubro como exemplo, em anos de retenção o preço foi 12,8% maior que em janeiro (112,8). Na média dos anos de descarte, com o aumento da participação de fêmeas nos abates, o preço em outubro foi 2,6% maior que em janeiro. Na média de todos os anos do período (retenção e descarte), em outubro o valor foi 7,7% maior que em janeiro.

A própria pressão de final de safra, fica mais amena na média dos anos de retenção. Como na média dos anos os maiores volumes de fêmeas são vendidos em março e maio, em momentos com menor peso destas categorias nos abates, o mercado sente menos o aumento da oferta de final de safra.

Cenário de preços futuros

A partir das variações apresentadas, fizemos a evolução dos preços, frente à média de janeiro de 2020. Ou seja, projetamos, a partir do começo do ano, o que seriam as evoluções médias nos três cenários. Os resultados estão na figura 2. Em fevereiro, cenário já ocorrido no mercado físico, e os futuros até julho, estão positivos frente à média histórica de variações em anos de retenção. Os preços futuros em agosto e setembro, na manhã de 3/3, estavam alinhados à média dos anos de retenção, enquanto o preço futuro de outubro estava abaixo.

FIGURA 2. Simulação de preços com base nos valores de janeiro e cenários médios de retenção e descarte de fêmeas, assim como maior queda e maior alta para o mês, frente a janeiro.

Fonte: Scot Consultoria

Aqui cabe a ressalva que alguns dos contratos estavam sem negócios há dias, o caso de agosto e setembro, enquanto para novembro e dezembro não havia contratos abertos no momento da elaboração desta análise.

Um ponto importante de ser destacado é que as projeções apresentadas são as médias destes anos, houve anos de retenção com altas maiores e de descarte com quedas maiores.

Para exemplificar, considerando as variações máximas dos anos de retenção, teríamos outubro e novembro em R$251,32/@ e R$283,90/@, à vista, respectivamente. Da mesma forma, nas piores quedas em anos de descarte, teríamos outubro e novembro em R$178,95/@ e R$180,59/@. Estas mais expressivas dos dois grupos de anos estão na tabela 1.

TABELA 1. Simulação de preços com base nos valores de janeiro e cenários médios de retenção e descarte de fêmeas, assim como maior queda e maior alta para o mês, frente a janeiro.

Fonte: Scot Consultoria

Conclusões

Na comparação histórica, o mercado futuro está precificando movimento próximo à média dos anos de retenção.

Sair do risco de mercado é a indicação de todos os anos, ainda mais com a quantidade de eventos que já estão ocorrendo ou já no radar. Isso para ficar só no cenário vislumbrado, sem entrar no mérito que o imprevisível ocorre, por definição, de surpresa, e pode ocorrer a qualquer momento (o tal do cisne negro).

Da mesma forma, podemos ter uma retomada súbita do consumo chinês com busca por boiadas e um reforço ao mercado, em ano de provável retenção de fêmeas e de eleições.

Travar preços mínimos, continua uma boa estratégia, quando aparecem as possibilidades.

Fonte: Scot Consultoria

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