Calor excessivo prejudica produção de leite de búfalas no Vale do Ribeira (SP)

Apesar de serem mais rústicos, os bubalinos sofrem mais que os bovinos quando o assunto é estresse térmico.

Os verões cada vez mais quentes, a exemplo do previsto para a temporada 2023/24, têm comprometido a taxa de prenhez do rebanho de búfalas de produtores do Vale do Ribeira, região localizada no litoral de São Paulo.

De acordo com o pesquisador científico do Instituto de Zootecnia do Estado Nelcio Antonio Tonizza de Carvalho, a resposta dos animais aos protocolos de inseminação tem caído desde 2017, com os termômetros marcando temperaturas acima dos 40ºC no pico da estação.

“A gente está tendo picos de 45ºC aqui no verão. Isso para reprodução é terrível. É algo que em gado holandês já é muito conhecida, mas que em búfalo vem tendo o mesmo problema com taxas de prenhez muito baixas no verão por causa do estresse térmico”, explica Tonizza.

Apesar de serem mais rústicos, ele destaca que os bubalinos sofrem mais que os bovinos quando o assunto é estresse térmico devido às suas características físicas, dentre elas o pelo escuro e o menor número de glândulas sudoríparas. “Por isso estão sempre dentro da água, que é uma forma deles dissiparem o calor”, pontua.

Desde 2001, o Instituto adota um protocolo de inseminação específico para as estações mais quentes do ano, garantindo maior regularidade na cria e na produção de leite de búfalas entre os produtores do Vale do Ribeira. “Mas mesmo tendo esse protocolo e sabendo que ele funciona, temos tido problema reprodutivo”, ressalta o pesquisador.

De acordo com Tonizza, o problema tem sido observado apenas entre as búfalas adultas, que são mais suscetíveis a estresse térmico. Nesse grupo, as taxas de prenhez que outrora eram de 50% a 60% caíram para 30% a 40% atualmente. Já entre as novilhas, que sofrem menos com altas temperaturas, os percentuais continuam dentro da média.

“Não é nada científico, é observação de campo, mas como as vacas vêm emprenhando menos e as novilhas não, a gente credita esse resultado ao estresse térmico”, explica o especialista.

Com a reprodução concentrada em apenas uma época do ano, a produção de leite de búfalas na região também fica comprometida. Tonizza conta que dos oito milhões de litros captados por um laticínio local acompanhado pelo Instituto no ano passado, 80% ficou concentrado entre abril e setembro.

“Para o laticínio isso é terrível. Tem que congelar a massa, o queijo e, dependendo do tipo de queijo que ele está trabalhando, ele não consegue fazer isso. Aí o consumidor quer o produto, mas não tem no mercado. É muito complicado”, completa o pesquisador.

Com 54 mil bubalinos, o Vale do Ribeira concentra o maior rebanho de búfalos do Estado. Ao todo, são cerca de 600 propriedades com uma média de 100 animais cada uma.

Fonte: Globo Rural

ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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