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Carne ficará mais cara após a retomada da China

Com fim do embargo, efeito sobre os valores domésticos tende a ser praticamente imediato, enquanto escoamento de produto já estocado pode levar mais de um mês.

A liberação das exportações de carne bovina brasileira para a China após mais de 100 dias de suspensão exigirá um intenso trabalho logístico da indústria frigorífica e do Ministério da Agricultura (Mapa) para escoar os estoques mantidos desde setembro. O processo, que envolve a certificação e o embarque em contêineres refrigerados, pode levar de 20 a 40 dias, a depender do volume.

“A partir de agora, os frigoríficos estão trabalhando para dar vazão àquela carne que estava estocada e já tinha sido abatido nos padrões de importação da China. Então, primeiro o frigorifico vai dar vazão para esse produto que estava parado para depois pensar em produzir mais carne destinada ao mercado chinês”, explica o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias.

Ele destaca, no entanto, que a liberação tem um “efeito psicológico” sobre o mercado, que já deve refletir nos preços da arroba do boi gordo. “Essa retomada da China é uma notícia importante do ponto de vista da demanda, que pode entrar em 2022 com um ambiente mais otimista. Se fosse depender só do mercado interno, realmente não teria força para a arroba experimentar movimentos de alta. Agora, só essa notícia da China, isso já gera um efeito psicológico positivo no mercado”, completa Iglesias.

Nos supermercados, o efeito também deve ser imediato imediato, de acordo com avaliação feita pelo especialista em direito Econômico Internacional, Emanuel Pessoa.

“Por mais que se leve um tempo para que essa carne seja efetivamente exportada, o fato é que as negociações já se iniciaram. Então o preço já reflete de imediato. E além disso, o mercado funciona muito baseado nas expectativas. Então, se o dono do boi sabe que o preço vai ficar mais alto, ele já se antecipa e aumenta o preço para o mercado doméstico”.

A previsão da Safras & Mercado é de que o volume das exportações se recupere da forte queda observada durante o embargo chinês, mas em patamares inferiores ao registrado em 2020 e início deste ano.

“A impressão que a gente tem é que realmente a China está trabalhando em prol da sua suinocultura para depender menos de importação e isso é muito importante da gente mencionar, porque quer dizer que aquele boom de exportação de 2020 e 2021 está no final”, destaca Fernando Iglesias. “Para se ter ideia, o desempenho das exportações de carne suína tem piorado bastante nas últimas semanas e outros players do setor carnes enfrentam dificuldades com a China”, ressalta o analista.

De acordo com o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), a suspensão das exportações para a China gerou um prejuízo de US$ 762,3 milhões ao setor entre os meses de outubro e novembro deste ano.

O sócio especialista em agronegócios do Santos Neto Advogados, Frederico Favacho, avalia que a recuperação das exportações brasileiras de carne para o país será gradual. “Provavelmente, a gente vai ter um começo de ano com mais tráfego e um pouco mais de espera”, destaca, ao lembrar da crise logística internacional e da dificuldade para obter contêineres refrigerados. 

“A gente ainda vai ter que estudar as razões e as consequências desse embargo. Porque, de fato, ele foi mais duro do que era necessário”, comenta. Para Frederico Favacho, toda essa situação pode ter servido de alerta. Além de questões de mercado, a demora da China em liberar de novo as importações de carne brasileira pode estar ligada também a fatores políticos.

“Eu acho que houve sim um elemento político, uma mensagem da China lembrando sempre que ela é nosso parceiro comercial mais importante e que ela espera ser tratada coerentemente com a posição que ela tem nas nossas relações internacionais”, avalia. 

“Há uma perspectiva de que, no futuro, a China diversifique mais. Então isso tem que servir de alerta ao Brasil de que é preciso realmente ficar atento a essa dependência que a gente tem da China como nosso maior parceiro comercial. Isso serve principalmente para carnes, mas também para outras commodities agrícolas como a soja”, completa.

Com informações do Globo Rural

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