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Casca de soja na dieta de bovinos, veja como usar!

A utilização da casca de soja na formulação de ração para bovinos é uma excelente alternativa para baratear o custo da dieta. Confira as dicas e considerações!

Por Marisa Helena de Jesus*

Características Tecnológicas

Cada vez mais tem-se estudado a utilização de subprodutos da agricultura como alternativas para substituir os grãos na dieta bovina visando reduzir os custos de produção e, com isso, escapando da concorrência com a utilização de insumos da alimentação humana. O Brasil atualmente ocupa o segundo lugar mundial na produção de grãos, tendo alcançado na safra de 2019/2020 uma produção de 121,09 milhões de toneladas (Conab, 2020).

casca de soja é a parte externa do grão, obtida após o processamento industrial de extração do óleo, e vem ganhando destaque no cenário nacional devido à crescente produção brasileira. É também conhecida como casquinha de soja, e comercializada na forma de casca ou casca peletizada. Considerando as características nutricionais, a casca de soja é classificada como coproduto energético (< 20% PB), possui perfil nutricional que permite substituir os grãos mais utilizados na produção animal, como o milho e sorgo. Desta forma, a adição do subproduto na ração visa aumentar o consumo de energia e, ao mesmo tempo, manter o consumo de fibra potencialmente digestível presente em sua estrutura.

Nutrição animal

O uso da casca de soja em ração para alimentação animal em pastejo tem se mostrado bastante interesse por parte dos produtores. Devido à importância da cultura da soja no agronegócio nacional e ao volume de material processado diariamente, ela surge como um resíduo agroindustrial competitivo para ser utilizado na alimentação bovina. Tem sido alvo de diversos estudos, com a finalidade de verificar o seu benefício sobre o desempenho animal (produção e consumo de matéria seca, composição do leite, ganho de peso e conversão alimentar), digestibilidade dos nutrientes, parâmetros ruminais, atividade de mastigação, bem como a sua relação com a degradabilidade ruminal da fibra oriunda de forragens.

Com relação à composição química, a casca de soja possui alto teor de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), mas baixa quantidade de lignina (em torno de 2%), o que pode resultar em uma digestibilidade in vitro de mais de 90%.

A casca de soja pura (livre da contaminação do farelo de soja durante o processamento) deve conter em torno de 9,4% de proteína bruta (PB) e 74% de FDN na matéria seca (MS), sendo 46% composta de celulose e 18% de hemicelulose. Além de possuir uma boa palatabilidade, proporciona um efeito positivo associativo quando incluída em dietas de alta proporção de forragem (mais que 50%), pois promove a manutenção do pH ruminal e a diminuição da degradação da fibra alimentar.

A casca de soja contém entre 60 a 66% de FDN, conferindo-lhe alta digestibilidade. O teor de amido é baixo, entre 0 a 9,4% (média de 3,6%), e os teores médios de pectina têm se situado em torno de 12,8% da MS. O teor de proteína bruta da casca é pouco superior ao do milho, entre 10,7 a 13,9% da MS.

O fornecimento de maiores quantidades de energia em dieta animal normalmente é feito pela inclusão de cereais ricos em amido, principalmente o milho. Além de ser altamente digestível, o amido favorece a formação de um ácido orgânico no rúmen, o propionato, que está associado com maior volume de leite produzido.

Benefícios da casca de soja

A casca de soja pode substituir até 25% da alimentação animal, desde que a dieta obedeça a níveis adequados de fibra efetiva. Caso a substituição seja maior do que a indicada, isto pode promover maior acidificação do rúmen (pela menor produção saliva) e acarretar redução de consumo pelas vacas. 

A utilização da casquinha de soja pode ser uma estratégia bastante interessante na formulação de dietas de vacas leiteiras, pela possibilidade de redução de custos pela substituição parcial ou para o aumento da densidade energética das dietas. Entretanto, é recomendável que os limites de inclusão apresentados pela literatura científica sejam respeitados de forma a evitar problemas associados à produtividade e saúde das vacas.

Alguns pesquisadores americanos relataram que, de modo geral, a substituição parcial do milho na dieta de vacas confinadas por casca de soja não afetou o consumo de MS, a produção de leite e o teor de gordura do leite. Entretanto, há diversos trabalhos onde foi observada redução no teor de proteína do leite com a substituição parcial do milho por casquinha.

A proteína da casca de soja apresenta um perfil de aminoácidos adequado para suprir as necessidades proteicas de uma dieta de qualidade. Revela-se, que o uso do resíduo de soja é indicado na formulação de alimentos visando o aumento do valor nutricional e possível redução nos custos de produção em relação ao produto tradicional.

Principalmente para aquelas formulação de dietas em confinamento, nas quais reduz os gastos com alimentação e promove aumento da margem bruta em comparação à dieta formulada com apenas ingredientes energéticos.

Redução dos impactos ambientais

Com o crescimento acelerado da população, as indústrias também tiveram que expandir sua produção de forma a atender a demanda existente, e com isso, há um aumento considerável de problemas ambientais, como a geração de resíduos e outros relacionados à industrialização.

O resíduo de casca de soja é considerado fonte de carboidratos, minerais, fibras e proteína, apresentam vantagens como menor teor energético e lipídios em relação ao grão integral, constituindo uma matéria-prima de qualidade nutricional.

* Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde, Goiás, Brasil

Fonte: Milk Point

Referências

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